terça-feira, 20 de dezembro de 2011

OS GÊNEROS PRINCIPAIS DE REDAÇÃO


I - NARRAÇÃO

Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado:

                                     onde ? 
                                        |
         quando?  ---      FATO    --- com quem?
                                        |
                                    como?

 A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO.

As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.

Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar)  as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR.

Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO

Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres  caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS. Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2: é

Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).   

III - DISSERTAÇÃO

Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO.

Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.

Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.

Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA:

a) o elo entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS.

b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.

A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO (e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos:

1. Transforme o tema numa pergunta;

2. Responda a pergunta (e obtém-se o PONTO DE VISTA);

3. Coloque o porquê da resposta (e obtém-se o ARGUMENTO).

O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS (verdadeiros, reconhecidos publicamente).

A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar" resumidamente (se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro.

Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele; 3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça a organização textual (o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no  DESENVOLVIMENTO do texto.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

15 TEMAS POSSÍVEIS DE REDAÇÃO PARA O CONCURSO DA PM/BA:


1. As justificativas sociais da violência atual;
2. Como combater o crime?;
3. Os Direitos Humanos são respeitados?;
4. As relações de poder e autoridade;
5. O seu direito começa onde acaba o do outro;
6. A ética no serviço público;
7. Qual o papel do cidadão ante a lei?;
8. A corrupção policial como agravante do crime;
9. A multiplicação dos presídios;
10. A igualdade de todos perante a Lei;
11. A impunidade no Brasil;
12. O combate à pedofilia/ao trabalho infantil/ à prostituição infantil;
13. A união entre as polícias civil e militar;
14. Abusos de poder no cumprimento das ações;
15. Fazer justiça com as próprias mãos etc.

Boa sorte!!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

COMO ELABORAR UMA REDAÇÃO NOTA DEZ



Você já ouviu aquela história de que um vestibulando da Fuvest tirou 10 numa redação cujo tema era "O Lápis e a Borracha" apenas escrevendo a frase "O que o lápis escreve a borracha apaga"? Se ouviu, pode esquecer o mau exemplo, porque tentar "dar uma de esperto" não vai te ajudar a escrever bem no vestibular.

"Há o mito de que existe uma receita pronta para se fazer uma boa redação. Coisas como 'não usar verbo no título' ou 'não escrever usando letras de forma', por exemplo. Nenhuma dessas informações tem a menor relevância", esclarece o professor de redação Eduardo Antônio Lopes, autor do material didático do Curso Anglo e do Sistema Anglo de Ensino.

Portanto, não desperdice sua energia tentando guardar fórmulas mágicas e modelos de redação. O ideal para se dar bem no vestibular é praticar bastante. O professor Lopes conta que costuma comparar aprender a escrever bem com tocar um instrumento musical: "você não imagina que alguém vai aprender a tocar violão sem nunca praticar o instrumento. Com a redação acontece a mesma coisa, é preciso ensaiar sempre".

Isso não significa que você deve escrever um texto burocrático e sem graça na sua redação do vestibular. "As bancas valorizam textos com marca autoral, que mostram que o estudante é um participante crítico da realidade. Escrever algo sem nenhum 'sabor' não é bem visto", afirma Lopes.

Ou seja, o ideal é não pensar em criatividade no sentido de ter uma sacada sensacional que salve a sua redação mal feita no vestibular - como a história do lápis e da borracha tenta convencer - mas sim pensar em ter senso crítico apurado e ser original nos seus argumentos. O professor do Cursinho da Poli Gesu Wanderlei Costa também confirma a exigência de originalidade: "os textos mais bem avaliados são de alunos ousados, críticos, que não acreditaram em regrinhas ou fórmulas de fazer redação".

Ficou com medo de errar a medida? Veja alguns conselhos para quem quer se dar bem na redação.

Na hora de estudar: Costa afirma que os vestibulandos deveriam fazer da prática da redação um "sacerdócio". Ele próprio escreve duas crônicas e um conto semanalmente, só para não perder a prática. "Para escrever bem, o aluno tem que mudar de comportamento, e se preocupar em se tornar um escritor independentemente do vestibular", afirma.

Para ajudar seus alunos a se familiarizar com esse universo, ele costuma aplicar exercícios de "desbloqueio" bem no começo do curso - nesses exercícios os alunos são estimulados a escrever todas as suas idéias sobre um determinado assunto num papel, aleatoriamente, só para "perder o medo" da escrita.

A partir daí, ele conta que há três níveis de aperfeiçoamento na redação. Em primeiro lugar, é preciso aprender as normas gramaticais - ou seja, dominar regras de acentuação gráfica, ortografia, pontuação e se sentir confortável para escrever na norma culta, garantindo assim a clareza do texto.

Num segundo momento, o aluno deve se preocupar com a coesão textual, o que significa cuidar para demonstrar o encadeamento lógico e a precisão das suas idéias, construindo um texto dotado de começo, meio e fim.

E depois de ter superado esses dois níveis de aprendizado da escrita, ele deve começar a praticar a sua argumentação, tendo em mente que precisa convencer o leitor da consistência crítica dos seus argumentos.

Como saber se você está conseguindo superar esses três estágios do aprendizado? "É essencial ter alguém pra corrigir o seu texto", afirma Costa. "Costumo dizer para os meus alunos que às vezes ter alguém para ler o texto chega a ser mais importante do que vir à aula. Quem não faz cursinho pode pedir para o professor do colégio ou até para um amigo corrigir os seus textos de vez em quando." Ele recomenda que os alunos comparem suas redações com os melhores textos de vestibulares passados, como os da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que organiza o processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo.

E para quem está tentando adivinhar sobre que assunto vai ter que escrever na redação do vestibular, mais um conselho: "ficar preocupado com qual vai ser o tema da prova durante esse treinamento é bobagem", afirma Costa. Ele explica que, ao ler jornais, revistas e livros durante o preparo para a prova, é importante tentar captar o posicionamento do autor em relação ao tema, e que interesses podem estar envolvidos na sua escrita.

Ele lembra que, depois de 1998 - em que a FUVEST pediu para os estudantes analisarem cinco trechos de pensamentos filosóficos refinados, numa das provas de redação mais difíceis da história dos vestibulares - os exames têm preferido abordar temas relacionados ao cotidiano social dos adolescentes. Ou seja, é muito remota a possibilidade de você ter que escrever a sua redação sobre um tema do qual nunca ouviu falar.

Na hora da prova: As dicas para fazer uma boa prova são do professor do Anglo Eduardo Lopes. Ele acredita que o vestibulando deve ler a proposta atentamente e, ainda antes de iniciar o texto, planejar o objetivo da sua argumentação. "Vai ficar muito difícil encadear os parágrafos e selecionar os argumentos sem ter certeza de onde se quer chegar", explica.

Depois disso, o estudante deve utilizar esse direcionamento para reler a coletânea de textos (fragmentos dados na proposta), com a intenção de não apenas alcançar um bom resultado, e sim de escrever algo que atenda às expectativas da banca examinadora da prova. "A coletânea é como uma pesquisa que a banca faz para o vestibulando, com a finalidade de diminuir a artificialidade dessa situação, em que alguém escreve sem ter a possibilidade de pesquisar sobre o assunto", afirma Lopes.

Outro recado importante na hora de escolher os argumentos que vão sustentar a redação: cuidado para não emitir opiniões preconceituosas e infundadas, problemas que aparecem nos textos de vestibular com mais freqüência do que você pode imaginar. "A banca espera que o aluno demonstre apreço pela cidadania e pelos valores democráticos. Qualquer posicionamento é válido, desde que respeite os direitos humanos universais, os direitos do indivíduo e os interesses da maioria", finaliza Lopes.

Com um bom preparo e muito treino, com certeza você não vai precisar de sorte para se dar bem na redação do vestibular!

(Site Universia)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A FORÇA DO VERBO



Nunca me expressei bem oralmente, apesar de ter me tornado professor. As palavras expositivas jamais corresponderam ao que gostaria de dizer ou ao que eu havia preparado para tal. As pregas vocais não acompanham com fidedignidade a minha mente, além de certo bloqueio com o público. O pensamento se faz um pouco mais completo quando escrevo. No ato da escrita eu tento ser sincero e razoável no meu pensar, nas minhas reflexões e devaneios. Escrever é uma forma de botar para fora o urso interior que desperta esfomeado da longa hibernação.
Eu assisto admirado aos inúmeros palestrantes marketeiros empresariais, de auto-motivação, administradores que largaram as suas empresas e se tornaram oradores profissionais, cobrando milhões por apresentação! Eles brincam com a retórica, fazem gracejos com a platéia segurando nota de dinheiro, copo com água, folha em branco. São ovacionados, aplaudidos de pé, prendem a respiração e a atenção dos ouvintes, além do principal: alienam multidões, vendem seus incansáveis livros, etc. Apesar de estarem em baixa no momento, vez por outra surge uma nova celebridade da área e se vai com a mesma presteza com que veio. Cada um mais arrebatador e inflamado do que o outro!
E como o brasileiro é um povo que necessita ouvir, precisa de heróis, carece de gente em que se possa espelhar, tem a auto-estima baixa e anda sempre no vermelho financeiro, esses retumbantes palradores assumem um lugar de importância magna, mesmo que seja tossindo clichês, abobrinhas e chavões, porém com um certo estilo e pompa, jocosamente sábio para a platéia incauta em busca de curas físicas ou espirituais.
Se todos os bons livros literários viessem com um apresentador dessa estirpe, a nossa média de leitura no Brasil subiria vertiginosamente, tenho quase certeza. Já imaginaram um elegante coroa, perfumado, aparentemente feliz e desinibido representando oralmente uma tragédia de Sófocles ipsis literis com a mesma desenvoltura? Ou então uma quarentona loira num tailler falando sobre as digressões machadianas para o pessoal da terceira idade ou para os vendedores de seguros? Talvez isso fizesse com que as pessoas despertassem, pegassem os livros e fossem ler os originais, entretanto aquela seria a representação oral, marca forte da cultura nacional tupiniquim, de conteúdos interessantes, ricos, e muitas vezes chato na escrita.
Já tivemos grandes mestres da “fala”, do “discurso”, como os irmãos Mangabeira, Ruy Barbosa, os poetas condoreiros, entre eles Castro Alves, só para ficar nesses. Hoje em dia, quão inebriante não é assistir na nossa região grapiúna, por exemplo, um Ari Quadros Teixeira, gênio da oratória, relatar para nós uma historieta qualquer de Malba Tahan, com toda a lhaneza que lhe é peculiar! Ou um Ruy Póvoas, narrando as lendas e mitos dos povos nagô, queto, jêje e ijexá, raízes da sua cultura africana. Homens assim faltam em nossas vidas. A aproximação mais sagaz, embora sem as mesmas características, é o teatro, encenando de forma bela, caricata e grandiosa a alma humana, com todos os seus matizes.
O ato de dizer algo realmente está imbricado com toda a simbologia que nasceu com os povos latinos: o dizer com as mãos, o dizer com os gestos, o dizer com o corpo, acompanhando a língua discorrer, extasiando ainda mais o ouvinte concentrado. Eu de cá na minha pequenez fico só imaginando um Sócrates nas praças e feiras públicas de Atenas, atacando ferozmente os políticos corruptos, a religião vazia e a filosofia insípida até aquele momento. Sem falar de Moisés, Jesus, Buda, Confúcio, Francisco de Assis, Gandhi e muitos outros que jamais escreveram uma linha, mas falaram, gesticularam e disseram tudo!