O exercício da cidadania tem mão dupla: por um lado,
temos direitos assegurados pelas leis; por outro, temos deveres
para com a comunidade e para com a sociedade em geral.
Um dos nossos deveres como cidadão é transformar ou
aprimorar aquilo que não vai bem. A alta velocidade de automóveis em certas
ruas residenciais, o barulho de fábricas e automóveis em regiões ocupadas por
escolas e hospitais, a falta de áreas verdes na cidade, a coleta ineficiente do
lixo, a poluição dos rios, das represas e do ar – tudo isso interessa a todos
nós, pois nos afeta diretamente. É nosso direito reclamar, mas também nosso
dever apontar as falhas, discutir e apresentar soluções.
O texto a seguir, por exemplo, sugere mudanças que melhorem
a vida da comunidade.
Leia-o:
Fortaleza (CE), 12 de janeiro de 2010.
Ilmº. Sr. Diretor do Departamento de Trânsito de
Fortaleza:
Nós, moradores da Rua Jair
dos Santos Meneghetti, há anos vimos enfrentando sérios problemas com o
trânsito local. Como é de seu conhecimento, a Avenida Olímpio de Souza é uma
das mais movimentadas de nossa cidade. Ela concentra um grande número de
veículos – incluindo-se, além de automóveis, ônibus e caminhões –, já que
conduz o fluxo tanto ao centro da cidade quanto às rodovias que levam a cidades
vizinhas.
Mesmo havendo duas pistas
em cada sentido da Avenida Olímpio, é comum alguns veículos, na altura do
número 1.500, tomarem nossa rua como atalho. Isso se deve a duas razões:
primeiramente porque, nos horários de pico, é normal o trânsito fluir mais
lentamente: em segundo lugar porque, mais à frente, na altura do número 1700,
existe um semáforo que sinaliza o cruzamento da Rua Sílvia Arante com a
Olímpio. Os motoristas, quando estão na altura do número 1.500, conseguem
avistar o semáforo e, se ele está fechado, não hesitam em tomar a Jair dos
Santos como atalho e sair já no número 1.900 da Avenida Olímpio.
O resultado não poderia ser diferente: poluição do
ar, barulho insuportável de motores e buzinas, riscos constantes para nossas
crianças, insegurança, em virtude da constante circulação de pessoas estranhas
ao local, má qualidade de vida.
Lembramos a V. S.ª que a Rua Jair dos Santos
Meneghetti é predominantemente residencial e não comporta tal tipo de tráfego.
Além disso, na campanha política do atual prefeito, que V. S.ª naturalmente
apoiou, uma das propostas defendidas era a preservação da qualidade de vida da
cidade. Eis uma oportunidade de concretizar essa proposta, tomando-se uma
destas medidas práticas que ora sugerimos:
a)
Inverter a mão da Rua Jair dos Santos Meneghetti, que atualmente vai do número
01 para o número 225, ou
b)
Colocar três quebra-molas ou lombadas ao longo da Rua supracitada.
Acreditamos que a adoção de uma dessas soluções –
que custariam pouco e poderiam ser efetivadas em no máximo dois dias –
resolverá o problema de uma vez e conseguirá devolver-nos a tranquilidade que
tínhamos no passado e a que temos direito ainda hoje. Para V.S.ª e para o
Departamento que dirige, será também a oportunidade de se integrar às reais
necessidades da população, cada vez mais conscientes de seus deveres e
direitos.
Certos de sua atenção, agradecemos.
Moradores da Rua Jair dos Santos
O texto lido é uma carta que solicita
das autoridades competentes algumas medidas que melhorem a qualidade de vida da
população. Para fundamentar o pedido, apresenta argumentos, explicações,
etc. A esse tipo de texto chamamos carta argumentativa de solicitação.
Como carta que é, apresenta os elementos essenciais
do gênero, porém seu assunto é a apresentação de um problema (no caso da
carta lida, o trânsito da Rua Jair dos Santos Meneghetti) e a solicitação de
medidas que o resolvam ou o atenuem.
Como o remetente (ou signatário) precisa convencer
seu destinatário, é necessário identificar bem o problema e suas causas
(trânsito intenso e semáforo no cruzamento da Rua Sílvia Arantes), reunir
argumentos que sensibilizem o destinatário (qualidade de vida, rua residencial,
perigo para as crianças) e, se possível, apresentar soluções possíveis
(inversão de mão ou instalação de quebra-molas ou lombadas).
A conclusão da carta é feita com uma saudação formal
– como “Sem mais para o momento, agradecemos”, “Confiantes de seu empenho para
a solução de nosso problema, agradecemos”, etc. – e com a assinatura, em que
são identificados com clareza os autores da carta.
Como esse tipo de carta é endereçada normalmente a
autoridade de instituições, empresas ou órgãos públicos, a linguagem deve
seguir o padrão culto e formal da língua, observando rigorosamente o uso dos
pronomes de tratamento.
Características da carta argumentativa de solicitação:
• Data, vocativo, corpo do
texto e assinatura;
• Identificação do problema e
suas causas;
• Exposição de argumentos que
comprovem a necessidade de uma solução para o problema, vantagens que essa
solução traria;
• Sugestões de possíveis
medidas para a solução do problema;
• Agradecimentos, assinatura;
• Linguagem formal, atenta às
normas do padrão culto; rigor no emprego de pronomes de tratamento.
Olá, parabéns pelo material postado. Fico grata pelas informações.
ResponderExcluirA exlicação é clara entendi bem.
ExcluirExplicaçao muito boa me ajudou muito
ExcluirMelhor resultado para minha pesquisa até agora...indo diretamente ao assunto pesquisado e dando explicações excelentes ...parabéns
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