ASSUNTO: POESIA & METALINGUAGEM
QUESTÃO ÚNICA
Faça
uma análise de um dos poemas abaixo, levando em consideração os aspectos da
metalinguagem estudada em sala de aula.
I
"Penetra surdamente no reino das
palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
Tem mil faces secretas sob a face
neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres.
Trouxeste a chave"?
(Carlos Drummond de Andrade)
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres.
Trouxeste a chave"?
(Carlos Drummond de Andrade)
Redação do aluno Gabriel Salles, 2º ano, Colégio AFI:
“Pergunto-me se estou com a chave agora. É
uma manhã fria de terça, estou a procurar a chave. Que chave? Não sei.
Perguntam-me se a tenho, friamente, sem interesse, honestamente, já não ligam
se abro o cadeado, baú, porta ou seja lá o que for. Por quê?
Cada palavra com sua máscara, são minhas
escravas, se sou um bom senhor, não sei, e realmente não me importa. Uso-as
agora para um poema analisar, decifrar palavras com mais palavras, já não sei
se estou a desbravar ou me afogar nesse oceano. Depende da chave.
Linhas vão sendo escritas, mas ainda não dei
o que o professor quer, podia estar dizendo ‘este poema caracteriza-se por isso
e isso’, chato, prefiro fazer mais perguntas à resposta da pergunta inicial,
que respondo perguntando aqui.
Procuro intertextualidade nas palavras, nas
minhas e nas de Drummond, procuro a chave.
Preste atenção: penetre no reino das
palavras, mergulhe, o poema fala sobre a poesia, preciso dizer mais? Leia-o de
novo se necessário, sinta-o, descubra teus segredos e os guarde, tranque com
chave.
Eu, agora, sob minha face neutra,
impassível, pergunto-te, sem interesse pela resposta (ou pela nota):
Trouxeste a chave?”
COMENTÁRIO
Redação poética extremamente original, autoral, utilizando o próprio
poema de Drummond para fazer a metalinguagem, ou seja, respondendo o que foi
pedido, mas com criatividade de mostrar no próprio texto.
É uma redação muito superior à média escrita, justamente por sair do
lugar-comum, do óbvio, que se tornou ultimamente os textos de alunos absorvidos
na ânsia de concursos, vestibulares e Enem.
Parabéns ao autor, o jovem Gabriel. Primeiro dez do ano nas escolas em
que atuo, merecidamente!
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