Com a chegada
das festas juninas podemos ver o quanto as festas folclóricas tradicionais
estão voltadas a um mercado consumidor, notadamente de turistas que procuram o
interior para tentarem viver o que não conseguem trancafiados nos seus
apartamentos, ou nas suas casas blindadas, e no moderno corre-corre da vida videofinanceira
computadorizada.
A tão
esperada festa de São João, com suas comidas, danças e peculiaridades típicas
estão dando espaço às megaproduções particulares, fechadas em fazendas ou
parques de exposições, pagando-se um alto custo pela camisa que dá direito a
adentrar e participar da mesma. Já não há mais aquela ingenuidade do interior,
onde se armavam as fogueiras nas roças ou nas portas das casas e, numa roda de
amigos, bebiam licor e quentão até o dia raiar. Até tentam imitar isso, mas
está longe daquela imagem bucólica e cultural de antes.
É a
transformação própria impressa pelo capital, assim como as festas de carnaval,
natal e outras datas comemorativas, tão modificadas ao longo dos anos. Na festa
natalina, por exemplo, o que menos se comemora é o nascimento de Jesus. O bom e
velho Papai Noel, importado dos países nórdicos europeus, tomou o lugar de o
Messias, fazendo uma particularização indevida que leva a todos ao consumismo
exacerbado de presentes e guloseimas sem nexo.
Sempre em
conversas edificantes com o mestre Ruy Póvoas aprendi que existe uma mistificação
nada respeitosa aos ritos do candomblé. O lindíssimo Balé Folclórico da Bahia,
sediado em Salvador, ajuda a propagar essa ideia, mostrando para os visitantes,
na sua maioria estrangeiros, algumas danças, músicas e orixás da religião
afro-descendente. O professor se mostra indignado quando uma professora ou
artista desavisada telefona pedindo emprestado as roupas e os paramentos dos
orixás da sua religião, para uma apresentação. Por que não fazem isso com o
Catolicismo, ou com o Espiritismo, ou com o Budismo?, questiona o babalorixá.
Querem transformar a religião, os mitos, as crenças vindas de África em um
pseudo-folclore, em diversão para os olhos alheios.
O antigo entrudo
e os carnavais vienenses, festas pagãs que vieram para o Brasil através do
branco europeu, disseminada aqui por todos os cantos e que se moldou ao nosso
carnaval de baile, de rua e de sambódromo, hoje não passa de uma excrescência
voyeur dos que lá frequentam, voluptuosa e devidamente paga com o sexo e a
desestrutura íntima da multidão, sociologicamente falando. Também não deixou de
ser uma festa capitalista. Os boxes de vendas de produtos, as empresas que
montam a infraestrutura da mesma, os blocos de carnaval, os camarotes, o alto
preço das fantasias e os super cachês das bandas acabaram por findar a
molecagem ingênua dos meses de fevereiro.
Isso para não
falar dos Dias das Mães, dos Pais, dos Namorados e das Crianças. Sem mesmo
deixar de citar a quaresma que desemboca na Páscoa. Esta uma das mais infelizes
de todas, visto que é mentirosa e ludibria a população há séculos. O ato de
comer peixe na sexta-feira da paixão é uma vergonha, quando na verdade
deveríamos era nos tornar puros de alma, de coração, e não de estômago. Só para
lembrar, Hitler era vegetariano e o boníssimo Chico Xavier um carnívoro... Todos
sabem (e fingem não saber!) da história de que o preço dos peixes estava caindo
e que colocaram esse dogma para que na época da escassez pudéssemos comprá-los.
De gaiatos aí entraram o chocolate (ovo da Páscoa) e o coelho. Para quem ainda
duvida, uma passagem bíblica do Mestre dos mestres resolve o problema: “não importa o que entra na boca do homem e,
sim, o que sai dela!”
É dessa forma
que tudo vai se transformando em lucro, em propina, em servilismo, em
desigualdade social. Quando na verdade deveríamos viver as tradições e a
cultura herdadas (desculpem a redundância!) de forma ingênua, pura, simples e
inofensiva, principalmente para não deixá-las morrer. Onde está o
bumba-meu-boi? O congo? O baile dos mascarados? Cadê o lança-perfume, os
confetes e as serpentinas? Para que lugar migraram a fogueira, o quentão e as verdadeiras
quadrilhas juninas, ao som de azabumba, triângulo e acordeom?
Sinto pelas
crianças que não poderão aproveitar o que vivenciamos, saberão por livros e
fotografias perdidos no tempo e no espaço, empoeirados do que foi um dia. E
sinto sinceramente pelos idosos que mantiveram a intensidade dessa fase áurea
das tradições culturais, ajudando para que elas permanecessem entre nós.
Em relação ao
São João, agora só resta puxar pela memória e tentar arrastar os pés imaginários
ao som do mestre Gonzagão nos terreiros de outrora, sim, porque nem essa música
dita forró-lambadeiro elétrico ajuda.
Gustavo Atallah Haun - Professor.
Olá Multiplicador Gustavo, felicidades para toda sua casa!
ResponderExcluirDia 05/07 estamos completando um ano de atividades. Vou confessar que não é nada fácil ter que organizar todas as postagens constantemente, atender inúmeros pedidos em off, porém fazemos com muito carinho e procuramos fazer o nosso melhor da forma que é possível para nós, em virtude de tempo e cansado do trabalho.
No momento estamos de férias do trabalho e, para aproveitar esse tempo extra (as férias) queremos pedir a você em especial que convide outros educadores para conhecer o Projeto Educadores Multiplicadores. Assim nossa festa no dia 05/07 será ainda mais abrilhantada. Vamos alargar nossas fronteiras! Todos pela Educação!
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A parceria é exclusiva para blogs de Educadores/Professores que escrevem conteúdos ligados diretamente à Educação.
Por de falta de tempo, pedimos desculpas pela demora em lhe visitar.
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Abraços, fiquemos na Paz de Deus e até breve.
Atenciosamente,
IRIVAN