Sorrir será o grande segredo de 2013, pelo visto.
Oportunidades ímpares de se levar menos a sério, rindo dos próprios defeitos e
do passado que não tem mais volta.
E foi isso que fiz na virada do ano. Ouvindo casos
& causos dos amigos e dando boas gargalhadas para entrar o ano leve, tendo
certeza de que não sou um misantropo ou um solitário nas gafes cotidianas.
Um amigo, que evitarei o nome, narrou na mesa onde
estávamos dois fatos acontecidos com ele interessantes e que merecem ser passados
à frente, mesmo sem ter me autorizado para isso. E daí? O que vale aqui, como
dito acima, é o valor da alegria nas bobagens cometidas...
Tirando onda como gerente bancário, com apenas 27
anos na época do acontecido, moto possante e nova namoradinha a tiracolo, gatinha,
cheirosa e recém-saída da adolescência, foi fazer uma graça no antigo e saudoso
Chão de Estrelas, na Beira-Rio.
Beberam, dançaram agarradinhos e sentaram-se para
comer algo. No cardápio, um tal de Camarão
Paulista. O garanhão, demonstrando poder e fortuna, disse que nunca havia
comido tal iguaria. Iria pedir para saber como era. Muito bem. Solicitou ao
garçom, que veio com um prato bonito, segundo o próprio “parecendo a Carmem
Miranda”, cheio de folhas, tomates e no meio um pote com água esverdeada e um limão
em rodelas no fundo.
O sujeito pensou: deve ser o diferencial, o modo
paulista. Então, ele mergulhava o camarão no líquido e dava na boca da mulher.
Crente que estava abafando. As pessoas ao lado sorriam, ele nem aí. “Estou pagando
mesmo, que se lasquem!”
Iam comendo o prato, até que a água secou na tigelinha
branca, então, vez ou outra, pegava o limão, espremia no crustáceo e metia
goela abaixo dele e do novo amor, sem dar a mínima importância à inveja alheia,
olhando, comentando e sorrindo o feito romântico.
Na hora de pagar a conta, perguntou ao gerente:
- Vem cá, o que é que vocês colocam naquela aguinha
que vem no pote?
Ao que ele respondeu, sem pestanejar:
- Como o camarão é um pouco oleoso, a gente coloca
duas gotinhas de detergente, um limão cortado no fundo, para a pessoa molhar os
dedos, para não ficar melado de gordura!
O rapaz saiu apressado do local e nunca mais
retornou lá.
Depois de contado esse caso, ele emendou com outro,
acontecido no também saudoso Boulevard,
de propriedade de meu tio Wadih Haun, gerenciado pelo “falível” tio Faruk.
Dessa feita, com outra gatinha ao lado, foi jantar
fora e a melhor opção para a noite era o famoso restaurante, também sito à
Beira-Rio.
Sentaram-se com todas as pompas e circunstâncias. Olharam
o cardápio e tinha um estranho “Lagarto” escrito. E o mesmo pensamento lhe
ocorreu:
- Olha, nunca comi isso aqui. Vou experimentar!
Chamou o garçom, mas foi logo interpelando:
- Quero esse “Lagarto”... agora você fale para o
pessoal da cozinha que arranque a cabeça por causa dos dentes cariados... e a
ponta do rabo fora, que eu não como esse negócio duro, não!
Gargalhada geral, percebi que talvez o problema não
fosse dos menus da vida e, sim, desse
amigo desastrado e sem noção!
* Gustavo
Atallah Haun é professor, formado em Letras, UESC, e ministra aula em Itabuna e
região. Escreve para jornais de Itabuna, Ilhéus e edita
oblogderedacao.blogspot.com (g_a_haun@hotmail.com). É maçom, da Loja Acácia
Grapiúna.