sexta-feira, 28 de outubro de 2011

PALAVRAS DE UM SIMPLES REDATOR

O escritor é um sujeito solitário pela própria natureza do seu ofício. A sua labuta cotidiana com a folha em branco e a imaginação a todo vapor é um ato íntimo, pessoal, a sós. Por isso, gostaria de escrever inicialmente sobre a SOLIDÃO, essa solidão que às vezes se faz tão necessária em um mundo tão corrido, sem face, sem introspecção alguma. Aquela solitude positiva, bem-vinda, que é muito mais razão preenchedora do que emoção vazia. Mas já escrevi páginas inteiras sobre ela e, no fundo, ainda não é o que gostaria de dizer.
Então pensei em falar do AMOR. Amor, amor, tanto para falar do amor. Tantos já falaram dele, e falarão. Sentimento maior, unânime, que se transformou em algo tão piegas e fortuito na mão de amadores, embora todos o busquem aqui neste chão de provas e expiações. Porém, nada disso tocou o meu coração hoje. Na grandiosidade dessa emoção universal, meus olhos anseiam pela descoberta do menos, do detalhe, do ínfimo que ninguém enxerga.


Talvez não haja palavra mais bela para o momento do que FELICIDADE. Cinco sílabas que arrastam o homem ao mar do êxtase, às ondas da perfeição, ao brotar de novas vivências e límpidas paisagens mentais. O infinito da felicidade é o limite de possibilidades de jovens que perseguem a sua essência, através das linguagens universais, qualquer que seja. Genial é a pessoa que se lança à existência, de peito aberto, descortinando novos mundos, fazendo o que nasceu para fazer, ajudando a Terra a girar. Fantástico é o outro quando tem a sensação de que é indispensável, que ele tem valor, somente pelo que é, para outro semelhante de luz e de glórias; de desilusão e de mágoas; de bem e de mal. Afinal, alegria maior não há do que aceitar o próximo como ele é.
Pensei também em uma pequena-grande palavra: SAUDADE. É o que fica daqueles que convivem, visitam, perturbam, choram e ri conosco. Sete letrinhas encantadas, oníricas, que só existem na nossa memória, no nosso coração dolorido de recordações, no nosso baú das boas e das más lembranças. Porém, todas as sete nos compondo como seres imortais, como redatores sagrados de um texto especial: a nossa própria vida!
E quanto a VIDA é misteriosa, é tortuosa, é banal, é esplendorosa! Quanto ainda temos que aprender do nada que sabemos, do nada que vivemos, do nada que somos! E, na verdade, o que somos? “V-ó-s s-ó-i-s d-e-u-s-e-s”, disse o Apóstolo dos apóstolos. Contudo, teimamos ainda em nos comportar como micro-cristais opacos perdidos no oceano das futilidades, das paixões pueris, da concorrência desleal, do planeta injusto e famélico.
A vida é uma bênção que nos foi entregue para crescermos, evoluirmos, sermos melhores do que somos, para, enfim, sair daqui numa condição superior do que quando aqui entramos.
Não percamos tempo! Não desperdicemos essa dádiva que é estar aqui, fazer parte da família cósmica, pois só é FELIZ na VIDA aquele que encontrou o AMOR dentro de si, na SOLIDÃO mágica e intransferível da SAUDADE.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

domingo, 23 de outubro de 2011

AS LIVRARIAS GRAPIÚNAS

É uma pena que as livrarias da nossa região cacaueira não sejam bem frequentadas, desdenhando do que dizia Monteiro Lobato, sobre a importância do livro para uma nação, para um povo. O mais provável é que essa falta de circulação e vendagem seja fruto de dois fatores: a nossa própria falta de cultura (digo cultura no sentido de costume, cultivo) em se adquirir bens artísticos ou o dinheiro sumiu dos bolsos da população. Será isso mesmo?
A maior livraria de Itabuna, situada no Shopping Jequitibá, vivia entregue às moscas, sem um pé de gente. Resultado: fechou as portas! (Agora ela retornou, mas não tarda...) Enquanto que a praça de alimentação do mesmo local e bares da cidade estavam sempre repletos. Isso para não falar da Livraria Oásis, do gentil e culto Aécio, fechada também por falta de público. As outras livrarias do município além dos livros têm que se virar com papelarias, materiais pedagógicos e outras quinquilharias para poderem sobreviver. Nem sequer um sebo – local onde se vende, troca e compra livros usados – há na cidade!
O mais interessante é que Itabuna abriga quatro ou cinco faculdades particulares e tem uma universidade pública ao lado, a UESC. Onde estão os professores dessas instituições, embora algumas sejam de ensino a distância? Será que não lêem? E os alunos? Estão seguindo os passos desses catedráticos não-leitores, tiradores de fotocópias? Sem contar as mais de 200 escolas do Ensino Básico da outrora Vila de Tabocas, públicas e particulares, com administrações, regentes e discentes. Esse povo todo não compra livro? Não lê?
O único segmento desse quesito que tem crescido no Brasil é o do Livro Didático e Paradidático das grandes editoras da área. Até mesmo as escolas públicas estão adotando-os, muitas vezes descaracterizando o trabalho educativo e descontextualizando o conteúdo por conta de seguir modismos e tendências.
Uma boa opção em Itabuna, por exemplo, com preços bastante razoáveis, é a mini-livraria do Hipermercado Bompreço, cheia de lançamentos literários, diversificada, e podendo ser manuseada sem problemas pelos poucos clientes que a visitam. Em Ilhéus, bem mais interessante do que a sua cidade vizinha, as livrarias existentes são sempre uma boa escolha, com um rico acervo e um bom atendimento. Também na Terra da Gabriela nós temos bons sebos, localizados no centro da cidade.
Não há explicações plausíveis para a falta de leitores e compradores de livros, por mais que tentemos uma justificativa, como os preços dos mesmos e blá-blá-blá. Talvez o advento da internet faça com que as pessoas comprem comodamente pelos sites específicos as obras que querem adquirir, ou leiam esses escritos pela sua versão e-book, retirando o acesso às nossas livrarias, que muito mais humanamente nos recepcionam!
No entanto, quando nos faltarem espaços literários em nossas cercanias que comercializem livros, iremos sentir profundamente a falta, resmungar aos quatro ventos, indagar que vivemos num submundo à parte do resto do país e outras asneiras mais... É esperar para crer!
Gustavo Atallah Haun - Professor.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

DICAS PARA O ENEM E VESTIBULAR!

Atenção com as dicas!
            Eis que os dias fatídicos se aproximam. Depois de estudar o ano inteiro, você, aluno, está prestes a ser avaliado para adentrar o ensino superior de alguma universidade. Mas nada de se sentir pressionado ou com frio na espinha. Este é o momento para quem se preparou, quem se dedicou e até mesmo, por que não dizer, para os sortudos!
Aqui vão algumas dicas interessantes que poderão ajudá-lo nesta hora tão desgastante, física e mentalmente:
·                    Relaxe antes de começar a prova. Se você é do tipo inquieto, tente fazer uma oração, ou uma meditação rápida, enfim, tente entrar em alfa (estado de consciência mais calmo), porque quando o nosso corpo está nessa vibração, a mente trabalha melhor, lembra-se de detalhes, etc.;
·                    Não leve chocolates ou bebidas gaseificadas para ingerir durante as quatro horas diárias de avaliação. O sistema digestivo é o primeiro a sentir os efeitos da pressão mental, do estresse, do cansaço emocional, do nervosismo, entre outros fatores. Você não vai querer ter uma dor de barriga ou uma diarréia no meio dos testes, vai?;
·                    Se você é do tipo que tem sudorese, tremor, dá aquele “branco” antes da prova, desespera quando vê os concorrentes, faça o seguinte: vista uma roupa leve, confortável, e um calçado fácil de tirar. Quando bater o nervosismo, tire os sapatos, ou sandálias, e pise no chão(não esqueça da prece, para acalmar). A energia que emana da terra é revigorante, equilibra a nossa aura, restabelece os fluidos espirituais;
·                    Comece sempre pelas disciplinas que tiver maior intimidade. Dessa forma, você irá aumentar a sua autoconfiança e poderá partir com mais certeza e motivação para as difíceis ou que tenha menor afinidade;
·                    Nunca deixe a redação por último. Leia o tema assim que receber os cadernos para ficar refletindo sobre o mesmo, enquanto começa a responder as outras questões que achar fáceis. Elabore o rascunho em seguida, provavelmente cairá uma dissertação-argumentativa (introdução, desenvolvimento e conclusão), e termine as demais provas. Passe, no final, o texto para a folha definitiva, não sem antes corrigir os seus prováveis erros;
·                    Com as atuais regras para os vestibulares, o chute em uma letra só está descartado. Não cometa esse erro, sua prova será anulada se tiver somente respostas “C”, por exemplo. Lembre-se: a sua redação só será corrigida se você acertar o mínimo de 30% nas provas objetivas. Nada de chutômetro!;
·                    Não estude de véspera. O estudo deve ser diário, contínuo, feito desde sempre. Não se estuda para provas, estuda-se para a vida, para conhecer, para saber, para sonhar. Além de acentuar o seu nervosismo, estudar um dia antes da prova não irá solucionar todas as dúvidas que porventura ocorrerão;
Devemos ter em mente que a universidade é um local que se pretende abrigar gente questionadora, pessoas críticas, que possam debater, discutir, avaliar situações do cotidiano da região, do país e do globo. No ensino superior você corre atrás da sua educação, da sua (in)formação, do seu melhor. Nada de esperar tudo mastigado em fórmulas prontas, como no ensino básico.
Portanto, se você é um leitor compulsivo, um pesquisador nato, um curioso para descobrir as coisas do mundo, um inovador que tem muitas ideias, as faculdades sempre estarão de portas abertas para recebê-lo. Se você é assim, faça suas provas tranquilamente que o resultado será positivo e recompensador. Agora, se você não é empreendedor, é do tipo acomodado, preguiçoso e sem iniciativa, vai ter que esperar um pouco mais. Gustavo Atallah Haun - Professor.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O FUTURO DA ESCOLA


O ano é aproximadamente 2030. Os alunos chegam para a sala de aula da Escola Cibernética, um termo em desuso da época, mas que a Escola teima em usar. Alguns vão descendo de seus veículos movidos a água ou eletricidade, que sequer tocam o chão. Outros preferem um jeito mais independente, indo para os estudos com o seu motor de propulsão feito uma mochila nas costas, aterrissando no que sobrou da antiga quadra poliesportiva. 
Os estudantes seguem para as salas, que em nada se parecem com as de antigamente: são coloridas, em forma de anfiteatros, com computador pessoal em cada assento, quadro interativo em 3D e, principalmente, não tem professor, apenas um robô-monitor por turma para ajudá-los caso alguma coisa falhe, quebre, ou os discentes não entendam, o que são coisas raras de acontecerem.
Nessa Escola não se usa lápis, cadernos e livros, apetrechos quase pré-históricos, anti-higiênicos e ecologicamente inadequados. As lições e os exercícios são virtuais e o aluno, ao final de cada dia letivo, envia tudo o que estudou diretamente para o seu endereço eletrônico, caso queira revisar em casa, assim como a avaliação que fará a cada final de aula.
Não há pobre frequentando a Escola no meio do século XXI. Somente a classe alta participa do ambiente escolar, visto que são os únicos capazes de pagá-la. Não há escola pública, o Estado desistiu de mantê-la, visto os problemas com as inúmeras greves, insatisfações, más administrações e turbulenta crise dos anos 10. Resolveu, então, que a classe baixa unicamente trabalhava e não necessitava, nem necessitaria, de estudo. Não há mais classe média no mundo: ou se é rico, ou se é pobre.
A aula principia, todos estão bem acomodados nas suas cadeiras multiuso, que podem virar divã, monitor de cristal líquido à frente, quando um docente andrógino virtual aparece na tela e anuncia: “Sejam bem-vindos! Desejo a todos um bom dia de aula!”, e assim da início à lição de acordo com o programa anual digitado em sua super memória RAM. Os alunos assistem a tudo com vídeos, hologramas, dinâmicas virtuais, mapas tridimensionais reais, obtidos através de imagens de satélites, e o professor na tela sempre falante, gentil na explanação, sem se cansar, sem faltar aula, feito uma máquina compreensiva do saber.
Ao final das palestras cibernéticas, o discente recebe o dever de casa para a devida avaliação: aplicar as teorias bebidas naquela doce manhã outonal. Assim são dadas as notas, com a efetiva introdução do saber adquirido ou rememorado no contexto de vida do estudante. Sem papéis, sem boletins, sem reprovação. A vida teórica é totalmente virtual, mas a existência física é onde se pratica o que se aprende. E por isso todos são conscientes da necessidade de aplicação empírica do que receberam, pois são discípulos críticos e privilegiados de uma nova era.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

QUE AULA SHOW!

Quem milita na Educação tem ouvido falar muito das “aulas shows”. Eu ficava me questionando muito se este era o melhor modo de lecionar, se não era muita papagaiada, até adentrar numa sala de aula. Com o tempo, percebi que a formação do profissional em Educação só acontece realmente na prática, não adianta nenhuma forma, ou preparação, para anteceder esse ato.
Educar é muito diferente de ensinar. Apesar de ambas serem de etimologia latina, o significado é oposto. Ensinar vem do latim in + signo, que quer dizer “pôr um sinal em”, implica um movimento de fora para dentro. Educar vem do latim ex + ducare, que significa “tirar de”, implica um movimento de dentro para fora.
Com isso, quero dizer que educar é o termo correto quando nos referimos à Educação e, para que ela verdadeiramente se faça, vale tudo hoje em dia, inclusive as aulas shows e pintar o nariz de vermelho!


Conversando com alguns amigos (todos educadores) na Universidade, falávamos sobre a postura do professor em sala de aula e as atitudes dos alunos:
“Para ser professor, hoje, a última coisa que ele tem que fazer é licenciatura! Para ser professor, atualmente, o cara tem que fazer teatro... As aulas têm que ser mais teatrais do que qualquer outra coisa!” (Entendendo teatro aqui como representação da vida através do entretenimento, do lúdico, do brincar fazendo, sem nenhum demérito para essa grande arte!).
Todos concordavam entre sorrisos e trocas de experiências valorosas. Diziam-me para publicar um livro sobre o assunto, pois, numa certa hora, monopolizei a conversa com as minhas alegrias, minhas frustrações e, principalmente, com os meus sonhos em relação à Educação.
Frente a tantas mudanças comportamentais, tecnológicas e culturais, há professores que querem dar aulas como há trinta anos. Isso não é mais viável, é óbvio. As expectativas são outras, em ambas as partes.
É bem verdade que o nível da escola brasileira vem (de)caindo a olhos vistos. Quando ouço meus pais e avós contando que a Escola Pública era para aqueles que queriam estudar, que aprendiam a cantar até o hino francês, estudava latim e grego, que existiam debates literários sobre autores da Literatura Universal... Vejo que hoje estamos muito aquém da época das palmatórias! Época triste em que se valorizava apenas o conteúdo! Tudo bem, eram tradicionalistas e conservadores, mas que saíam pessoas mais preparadas e respeitavam mais os profissionais do ambiente escolar, isso ninguém duvida!
Pulando para os dias atuais, fazer o aluno ter bom comportamento na sala só na base do “terrorismo”. Muitas vezes não querem nada, não têm interesse nem leituras prévias, não respeitam ninguém. Queixam-se a quase totalidade dos professores. Então, há algo errado aí. Temos, nós, professores, que modernizar. E isso pode se chamar aula show ou aula interessante ou aula interativa. Seja lá como for!
Qual o problema de fazer música com as fórmulas químicas, físicas e matemáticas? Contar piadas sobre o assunto dado para distrair por alguns minutos? Saber o conteúdo, dominar o assunto, e passar aos alunos de uma forma que nunca foi feita? Tirar os discentes da sala de aula com projetos e propostas práticas? Incorporar (com roupas e trejeitos da época) os personagens literários, os inventores, os cientistas, etc.? E, acima de tudo, qual o problema de ser amigo do aluno, tratando-o com afeto, carinho e respeito?
Como dizia Fernando Pessoa no seu verso mais conhecido: Tudo vale a pena, se a alma não for pequena! E isso, em se tratando de Educação, vale ouro, pois o verdadeiro educador não é o que acumula conteúdos nos alunos (de formas até coercitivas!), arquivando coisas que eles nunca usarão na vida. Mas é aquele que faz despertar a fome de conhecimentos, o desejo da busca, sem se preocuparem com vestibulares ou testinhos.
EDUCADOR é aquele que prepara para a VIDA. Esta é a verdadeira aula show!
Gustavo Atallah Haun - Professor.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

PESSOAS & PESSOAS


Ao terceiro ano do Ensino Médio da AFI

Não existe SER HUMANO incapaz, o que existe é pouco objetivo e escassa força de vontade. Nada pode ser obstáculo intransponível, ao ponto de bloquear totalmente a vida e delimitar os sonhos. Com a medida certa de motivação, tudo será devidamente alcançado!
Sabem aquele clichê do “querer é poder”? É verdade. Sem querer, nada se faz ou se constrói. Mas o querer em si não basta. É necessário lutar, suar, sangrar, para fazer valer, muitas vezes, o querer!
E o que se está querendo? A primeira questão que se tem que botar na mente é se o que se quer é bom. É benéfico a todos? É algo salutar para as existências dos seres? Valerá a pena?
É sumamente importante saber o que se quer e esse querer tem que vir acompanhado de ética saudável, bons princípios e moral idônea, para que a consciência flua em estado de harmonia, para que todos os dias ao dormir, possa-se ter um sono tranquilo e reparador, enfim, para se viver em paz!
Nada é totalmente ruim, nada é sumamente negativo. Todas as experiências têm o seu lado bom, regulador, necessárias ao aprendizado. O que seriam das empresas de band-eid se não houvesse quedas, tropeços e ralações?
Sucumbir é uma oportunidade de acertar com mais clareza e eficiência lá na frente.
Iludir-se com o fácil, com o gozo das paixões, com o bastão do mando, com a futilidade da vida do “ter”, é o que acontece de mais comum lá fora. Difícil é vencer toda essa montanha de delícias mundanas e ser um homem de bem!
Mas qual será a melhor marca deixada por cada um aqui? A do que abusou do orgulho, da força e do egoísmo ou a do que foi humilde e benevolente para com o seu próximo? A História está dando as respostas corretas. A verdadeira história da humanidade tem sepultado os déspotas e ressuscitado a todo instante os exemplos honrosos ao longo dos séculos!
Queiramos estar do lado destes últimos! Queiramos ser mais do que se é! Queiramos sair da mesquinhez, da sordidez e da mediocridade que assola o orbe, com gente banal, drogada, inútil e voltada apenas para o próprio umbigo. Queiramos viver no mundo, mas não ser do mundo!
Peguemos um livro bom para ler, mostremos e discutamos com os outros sobre ele, formando cidadãos leitores. E que nossos familiares ou filhos nos vejam lendo, e lendo, e lendo sempre! Sejamos o farol a mitigar a sede dos incautos e ignorantes, levando para estes o que a prosa e a poesia produziram e produzem de melhor.
Ouçamos uma boa música e assistamos a um bom filme, porque isso também é caridade aos nossos sentidos, além de bom gosto mostrado aos demais. Tenhamos conversas mais nobres, sem maledicência ou sexolatria, tão características dos brasileiros psicólogos-politiqueiros de botequim.
Porque lá na frente a pergunta que nos flertará a mente sem sossego não é sobre posses, sobre ouro, sobre conquistas. Será, afinal de contas, quantos sonhos nós ajudamos a construir? Quantas almas nós levantamos à beira do caminho? Quanta insipiência elucidamos? O quanto de amor distribuímos aos que estavam ao nosso derredor? Perdoamos para sermos perdoados nas nossas faltas infindas?
Ou seja, no fundo, no fundo, será quantas amarras nós conseguimos superar, vencendo a nossa falta de querer, nossa desmotivação e as nossas limitações na força de vontade.
Vencer a si mesmo, hoje e sempre, eis o grande desafio!
Gustavo Atallah Haun – Professor. (g_a_haun@hotmail.com)

domingo, 2 de outubro de 2011

O PROFESSOR

Uma imensa castanheira. Dessas seculares e tão maravilhosamente descritas por um escritor de pena sensível ou por um fotógrafo de lentes cautelosas, numa quinta fértil e airosa nas serras bucólicas.
Uma árvore robusta, forte, imperial. Que nasce do grão ínfimo e cria raízes fundas, que são os motores trabalhadores. Raízes essas sempre escondidas, sem alardes, pois estão soterradas e não podem ser vistas. Ao mesmo tempo, essas partes que labutam são a sustentação de todo o resto. O equilíbrio para futuras ventanias e inundações. Profundas, invisíveis e fundamentais são elas que se fixam na terra, criando caminhos e retirando a seiva para a sobrevivência do que está no exterior.
Depois vem a haste, que quando jovem é roliça, fina e tem venturas em se destacar logo para que sua copa alcance um lugar ao sol. O corpo que ao passar dos longos anos de crescimento, vai se alargando, avolumando-se, criando fendas de experiências, os sulcos enigmáticos que perpassam por todo ele. E, de repente, algo majestoso, incrivelmente imortal se avizinha dos que o admiram e o abraçam. O tronco respeitoso, viril.



Por fim, a sua imensa colpada ofertando sombra aos passantes da estrada, errantes do vaivém da vida, enquanto a imensa planta fincada no seu solo lhe serve de abrigo. Também ofertando frutos aos sedentos e esfomeados. Frutos muitas vezes abstratos, compondo a cadência espiritual dos necessitados. Outros, concretos e fartos, aspirando esperanças no porvir. A sublime árvore que se destaca de todo o resto porque é o seu dom, a sua existência e a sua vontade.
Muitas vezes vingada em terrenos inclinados, impróprios e secos. Mas, ainda assim, conservando o seu viço e a sua missão. Noutras, sem regalias, sem a abundância da sua característica primária: viver livre, sem pesares. Por vezes ainda abandonada, sem ter quem saboreie das suas ofertas, largada ao léu, sem nenhuma sorte de encontros fortuitos ou casuais com amantes em espreita.
No coração febril dessa amendoeira, entretanto, por toda a eternidade a imperiosa necessidade de ser única, exemplar e imorredoura. Do contrário, terá vivida em vão, como uma erva daninha ou uma herbácea comum, que cresce sem horizontes, que existe por estar ali e não serviu nem para dar sombras, nem para matar a fome e a sede dos muitos que encontrou na sua trajetória pensada como milagre dos deuses.
Gustavo Atallah Haun – Professor