Em virtude de uma reportagem exibida na Rede Globo de Televisão, cuja transmissão em nosso estado é da afiliada Rede Bahia, que tratava de um médico que causou a morte de uma paciente em trabalho de parto, a aluna Ana Carlla, do segundo ano do ensino médio da Escola Anglo, de Itabuna, escreveu a seguinte carta-argumentativa:
"Prezado"
Dr. Luiz Leite,
Venho, humildemente, por meio desta
carta expressar certos descontentamentos com relação à sua pessoa e à forma
como aplica seu conhecimento médico em seus pacientes.
É
fato que tanto eu quanto o senhor sabemos das matérias que têm saído no jornal
local: tratam-se de absurdos cometidos por um profissional que retira vidas do
mundo, quando deveria trazê-las. É do meu conhecimento que ao final do curso de
Medicina há o juramento de Hipocrátes, no qual uma de suas partes afirma:
"Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção”e
como médico experiente acredito que o senhor esteja fazendo exatamente o
contrário.
Está além da minha capacidade julgar
o meu semelhante, se assim posso chamar-lhe, entretanto, demonstro minha
indignação baseando-me em depoimentos entristecidos das vítimas das suas
atrocidades. Venho também movida por um âmbito emocional, apesar de não
conhecer seu último mártir, Aline. Estou tomada por uma revolta e uma
repugnância, primeiramente, pela sua falta de caráter, compromisso, respeito e
várias outras coisas que tornam-se ofensivas demais listar. Depois, pelo seu
preconceito frente à realidade social da pessoa pela qual cometeu tamanha
maldade. Quer dizer, apenas quem tem dinheiro merece nascer dignamente? (E com
dignamente quero dizer apenas nascer!)
Penso que talvez, por meio desta
carta, esteja exercendo a minha cidadania ao tratar com o senhor, que também
pertence ao Sistema Único de Saúde pago por mim e pela sociedade, já que mostro
abertamente minha desconcordância com seus atos ofensivos. Afinal, se os partos
são públicos por quê cobrá-los? E por quê não praticar sua profissão
corretamente tendo em vista que estudou para o mesmo?
Algumas dessas respostas sei que nem
o senhor poderia me dar, considerando sua idade avançada e o cabresto da alma
que, visivelmente, possuis. Pode até ser que trate da doença dos outros, mas
esta que está instalada dentro do seu gélido coração é incurável. Ela é o olhar
distorcido, que só compara o ser humano com o Homo sapiens sapiens
e com órgãos doentios. Queria deixar claro, que doentio é o senhor e as suas
práticas sádicas. Será que já não é hora de se aposentar, se sua profissão não
lhe agrada?
Se no céu, independente de onde este
seja, e se acredita nisso ou não, existe um Deus que é o nosso provedor de
tudo, espero que Ele lhe dê uma morte lenta e dolorosa, assim como o senhor deu
ao filho da Aline. Por fim, peço desculpa se o destratei com as palavras que
apenas limitam um sentimento que é infinitamente grande, entretanto, se o
ofendi foi "sem querer, querendo". E eu quis muito.
Atenciosamente,
A.A.
Parabéns, Ana! A escrita serve exatamente para esses momentos: pôr para fora todos os nossos fantasmas, angústias e também as alegrias!
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