terça-feira, 9 de outubro de 2012

É A VEZ DA CLASSE MÉDIA!



Quem ainda acha que é pobre que elege está totalmente equivocado. A verdade é que, a partir de agora, quem quiser disputar cargo político vai ter que agradar é a Classe Média.
Com uma importante agenda de políticas públicas, de distribuição de renda e de assistência social, ninguém imaginava que um semianalfabeto como Lula fizesse essa revolução: elevar 35 milhões de pessoas das classes mais baixas para cima.
E, hoje, o que se vive não é mais uma pirâmide que marcava as ordens socioeconômicas do país, está mais para um losango, com um inchaço no meio, no miolo.
O problema, para os politiqueiros de botequim, é que a Classe Média é mais estudada, mais ‘experta’ e mais interessada nas questões políticas, porque sabe que atua diretamente em sua vida, em sua família, em sua rua, em seu bairro, em sua cidade...
O miserável que passa fome e ganha um eternit, um saco de cimento, um dinheirinho para votar, cai no engodo da pseuda-assistência. Está na desgraça mesmo, o que vier é lucro. Embora essa seja uma mentalidade infeliz de terceiromundistas, que urge mudança!
Mas o sujeito que passa um tempo maior na escola, que trabalha e paga impostos, que lê jornal ou sites informativos, vê noticiário, mesmo que pouco, ou seja, um sujeito normal, dentro do padrão dito “médio”, é mais difícil de ser “engabelado”, “iludido”, “cair na armadilha”.
Cada vez mais o eleitorado vai querer saber a vida do (a) cidadão (ã) que quer se eleger. A sua biografia vai estar diretamente ligada ao processo sucessório das cidades, estados ou nação.
Isso acontece muito por conta da fragmentação dos próprios partidos políticos – muitos nanicos de mera conveniência, sem nenhuma história e ideologia –, agora sem mais bandeiras da Direita e da Esquerda, aí o povo “médio” vota no Homem, no Ser, no Ente que mais se adeque às necessidades coletivas.
Foi o que se viu em Itabuna e em muitas cidades do interior do estado. Um simples reflexo do que aconteceu nas eleições majoritárias para presidente há seis e dois anos.
Quem doravante quiser se elejer, independente da cor, sexo, religião ou partido, apresente projetos concretos, história de luta e honradez, trabalho real de base, interesse em solucionar os problemas dos mais carentes. Do contrário, com demagogia, pulinhos e corridinhas, não vai dar mais!
* Gustavo Atallah Haun é professor, formado em Letras, UESC, e ministra aula em Itabuna e região. Escreve para jornais de Itabuna, Ilhéus e para oblogderedacao.blogspot.com (g_a_haun@hotmail.com). É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.

3 comentários:

  1. Acho que é bom analisar também alguns elementos que apontam para uma conclusão oposta à apresentada no texto. O Governo do PT foi responsável por uma intensificação no processo de privatização do ensino superior com políticas como o FIES e o PROUNI. O REUNI, por sua vez, é um programa de expansão precarizada das universidades federais que teve como reação diversas mobilizações de professores e alunos em todo o país, a exemplo da grande greve deste ano.
    A classe média tem, de fato, maior acesso a informações, mas isso não significa que essa esteja livre de ser eleitoralmente influenciada pelo aparato dos meios de comunicação que são controlados pelos “coronéis” de nosso tempo. Não significa que essa suposta “nova classe média brasileira” esteja livre da influencia de um sistema eleitoral antidemocrático que garante que alguns candidatos tenham muito mais tempo de TV e radio na propaganda eleitoral que outros, e que não garante a todos o direito de participar dos debates realizados pelas emissoras de TV.
    Outro fator que deve ser observado é a influencia do pensamento individualista que leva muitas pessoas de todas as classes a enxergar a política como meio de enriquecer ou de obter certos privilégios apoiando o candidato que “tem maior chance de ganhar”. Assim como a imensa diferença na quantia de dinheiro que é investido nas campanhas. Há também um alto número de pessoas que trabalham para a prefeitura em cargos de indicação, que votam e fazem campanha para seu “padrinho” político. Isso sem falar nos analfabetos e analfabetos funcionais que representam uma parcela significativa da população brasileira, sobretudo em nossa região e cidade.
    Acredito esse negócio de votar na pessoa desconsiderando o partido que ele faz parte é errado. Se o sujeito faz parte de um partido é porque ele comunga com as ideias e práticas daquele grupo político. Caso ele seja eleito o partido terá grande influencia sobre seu governo. E na maioria dos casos quem governa é o próprio partido. É preciso também ter critérios bem definidos para, ao menos de forma aproximada, saber distinguir projetos concretos de falsas promessas. Penso que um desses critérios é o conhecimento sobre o partido ao qual o candidato é filiado.

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  2. “O Radar, Social, estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) confirma que 1% dos brasileiros (1,9 milhão de pessoas) detém uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50% mais pobres (96,5 milhões de pessoas). Isso mesmo depois de 8 anos do governo Lula, 1% da população, os verdadeiramente muito ricos, possuem uma renda igual a de metade do povo brasileiro.”
    Valério Arcary, UM REFORMISMO QUASE SEM REFORMAS Uma crítica marxista do governo Lula em defesa da revolução brasileira. Editora: José Luis e Rosa Sundermann

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  3. É interessante notar que de acordo com o critério utilizado pelo governo quem tem uma renda familiar per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 é considerado pertencente à classe média. Seguindo essa lógica quem vive com um salário mínimo R$ 622,00 é dessa classe. Já o professor da educação básica que têm direito a receber, como piso nacional, R$ 1.451 pertence a classe alta. Não obstante o salário mínimo calculado pelo DIEESE seria de R$ 2.616, levando em consideração as necessidades básicas de duas crianças e dois adultos. Enfim, o critério utilizado pelo governo para a classificação da renda é muito questionável, ao se utilizá-lo até o Haiti seria considerado um país de classe média.

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