segunda-feira, 20 de maio de 2013

1ª REDAÇÃO NOTA 10 DE 2013


ASSUNTO: POESIA & METALINGUAGEM

QUESTÃO ÚNICA

Faça uma análise de um dos poemas abaixo, levando em consideração os aspectos da metalinguagem estudada em sala de aula.

I

"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma
Tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres.
Trouxeste a chave"?
(Carlos Drummond de Andrade)

Redação do aluno Gabriel Salles, 2º ano, Colégio AFI:

“Pergunto-me se estou com a chave agora. É uma manhã fria de terça, estou a procurar a chave. Que chave? Não sei. Perguntam-me se a tenho, friamente, sem interesse, honestamente, já não ligam se abro o cadeado, baú, porta ou seja lá o que for. Por quê?
Cada palavra com sua máscara, são minhas escravas, se sou um bom senhor, não sei, e realmente não me importa. Uso-as agora para um poema analisar, decifrar palavras com mais palavras, já não sei se estou a desbravar ou me afogar nesse oceano. Depende da chave.
Linhas vão sendo escritas, mas ainda não dei o que o professor quer, podia estar dizendo ‘este poema caracteriza-se por isso e isso’, chato, prefiro fazer mais perguntas à resposta da pergunta inicial, que respondo perguntando aqui.
Procuro intertextualidade nas palavras, nas minhas e nas de Drummond, procuro a chave.
Preste atenção: penetre no reino das palavras, mergulhe, o poema fala sobre a poesia, preciso dizer mais? Leia-o de novo se necessário, sinta-o, descubra teus segredos e os guarde, tranque com chave.
Eu, agora, sob minha face neutra, impassível, pergunto-te, sem interesse pela resposta (ou pela nota):
Trouxeste a chave?”

COMENTÁRIO

Redação poética extremamente original, autoral, utilizando o próprio poema de Drummond para fazer a metalinguagem, ou seja, respondendo o que foi pedido, mas com criatividade de mostrar no próprio texto.

É uma redação muito superior à média escrita, justamente por sair do lugar-comum, do óbvio, que se tornou ultimamente os textos de alunos absorvidos na ânsia de concursos, vestibulares e Enem.

Parabéns ao autor, o jovem Gabriel. Primeiro dez do ano nas escolas em que atuo, merecidamente!

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