quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

RECOMENDAÇÃO DE LEITURA:

“Essa Gente e outros poemas”: a poética do cotidiano metamorfoseada em um grito de liberdade

Lançamento do livro Essa gente e outros poemas.


“Essa gente” é o poema que determina o ritmo e o lugar deste tão esperado livro de Walmir do Carmo. Com o título “Essa gente e outros poemas” o livro ganha a forma de publicação que muitos de nós, grapiúna, já estamos acostumados a ouvir nas declamações desse ativista político, ecológico e estético. Não temos aqui, portanto, nas mãos, apenas um livro de poemas, um acabamento gráfico de uma escrita que não finda, nem somente uma diagramação formal de sentimentos e ações. Temos, sim, a expressão viva de uma atividade artística marcada pela vida e por tudo o que uma existência sofrida, mas feliz, possui: a capacidade de exprimir de forma simples e direta as dores do outro, o olhar do outro, a cicatriz do outro.
É como um refém da liberdade que o poeta se insinua imaginariamente por entre sopros (p. 18), ilusões (p.19), pássaros (p. 20), e palavras (p. 21) em seus poemas iniciais. O exercício pleno do ser vivo livre e certo das suas possibilidades ganha força logo no começo do livro e se desenvolve, perpassando outros tons durante o acontecer da obra.
Nesse sentido, ele mesmo poderia ironicamente desdenhar deste singelo prefácio, afirmando, quiçá, que isto “É velho, muito velho!” Pois bem, no Poema Velho, Walmir do Carmo presta, assim, a sua homenagem àqueles que serviram [e parecem ainda servir] de farol para o seu barco poético a navegar por entre os mares da vida. É aqui que o poeta revela toda a sua acidez verbal através de uma crítica feroz a autores, gêneros musicais e estéticos, em um evidente jogo de cena, entre contradições e conjunções que se casam sem qualquer problema no texto poético. Assim, depois de perpassar por nomes (de poetas e artistas em geral) e estilos (de arte e cultura), o poeta pode concluir algo aterrador: “Quer saber de uma coisa? Não leia a Bíblia! É velha/ Não reze para Deus! Não peça nada a Deus! Não agradeça nunca a Deus! É velho, muito velho”.
Mas, nem só de crítica estética e social se faz o pão-nosso-de-cada-dia, nos poemas de Walmir do Carmo. O poeta canta ainda a Terra mãe (p. 32), O espírito da mata (p. 33) e brinca com a chegada da TV (p.36) em nossa terra de uma forma lírica e leve, mostrando-nos o quanto de sedutor esse canal de entretenimento e informação possui, afinal, “Visitar pessoa na hora da TV antenada/ é ficar mudo na sala-de-estar/ e correr o risco de sair calado”.
Walmir do Carmo autografando seu livro de poemas.
Notamos, claramente, o tom irônico do bem que se torna um mal no cotidiano da gente.
Outro tema dentro do livro é o lamento. O lamento é aquilo que o poeta mais canta e com ele também as suas dores, as dores da cidade e as dores da vida. E mesmo frente a toda dificuldade e, até mesmo preconceito, afinal, Walmir do Carmo é negro e faz da sua negritude um motivo de orgulho para quem do negro tenta inescrupulosamente arrancar-lhes o sentido e a razão de ser. Por isso ele pode afirmar: “Tem gente que fala mal da gente/ e pensa que a gente não/ sabe os defeitos dessa gente”.
Ser negro não pode ser um mal ou um óbice para este poeta ser lido, cantado e repetido. Ser negro é mesmo o motivo pelo qual ele deve ser lido e recitado em Itabuna [e por entre as vielas dos bairros mais periféricos da cidade], que o poeta, tão cruamente canta e eleva à condição de musa inspiradora.
Sim, Itabuna parece ser a sua maior motivação estética, pois eis nas suas palavras o encanto que ela traz: “Eu gosto de te ver assim:/ ladeada de plantas e belos/ jardins que florescem a cada manhã/ Gosto de te ver assim:/ Sorridente e feliz”.
Itabuna e seus mistérios, Itabuna e suas belezas e desigualdades também é cantada aqui de forma simples e direta. Em muitos dos poemas dedicados aos recantos da terra, que ao poeta deu guarida, notamos o tom de agradecimento [e de denúncia, algumas vezes], a exemplo dos poemas: Gogó da Ema (p. 58), Palmeira Imperial do Hospital Santa Cruz (p. 62), Andanças (p. 64), e Catástrofe Urbana (p. 86). Neste último poema, Walmir do Carmo faz uma verdadeira declaração de amor para a cidade ao vê-la entregue a todo tipo de descaso e, por fim, afirma: “Juro, Itabuna, choro por você”.
Além desses temas, muitos outros visitam a escritura do poeta, no entanto, todo o drama humano no seu fazer cotidiano parece destacar-se dos demais, daí o poeta caminhar sempre só pelo mundo, sozinho numa solidão sem fim.
Portanto, poderíamos dizer a guisa de conclusão para esse singelo prefácio, que o caminhar humano sobre a terra compara-se ao arrastar-se lento e sem rumo de uma pequena traça, afinal, “A traça/ traça o troço/ e destroça/a ideia/ acumulada/ na memória/ Trôpego/ o homem cambaleia/e tenta recompor/ os versos/ da sua ébria poesia”. Essa aparente insignificância de uma traça estabelece o traço definitivo daquilo que ganha vida e lugar da poética cotidiana metamorfoseada em um grito de liberdade, proposta por Walmir do Carmo aqui neste seu “Essa gente e outros poemas”; pois, se somos uma traça, eis, enfim, que somos privilegiados por sermos, sim, no fim, uma traça pensante e poeticamente inserida em um mundo feito de esperança e fé.
Que os leitores, portanto, saibam, na leitura deste libreto de poemas, marcar a diferença entre o humano e uma traça. 
Boa leitura!

(Prefácio do livro por Lourival Piligra)

domingo, 3 de dezembro de 2017

EDUCAÇÃO É TEMA RECORRENTE!

Evasão escolar no Brasil

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Evasão escolar no Brasil", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I
A porcentagem de jovens que concluem o Ensino Médio na idade certa – até os 17 anos – aumentou em 10 anos, passando de 5%, em 2004, para 19%, em 2014. Os dados estão em um estudo do Instituto Unibanco, feito com base nos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há, no entanto, 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o ensino fundamental.
O estudo"Aprendizagem em Foco", divulgado nesta semana, mostra que, quanto maior a renda, mais os estudantes avançam nos estudos. Entre aqueles que concluíram o Ensino Médio na idade correta, a média de renda familiar por pessoa é R$ 885. Entre os que não terminaram o Ensino Fundamental, a média cai para R$ 436. O ingresso no mundo do trabalho e a gravidez na adolescência estão entre os fatores que levam os jovens a deixar a escola.(Disponível em: http://agenciabrasil .ebc.com.br/educacao/noticia/2016-02/13-milhao-de-jovens-entre-15-e-17-anos-abandonam-escola-diz-estudo - Acesso em: 1 set. 2017).

Texto II
O problema da evasão escolar preocupa a escola e seus representantes, ao perceber alunos com pouca vontade de estudar, ou com importantes atrasos na sua aprendizagem. Os esforços que a escola, na pessoa da direção, equipe pedagógica e professores fazem para conseguir a frequência e aprovação dos alunos não asseguram a permanência deles na escola. Pelo contrário, muitos desistem.
Nesse sentido, é preciso considerar que a evasão escolar é uma situação problemática, que se produz por uma série de determinantes.
Entender e interferir positivamente no processo da evasão escolar é um desafio que exige uma postura de desconstrução das verdades construídas pelos leitores, assumindo assim uma atitude reflexiva diante dos conhecimentos prévios acerca da evasão escolar. (Disponível em: http://www.educacao.go.gov.br/imprensa /documentos /Arquivos/.pdf - Acesso em: 1 set. 2017).

Texto III
Dentre os motivos alegados pelos pais ou responsáveis para a evasão dos alunos, são mais frequentes nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries/1º ao 9º ano) os seguintes: escola distante de casa, falta de transporte escolar, não ter adulto que leve até a escola, falta de interesse e ainda doenças/dificuldades dos alunos.
Ajudar os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar, falta de interesse e proibição dos pais de ir à escola são motivos mais frequentes alegados pelos pais a partir dos anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª séries) e pelos próprios alunos no Ensino Médio. Cabe lembrar que, segundo a legislação brasileira, o Ensino Fundamental é obrigatório para as crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, sendo responsabilidade das famílias e do Estado garantir a eles uma educação integral.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB9394/96) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um número elevado de faltas sem justificativa e a evasão escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes. Nesse sentido, cabe a instituição escolar valer-se de todos os recursos dos quais disponha para garantir a permanência dos alunos na escola. Prevê ainda a legislação que esgotados os recursos da escola, a mesma deve informar o Conselho Tutelar do Município sobre os casos de faltas excessivas não justificadas e de evasão escolar, para que o Conselho tome as medidas cabíveis. (Disponível em http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/ - Acesso em: 1 set. 2017).