O escritor é um sujeito solitário pela própria natureza do seu ofício. A sua labuta cotidiana com a folha em branco e a imaginação a todo vapor é um ato íntimo, pessoal, a sós. Por isso, gostaria de escrever inicialmente sobre a SOLIDÃO, essa solidão que às vezes se faz tão necessária em um mundo tão corrido, sem face, sem introspecção alguma. Aquela solitude positiva, bem-vinda, que é muito mais razão preenchedora do que emoção vazia. Mas já escrevi páginas inteiras sobre ela e, no fundo, ainda não é o que gostaria de dizer.
Então pensei em falar do AMOR. Amor, amor, tanto para falar do amor. Tantos já falaram dele, e falarão. Sentimento maior, unânime, que se transformou em algo tão piegas e fortuito na mão de amadores, embora todos o busquem aqui neste chão de provas e expiações. Porém, nada disso tocou o meu coração hoje. Na grandiosidade dessa emoção universal, meus olhos anseiam pela descoberta do menos, do detalhe, do ínfimo que ninguém enxerga.
Talvez não haja palavra mais bela para o momento do que FELICIDADE. Cinco sílabas que arrastam o homem ao mar do êxtase, às ondas da perfeição, ao brotar de novas vivências e límpidas paisagens mentais. O infinito da felicidade é o limite de possibilidades de jovens que perseguem a sua essência, através das linguagens universais, qualquer que seja. Genial é a pessoa que se lança à existência, de peito aberto, descortinando novos mundos, fazendo o que nasceu para fazer, ajudando a Terra a girar. Fantástico é o outro quando tem a sensação de que é indispensável, que ele tem valor, somente pelo que é, para outro semelhante de luz e de glórias; de desilusão e de mágoas; de bem e de mal. Afinal, alegria maior não há do que aceitar o próximo como ele é.
Pensei também em uma pequena-grande palavra: SAUDADE. É o que fica daqueles que convivem, visitam, perturbam, choram e ri conosco. Sete letrinhas encantadas, oníricas, que só existem na nossa memória, no nosso coração dolorido de recordações, no nosso baú das boas e das más lembranças. Porém, todas as sete nos compondo como seres imortais, como redatores sagrados de um texto especial: a nossa própria vida!
E quanto a VIDA é misteriosa, é tortuosa, é banal, é esplendorosa! Quanto ainda temos que aprender do nada que sabemos, do nada que vivemos, do nada que somos! E, na verdade, o que somos? “V-ó-s s-ó-i-s d-e-u-s-e-s”, disse o Apóstolo dos apóstolos. Contudo, teimamos ainda em nos comportar como micro-cristais opacos perdidos no oceano das futilidades, das paixões pueris, da concorrência desleal, do planeta injusto e famélico.
A vida é uma bênção que nos foi entregue para crescermos, evoluirmos, sermos melhores do que somos, para, enfim, sair daqui numa condição superior do que quando aqui entramos.
Não percamos tempo! Não desperdicemos essa dádiva que é estar aqui, fazer parte da família cósmica, pois só é FELIZ na VIDA aquele que encontrou o AMOR dentro de si, na SOLIDÃO mágica e intransferível da SAUDADE.
Gustavo Atallah Haun - Professor.