A ENTREVISTA DIRETA E INDIRETA
Geralmente tem um texto
introdutório contendo informações de mais impacto e um breve perfil do
entrevistado (minibiografia). A técnica da entrevista é fácil: consiste em
perguntas e respostas, também chamado de ping-pong ou bate e volta, que podem
ser anotadas, gravadas ou enviadas por e-mail. Porém, é necessário conhecer a
fundo quem será entrevistado e o assunto que será discutido para não chegar
despreparado. Existe também a técnica da entrevista indireta, onde o pensamento
do entrevistado é resumido e mostrado em forma de texto em prosa, sem perguntas
e respostas.
Exemplo I:
Marcelo Rubens Paiva
entrevista Marcelo Rubens Paiva
"Não existe pessoa que conhece melhor o escritor Marcelo Rubens
Paiva do que eu. Sou o único que leu todos os seus livros, peças, bilhetes,
cartas, e-mails e pensamentos". Soube, pelo repórter Lúcio Ribeiro, que
Paiva anda entediado, evitando jornalistas que, segundo declarou, "fazem sempre
as mesmas perguntas“.
Foi Ribeiro, então, quem sugeriu que o repórter Marcelo Rubens Paiva entrevistasse o escritor Marcelo Rubens Paiva, para falar da reestreia do espetáculo "Feliz Ano Velho", baseado em seu primeiro romance.
Nesta entrevista exclusiva, Paiva se mostrou impaciente, petulante, arrogante e cínico. Fazer o quê?
Marcelo Rubens Paiva
(repórter) - Qual é a primeira pergunta que fazem os jornalistas que o
entrevistam?
Marcelo Rubens Paiva
(escritor) - O que mudou dos tempos de "Feliz Ano Velho" para os
tempos de hoje.
MRP (repórter) - E o que
mudou?
MRP (escritor) - Antes, os chacrinhas ficavam
na frente, e as chacretes, atrás. Agora, elas ficam na frente e comandam os
programas.
MRP (repórter) - Mas e o
Brasil, melhorou?
MRP (escritor) - Os ricos
ficaram mais ricos, os pobres, mais pobres, e as loiras, mais loiras. E a
Argentina joga mais futebol que o Brasil.
MRP (repórter) - Você é
saudosista?
MRP (escritor) - Você não
acha o Jimi Hendrix melhor do que o Só Pra Contrariar?
MRP (repórter) - No último
ano, você esteve por trás dos programas de Adriane Galisteu, Tiazinha e
Sabrina. O que isso mudou na sua vida?
MRP (escritor) - Muitos
amigos passaram a me visitar no trabalho.
MRP (repórter) - Por trás
de toda bela, há uma fera?
MRP (escritor) - Obrigado
por me chamar de bela.
MRP (repórter) - Você
decidiu largar a literatura para se dedicar ao teatro?
MRP (escritor) - O problema do teatro é que todos querem convites. Ninguém gosta de pagar ingressos.
MRP (escritor) - O problema do teatro é que todos querem convites. Ninguém gosta de pagar ingressos.
MRP (repórter) - Mas você
paga ingressos das peças a que assiste?
MRP (escritor) - Não. Mas
eu levo a minha própria cadeira e ocupo um lugar no corredor.
MRP (repórter) - Por que
remontar a peça "Feliz Ano Velho"?
MRP (escritor) - Porque é
um tema relevante, que o Brasil precisa relembrar, repensar.
(Texto
publicado no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo.)
Exemplo II:
Trechos da Entrevista ao ‘Valor’
do professor Werneck Viana
11 de janeiro de 2012,
em Direitos Humanos, Opinião, Política, por Galante
1. Mundo Mudou! Nós
estamos vivendo uma mudança de época. O mundo mudou. Sabemos do que estamos nos
afastando, mas ainda não pressentimos para onde vamos. Estamos indo para um
mundo onde temas centrais da vida moderna são tratados por organismos que
exercem jurisdição internacional, por exemplo, os que mexem com economia, meio
ambiente e terrorismo. Exemplo forte é o da Justiça internacional, com o
Tribunal Penal, acima dos Estados nacionais. É uma época de inovação, de
criação. Esse deslizamento está acontecendo numa escala mundial. O Estado-nação
perde força. E as ideologias, comportamentos e atitudes que vieram com ele vêm
se esmaecendo.
2. Sindicatos e Elite
Econômica! A Dilma herda esse eixo, mas só que o mundo deslizou, vem
deslizando. A armação que Lula concebeu e fez funcionar está destruída. Este
sindicalismo não tem mais o velho lugar, quando sentava com o presidente da
República e deliberava como ia ser o salário mínimo futuro – tanto de
produtividade, tanto de inflação – e que virou lei agora. Isso foi feito com
Lula e eles. Não tem mais Dilma e eles. A conta é alta. Passa pela Previdência,
pelo salário mínimo, ajuste fiscal, custo Brasil, não dá mais. Essa crise está
limpando a névoa, está obrigando a que o argumento econômico seja mais
respeitado. Há exemplos de fora: Itália, Espanha. As medidas dela não terão
como objeto os que estão em cima, as elites econômicas, mas quem está embaixo.
Você continua a viver num condomínio entre governo e elites econômicas do país.
Sempre disse isso.
3. Comissão da Verdade! A
minha posição não acompanha as posições majoritárias aí na intelligentsia. Acho
que a gente deve recuperar a história, mas o passado passou. Página virada.
Cada país fez, em circunstâncias diferentes. Você, à esta altura, rasgar a Lei
da Anistia, seria jogar o país numa crise, não sei para quê. Mas, vem cá, as
grandes lideranças que nos trouxeram à democracia tiveram muito clara essa
questão: anistia real, geral e irrestrita. As forças derrotadas, ou seja, a
luta armada, querem reabrir esta questão? Não foram elas que nos trouxeram à
democracia. Nos momentos capitais, ela não estava à frente, na luta eleitoral,
na luta política, na Constituinte. Era um outro projeto. É politicamente
anacrônica. O país foi para frente. Os direitos humanos dizem respeito aos
vivos. Aos mortos, o velho direito de serem enterrados como Antígona
[protagonista da tragédia grega de Sófocles] quis enterrar o irmão em solo
pátrio. É o que esta Comissão da Verdade está fazendo.
(FONTE: http://www.forte.jor.br/2012/01/11/trechos-da-entrevista-ao-valor-do-professor-werneck-viana/)
PARA FINALIZAR:
Normalmente, o processo de
produção de um texto jornalístico se divide em quatro fases: a pauta (escolha
do assunto), a apuração (verificação dos fatos e de provas), a redação
(organização das ideias transformando-as em texto) e a edição (locação desses
textos no jornal, correção e revisão dos mesmos).
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