Os bons escritos merecem de nós toda sorte de loas, hinos e reverências. Por isso, eu gostaria de afirmar em alto e bom som que não desejo nada dos outros, mas se um dia quiserem me dar algo, lembrem-se dos bons e velhos livros. Os livros causam fascínio em mim. Gosto de olhá-los na estante e senti-los meus, gosto de olhá-los e vê-los arrumadinhos e colorindo o ambiente.
Nunca cobicei fortuna alheia, nem jamais pensei em herança que alguém pudesse deixar para mim. No entanto, se algum parente, amigo ou conhecido tiver a caridade de lembrar-se de mim no leito de morte (ou em qualquer instante), que me deixem livros, que me presenteiem livros, que me dêem livros, um monte deles.
Livros que não tenho. Livros que já li. Livros que procuro. Livros que já desisti de achar. Eles são seres vivos: paridos. Eu acredito piamente nisso.
Antes de iniciar uma leitura de um livro há todo um ritual que antecede o ato, que vai desde tocá-lo e sentir o seu cheiro, até os pormenores que para muitos são insignificantes: observar e ler a capa, contracapa, sumário, pré e pósfácio, etc.
Sempre estou rodeado deles. Toda vez antes de dormir na minha enorme cama eles estão por lá me fazendo companhia. Noites solitárias ou frias; noites calmas ou quentes. É uma grata presença ao lado, em cima ou embaixo da cama ou do travesseiro. Eles estão sempre a me espreitar faceiros!
Bendito seja o povo que reuniu pela primeira vez seus escritos, suas sapiências, num papiro ou num volume, imitando o que seria futuramente com Gutenberg, uma brochura, um calhamaço, um livreto... Talvez O Livro dos Mortos dos egípcios? Quem sabe Os Vedas dos hindus? Ou um pedaço de couro de carneiro rabiscado e perdido na região dos Sumérios? Seja lá qual a nação que detenha essa fantástica descoberta, que tenha sido festejada e merecedora dessa tentativa e logro.
Pois, para mim, ao abrir as páginas de um livro, sei que estou abrindo o principiar de uma nova existência que vou viver por deliciosos e verdadeiros momentos. Há todo um respeito da minha parte nisso.
Vejamos um exemplo concreto: uma bela donzela tentadora deitada no ninho de amor à espera do seu homem. Acaso esse varão deverá agir de forma abrupta desvirginando sonhadora moça em leito de prazer? Penso que não. O que faria então esse distinto e privilegiado cavalheiro? Mansa e suavemente se deitaria ao lado de esplêndida jovem, trocaria carícias desconcertantes, sentiria os odores selváticos que o envolve. Delicadamente se despiria e, só assim, ao som do crepitar das chamas de velas e estalar de doces beijos, entregar-se-ia à sordidez da primeira vez (nunca a última!) em intimidade reconfortante.
Assim é o ato de ler um livro, qualquer um. O livro é a donzela tentadora e vaporosa que espera o seu homem e merece carinho na primeira vez – não somente na primeira como em todas, pois jamais encontrei ex-leitores ou ex-amantes! O cavalheiro boníssimo que deflorará bonita rapariga são os leitores: os vorazes devoradores da intimidade alheia, mas com respeito e galhardia.
Ah! E como tem sido escandalosamente inebriante encontrar, às vezes, jovens rebeldes e desvirginadas na alcova e descarados senhores da vida alheia...
Gustavo Atallah Haun - Professor.
Fantástico Blog, poderoso irmão ! Meu email é olavograngeiro@hotmail.com, depois me manda algumas sugestões de temas pra eu produzir.
ResponderExcluirrs
ResponderExcluirMuito bom,meus parabéns.Vou continuar lendo seus textos.
Que blog poderoso! Muito útil e simplesmente fantástico!
ResponderExcluirAmeiiiiiiiiii '' Por isso, eu gostaria de afirmar em alto e bom som que não desejo nada dos outros, mas se um dia quiserem me dar algo, lembrem-se dos bons e velhos livros. Os livros causam fascínio em mim. Gosto de olhá-los na estante e senti-los meus, gosto de olhá-los e vê-los arrumadinhos e colorindo o ambiente.''
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