sexta-feira, 9 de agosto de 2013

ALGUNS TEXTOS JORNALÍSTICOS IV

A ENTREVISTA DIRETA E INDIRETA

Geralmente tem um texto introdutório contendo informações de mais impacto e um breve perfil do entrevistado (minibiografia). A técnica da entrevista é fácil: consiste em perguntas e respostas, também chamado de ping-pong ou bate e volta, que podem ser anotadas, gravadas ou enviadas por e-mail. Porém, é necessário conhecer a fundo quem será entrevistado e o assunto que será discutido para não chegar despreparado. Existe também a técnica da entrevista indireta, onde o pensamento do entrevistado é resumido e mostrado em forma de texto em prosa, sem perguntas e respostas.

Exemplo I:

Marcelo Rubens Paiva entrevista Marcelo Rubens Paiva


"Não existe pessoa que conhece melhor o escritor Marcelo Rubens Paiva do que eu. Sou o único que leu todos os seus livros, peças, bilhetes, cartas, e-mails e pensamentos". Soube, pelo repórter Lúcio Ribeiro, que Paiva anda entediado, evitando jornalistas que, segundo declarou, "fazem sempre as mesmas perguntas“.

Foi Ribeiro, então, quem sugeriu que o repórter Marcelo Rubens Paiva entrevistasse o escritor Marcelo Rubens Paiva, para falar da reestreia do espetáculo "Feliz Ano Velho", baseado em seu primeiro romance. 
Nesta entrevista exclusiva, Paiva se mostrou impaciente, petulante, arrogante e cínico. Fazer o quê?

Marcelo Rubens Paiva (repórter) - Qual é a primeira pergunta que fazem os jornalistas que o entrevistam?
Marcelo Rubens Paiva (escritor) - O que mudou dos tempos de "Feliz Ano Velho" para os tempos de hoje.

MRP (repórter) - E o que mudou?
 MRP (escritor) - Antes, os chacrinhas ficavam na frente, e as chacretes, atrás. Agora, elas ficam na frente e comandam os programas.

MRP (repórter) - Mas e o Brasil, melhorou? 
MRP (escritor) - Os ricos ficaram mais ricos, os pobres, mais pobres, e as loiras, mais loiras. E a Argentina joga mais futebol que o Brasil.

MRP (repórter) - Você é saudosista? 
MRP (escritor) - Você não acha o Jimi Hendrix melhor do que o Só Pra Contrariar?

MRP (repórter) - No último ano, você esteve por trás dos programas de Adriane Galisteu, Tiazinha e Sabrina. O que isso mudou na sua vida?
MRP (escritor) - Muitos amigos passaram a me visitar no trabalho.

MRP (repórter) - Por trás de toda bela, há uma fera? 
MRP (escritor) - Obrigado por me chamar de bela.

MRP (repórter) - Você decidiu largar a literatura para se dedicar ao teatro? 
MRP (escritor) - O problema do teatro é que todos querem convites. Ninguém gosta de pagar ingressos.

MRP (repórter) - Mas você paga ingressos das peças a que assiste?
MRP (escritor) - Não. Mas eu levo a minha própria cadeira e ocupo um lugar no corredor.

MRP (repórter) - Por que remontar a peça "Feliz Ano Velho"? 
MRP (escritor) - Porque é um tema relevante, que o Brasil precisa relembrar, repensar. 
(Texto publicado no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo.)

Exemplo II:

Trechos da Entrevista ao ‘Valor’ do professor Werneck Viana

11 de janeiro de 2012, em Direitos Humanos, Opinião, Política, por Galante

1. Mundo Mudou! Nós estamos vivendo uma mudança de época. O mundo mudou. Sabemos do que estamos nos afastando, mas ainda não pressentimos para onde vamos. Estamos indo para um mundo onde temas centrais da vida moderna são tratados por organismos que exercem jurisdição internacional, por exemplo, os que mexem com economia, meio ambiente e terrorismo. Exemplo forte é o da Justiça internacional, com o Tribunal Penal, acima dos Estados nacionais. É uma época de inovação, de criação. Esse deslizamento está acontecendo numa escala mundial. O Estado-nação perde força. E as ideologias, comportamentos e atitudes que vieram com ele vêm se esmaecendo.

2. Sindicatos e Elite Econômica! A Dilma herda esse eixo, mas só que o mundo deslizou, vem deslizando. A armação que Lula concebeu e fez funcionar está destruída. Este sindicalismo não tem mais o velho lugar, quando sentava com o presidente da República e deliberava como ia ser o salário mínimo futuro – tanto de produtividade, tanto de inflação – e que virou lei agora. Isso foi feito com Lula e eles. Não tem mais Dilma e eles. A conta é alta. Passa pela Previdência, pelo salário mínimo, ajuste fiscal, custo Brasil, não dá mais. Essa crise está limpando a névoa, está obrigando a que o argumento econômico seja mais respeitado. Há exemplos de fora: Itália, Espanha. As medidas dela não terão como objeto os que estão em cima, as elites econômicas, mas quem está embaixo. Você continua a viver num condomínio entre governo e elites econômicas do país. Sempre disse isso.

3. Comissão da Verdade! A minha posição não acompanha as posições majoritárias aí na intelligentsia. Acho que a gente deve recuperar a história, mas o passado passou. Página virada. Cada país fez, em circunstâncias diferentes. Você, à esta altura, rasgar a Lei da Anistia, seria jogar o país numa crise, não sei para quê. Mas, vem cá, as grandes lideranças que nos trouxeram à democracia tiveram muito clara essa questão: anistia real, geral e irrestrita. As forças derrotadas, ou seja, a luta armada, querem reabrir esta questão? Não foram elas que nos trouxeram à democracia. Nos momentos capitais, ela não estava à frente, na luta eleitoral, na luta política, na Constituinte. Era um outro projeto. É politicamente anacrônica. O país foi para frente. Os direitos humanos dizem respeito aos vivos. Aos mortos, o velho direito de serem enterrados como Antígona [protagonista da tragédia grega de Sófocles] quis enterrar o irmão em solo pátrio. É o que esta Comissão da Verdade está fazendo.

PARA FINALIZAR:


Normalmente, o processo de produção de um texto jornalístico se divide em quatro fases: a pauta (escolha do assunto), a apuração (verificação dos fatos e de provas), a redação (organização das ideias transformando-as em texto) e a edição (locação desses textos no jornal, correção e revisão dos mesmos).

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