OCDE: Brasil é o país com
menor gasto por aluno no ensino médio entre 32 nações
Entidade reúne predominantemente países
do mundo desenvolvido
Publicado:25/06/13 - 7h00
Atualizado:25/06/13 - 10h51
BRASÍLIA — O Brasil
é o país com menor gasto por aluno nas escolas de ensino médio entre 32 nações
com dados analisados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), entidade que reúne predominantemente países do mundo
desenvolvido. O balanço faz parte do relatório Education at a Glance (Panorama
da Educação) de 2013, que será lançado nesta terça-feira pela OCDE.
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O documento destaca que o investimento público brasileiro em educação
cresceu significativamente na última década, passando de 3,5% para 5,6% do
Produto Interno Bruto (PIB, a soma de riquezas e serviços produzidos no país,
num ano), entre 2000 e 2010. Ainda assim, o nível do gasto nacional permanecia
abaixo da média da OCDE, que era de 6,3% do PIB. Do total de despesas públicas
com todas as áreas de governo, o Brasil aparece como o terceiro país que mais
destinou verbas ao ensino (18,1%), atrás somente de México e Nova Zelândia e à
frente de nações como Chile, Coreia do Sul, Suíça, Dinamarca e Austrália.
O que agrava a situação do Brasil é que o país tem uma dívida
educacional histórica, que se traduz em níveis mais baixos de escolarização e
patamares mais elevados de repetência, evasão e analfabetismo. Ou seja, além
das despesas com a atual geração matriculada nas escolas, há um gasto a mais
com quem já deveria ter concluído o ensino básico e não o fez na idade
prevista.
Não à toa, o projeto de lei que está para ser votado no Senado,
instituindo o Plano Nacional de Educação, com metas de melhoria do ensino para
os próximos dez anos, propõe elevar o investimento público no setor para 10% do
PIB. Para o governo, a nova regra, se aprovada, só será viável se os royalties
do petróleo forem canalizados para a educação.
Em 2010, a despesa por estudante na rede pública brasileira de ensino
médio foi de US$ 2.148, quase a metade do dispêndio da Argentina (US$ 4.202) e
um quinto do que Espanha, Reino Unido, Suécia e Japão gastaram por aluno no ano
(cerca de US$ 10.000). Os valores em dólar foram ajustados pelo poder de
compra, de modo a permitir a comparação internacional.
O Brasil também aparece na lanterna do gasto por criança na faixa de 3
anos ou mais, considerando as matrículas em creches e pré-escolas. Somados
todos os níveis de ensino, inclusive o universitário e as verbas de pesquisa, o
investimento médio por aluno brasileiro é o penúltimo mais baixo do ranking -
US$ 3.067 - , acima apenas do registrado pelo México, que ficou em último
lugar, com US$ 2.993. Os Estados Unidos lideram com US$ 15.171. A média dos
países da OCDE ficou em US$ 9.313.
O balanço considera informações de 2009 a 2011. No caso do Brasil, os
dados são de 2010 e dizem respeito apenas à rede pública. O mesmo vale para
outros nove dos 32 países, entre eles, Argentina, Polônia, Itália, Hungria e
Suíça. Se o cálculo levasse em conta as despesas da rede privada, a tendência é
que o gasto médio por aluno no Brasil subisse, pelo menos no que diz respeito às
escolas de educação básica.
- O Brasil fez muito progresso. Poucos países conseguiram avançar tanto.
Mas ainda há um longo caminho pela frente e muito pode e deve ser feito para
melhorar a qualidade do ensino. É aquela imagem do copo meio cheio, meio vazio.
O atual nível de investimento não é suficiente para que o Brasil vire um país
de alta performance educacional. Agora, se mantiver a rota, chegará lá - disse
ao GLOBO o diretor assistente para Educação e Habilidades da OCDE, Andreas
Schleicher.
O relatório mostra que quase um em cada cinco brasileiros na faixa de 15
a 29 anos não estudavam nem trabalhavam em 2011, o que equivale a um percentual
de 19,3% da população nessa faixa etária. Esses jovens constituem a chamada
geração nem-nem (que não trabalha nem estuda). De acordo com a OCDE, o índice
brasileiro ficou estagnado no período de 2008 a 2011. Nos países da OCDE,
contudo, o percentual de jovens "nem-nem" cresceu dois pontos
percentuais, atingindo a marca de 16% em 2011.
O Education at a Glance mostra também que o acesso à educação vem
crescendo no Brasil. Enquanto apenas 26% dos brasileiros de 55 a 64 anos
concluíram o ensino médio, esse índice alcança 57% da população mais jovem, na
faixa de 25 a 34 anos. Apesar disso, o país continua com a mais baixa taxa de
detentores de diploma universitário entre a população de 25 a 34 anos: só 13%
dos brasileiros nessa etapa da vida tinham concluído a faculdade. É a pior taxa
entre 36 países analisados e corresponde a um terço da média das nações da OCDE
(39%). Entre a população de 25 a 64 anos, apenas 12% dos brasileiros têm curso
superior completo, ante 32% na média da OCDE.
O relatório destaca que o Brasil é o segundo país do grupo onde o
diploma de ensino superior representa maior ganho salarial, atrás somente do
Chile. No Brasil, um graduado ganha em média 157% mais do que um não-graduação.
Nos países da OCDE, essa diferença é de 57%.
O relatório registra também o crescimento de matrículas infantis no
Brasil, ponderando, no entanto, que a taxa brasileira de atendimento em creches
e pré-escolas é baixa.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/ocde-brasil-o-pais-com-menor-gasto-por-aluno-no-ensino-medio-entre-32-nacoes-8801755#ixzz2XFo3ymni
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