domingo, 29 de abril de 2012

DISSERTAÇÃO DE CAUSA & CONSEQUÊNCIA


Do mesmo tronco dissertativo da argumentação, a Dissertação de Causa & Consequência é uma das mais comuns nos vestibulares e concursos, e a encontramos principalmente nos textos da imprensa em geral.

Vamos à prática. Você possui um tema para ser analisado, que é o seguinte:

Tema:

Constatamos que no Brasil existe um grande número de correntes migratórias que se deslocam do campo para as médias ou grandes cidades.
     
Para encontrarmos um (ou vários) argumento causal, perguntamos:

Por quê?

à ideia núcleo. Dentre as respostas possíveis, poderíamos citar o seguinte fato:

Causa:

A zona rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do homem no campo.

 
No sentido de encontrar uma consequência para o problema enfocado no tema acima, cabe a seguinte pergunta:


O que acontece em razão, em decorrência disso?

Uma das possíveis respostas seria:


Consequência:


 As cidades encontram-se despreparadas para absorver esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho.


Veja que a causa e a consequência citadas neste exemplo podem ser perfeitamente substituídas por outras, encontradas por você, desde que tenham relação direta com o assunto. As sugestões apresentadas de maneira nenhuma são as únicas possíveis.

ESTRUTURA:



EXEMPLO:

O PROBLEMA DAS CORRENTES MIGRATÓRIAS

Todos sabem que, no Brasil, há muito tempo, observa-se um grande número de grupos migratórios, os quais, provenientes do campo, deslocam-se em direção às grandes cidades, procurando melhores condições de vida.
Ao se examinar a fundo algumas das causas desse êxodo, verifica-se que a zona rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do homem no campo. Pode-se mencionar, por exemplo, os fatores climáticos, como a seca, a questão da má distribuição de terras e também a falta de incentivo à atividade agrária por parte do governo. Tudo isso contribui para o aumento considerável desse fluxo para as cidades industriais, capitais ou grandes centros financeiros.
Em consequência de tais fatores, vê-se, a todo instante, a chegada de enorme contingente de trabalhadores rurais ao meio urbano. As cidades encontram-se despreparadas para absorver esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho dignos. Cresce, assim, o número de pessoas vivendo à margem dos benefícios oferecidos por uma metrópole. Por falta de opção, dirigem-se para as zonas periféricas e ocasionam a proliferação de favelas.
Por tudo isso, pode-se admitir que a existência do êxodo rural somente agrava os problemas do campo e das próprias cidades. Fazem-se, portanto, necessárias algumas medidas por parte do governo e da sociedade para tentar fixar o homem na terra. Dessa forma, os cidadãos rurais e urbanos deste país encontrariam, com certeza, melhores condições de vida.
(Adaptado do livro Técnicas Básicas de Redação, Ed. Scipione)

sábado, 28 de abril de 2012

CARTA ARGUMENTATIVA



Características do texto argumentativo/persuasivo

Além de uma dissertação, a prova de um vestibular pode propor também uma carta argumentativa. O que diferencia a proposta da carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumentação que caracteriza cada um desses tipos de texto. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é freqüentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado).
É importante justificar por que se solicita que a argumentação seja feita em forma de carta. Acredite, essa é uma opção estratégica feita em seu próprio benefício. O pressuposto é o de que, se é definido previamente quem é seu interlocutor sobre um determinado assunto, você tem melhores condições de fundamentar sua argumentação.
Vamos tentar exemplificar, mais ou menos concretamente, algumas situações argumentativas diferentes, para que fique claro que tipo de fundamento está por trás desta proposta da Unicamp. Imagine-se um defensor ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumentativa seria necessariamente diferente se fosse solicitado a :
·                     escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever para o nosso "leitor universal";
·                     escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Católica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto;
·                     escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil;
·                     escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em seu LP de final de ano, uma música em favor da descriminação do aborto.
Você não concorda conosco? Não fica mais fácil decidir que argumentos utilizar conhecendo o interlocutor? É por isso que é tão importante que você, durante a elaboração do seu projeto de texto, procure representar da melhor maneira possível o seu interlocutor, uma vez conhecido.
Embora o foco desta proposta seja um determinado tipo de argumentação, o fato de que o contexto criado para este exercício é o de uma carta implica também algumas expectativas quanto à forma do seu texto. Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma linguagem compatível com o interlocutor (por exemplo, não se dirigir ao Papa com um jovial E aí, Santidade, tudo em cima?, muito menos despedir-se de tão beatífica figura com Pô, cara, tu é do mal!). Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar.

A estrutura de uma carta argumentativa

Parte 01: Local, data e vocativo (saudação inicial)
Identifica o interlocutor. A forma de tratá-lo vai depender do grau de intimidade existente. A língua portuguesa dispõe dos pronomes de tratamento para estabelecer esse tipo de relação entre interlocutores. O essencial é mostrar respeito pelo interlocutor, seja ele quem for. Na falta de um pronome ou expressão específica para dirigir-se a ele, recorra ao tradicional "senhor" "senhora" ou Vossa Senhoria.

Parte 02: Corpo do Texto, dividido em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.  
O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. A proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é freqüentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado).
Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar.

Parte 03: Saudação Final, Despedida.
Geralmente é utilizado “Respeitosamente” ou “Cordialmente” para o interlocutor que tem cargo hierárquico maior do que o de quem escreve; “atenciosamente” para quem tem cargo hierárquico igual ou abaixo. Também pode utilizar as fórmulas: “Sem mais para o momento, despeço-me” ou “Certos de contar com sua compreensão, pedimos deferimento” ou outra equivalente.

Parte 04: Assinatura/Cargo ou Função que ocupa.
De todos os textos, a carta é a única que deve levar assinatura. Mas atenção: leia atentamente o enunciado da questão para saber o que deve assinar: suas iniciais, o nome de um personagem, etc. Logo abaixo da assinatura, o cargo ou a função de quem escreve a carta.


Exemplo de carta argumentativa

São Paulo (SP), 29 de novembro 1992.

Prezado Sr. E.B.M.

Em seu artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo a 1.º de setembro, deparei com sua opinião expressa no Painel do Leitor. Respeitosamente, li-a e percebendo equívocos em suas opiniões quanto à veracidade dos motivos que colocaram milhares de jovens na rua, de maneira organizada e cívica, tento elucidar-lhe os fatos.
Nosso país, o senhor bem sabe, viveu muitos anos sob o regime militar ditatorial. Toda e qualquer manifestação que discordasse dos parâmetros ideológicos do governo era simplesmente proibida. Hoje, ao contrário daquela época, as pessoas conquistaram a liberdade de expressão e o país vive o auge da democracia. Assim, perante essa liberdade o Brasil evoluiu. Atravessamos um período de crises econômicas, mas as pessoas passaram a se interessar de maneira mais acentuada pelo seu cotidiano diante da própria liberdade existente. Dessa forma, deparamos com uma população ideologicamente mais madura.
Em sua carta enviada à Folha de São Paulo, o senhor assegura que a juventude é absolutamente imatura e incapaz de perceber a profundidade dos acontecimentos que a envolvem. Asseguro que tal opinião não é a mais justa. Nós já fomos jovens e sabemos perfeitamente que é uma época de transição.
Mudamos nossos conceitos, nossos desejos e nossa visão de mundo. Mesmo assim, determinados valores que assumimos como corretos persistem em nossas vidas de forma direta ou não. Não sei se o senhor tem filhos, mas eu invejo a concepção que os meus assumem perante inúmeros acontecimentos. São adolescentes, que se interessam pelos fatos políticos e se preocupam com o destino da nação, pois estão cientes de que num futuro próximo serão as lideranças do país.
Outro aspecto relevante em sua carta é o de dizer que a juventude, generalizadamente é indisciplinada. Tal opinião não condiz com a verdade. Nas manifestações pró "impeachment que invadiram o país visando a queda do Presidente Collor, não se viram agressões, intervenções policiais ou outras formas de violência. Fica, portanto, claro, que a manifestação dos chamados caras-pintadas não é vazia. Conscientes de que uma postura pouco organizada não lhes daria credibilidade, os jovens manifestaram-se honrosamente. Com isso, frente ao vergonhoso papel do próprio Presidente da República, Fernando Collor de Mello, a juventude demonstrou um grau de maturidade e percepção maior que o do próprio chefe de estado.
Vemos, com isso, que os jovens visam ao bem do país e o seu processo de conscientização não se deu de uma hora para outra. Assim, dizer que a juventude é motivada pelo espírito da época, visando ao hedonismo é errôneo. Nossos jovens, senhor E.B.M., são reflexos da liberdade existente no país e a sua evolução político-ideológica.

Sem mais, despeço-me.

K.C.M. de M. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

TIPOS DE PARÁGRAFOS DISSERTATIVOS:


DEDUTIVO:

Forma clássica, é o parágrafo que sempre inicia abordando algo sobre o tema (ideia núcleo) e finaliza com os argumentos (ideias secundárias):

Ex.: A greve da PM na Bahia foi deflagrada no início de 2012, trazendo por parte dos policiais inúmeras reivindicações, tais como a votação da PEC 300, o pagamento das gratificações salariais e também a melhoria da infraestrutura da segurança pública.

INDUTIVO:

Forma mais criativa e arrojada, é o parágrafo que inicia fazendo uma incursão sobre os argumentos, causando uma curiosidade no leitor, deixando-o apreensivo, e termina com a revelação do tema (tópico frasal, assunto):

Ex.: Reivindicando a votação da PEC 300, o pagamento das gratificações salariais e também a melhoria da infraestrutura da segurança pública, a PM do estado da Bahia deflagrou greve no início de 2012.

ABDUTIVO:

É o parágrafo que trabalha com ideias hipotéticas, ou seja, a abdução é o processo para formar hipóteses explicativas.

Ex.: Ainda paira no ar a sensação de que a greve da PM no estado da Bahia não foi bem digerida pela sociedade. Mesmo tendo por reivindicação a votação da PEC 300, o pagamento das gratificações salariais e também a melhoria da infraestrutura da segurança pública, a população se pergunta se valeu realmente a pena.

LEMBRE-SE: NÃO HÁ VITÓRIA SEM TREINO!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

ESTRATÉGIA PARA ESCREVER


ESCOLHA UM TEMA DE VESTIBULAR E RESPONDA AS QUESTÕES ABAIXO:

Qual o tema do seu texto?





PONTO DE VISTA (Só é necessário criá-lo quando o tema dado é muito amplo, genérico. Caso seja um tema já delimitado, só copie abaixo)



Qual o seu objetivo? (Inicie com um verbo no infinitivo. O que você quer provar com o seu texto?)





ESTRUTURA DO TEXTO

INTRODUÇÃO: Como pretende abordar o tema?




DESENVOLVIMENTO: Seus argumentos, no mínimo 02 e no máximo 03:

1)


2)


3)


CONCLUSÃO: Qual (is) a(s) crítica (s) ou solução (ões) possível (is) para o problema abordado?






Sabendo para onde se vai, consegue-se chegar a algum lugar.

Boa Sorte!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

TEXTOS DE CARÁTER BIOGRÁFICO / AUTOBIOGRÁFICO


Marcas características do Diário:

·     Datação;
·     Dêiticos;
·     Dados factualmente verificáveis;
·     Registro de língua familiar;
·     Confidências.
_Defasamento entre as datas dos excertos (não é obrigatória a existência de um registro diário);
_Ordem cronológica das notas;
_Caráter fragmentário (não há, necessariamente, um encadeamento lógico entre os registros);
_Leitura descontínua (a leitura do registro de um determinado dia não obriga à leitura dos registros anteriores, sem que a compreensão fique forçosamente prejudicada com isso).

Gênero memorialístico:

_Papel da memória (os acontecimentos são passados pelo crivo da lembrança. Esta, por vezes, necessita de ajudas: os memorialistas socorrem-se de documentação diversa, como o diário íntimo, as cartas, os jornais,...);
_Escrita sobre si mesmo (“retrato de uma voz”);
_Relevância do acontecimento narrado;
_Fundo histórico-cultural (testemunho dum tempo e dum meio, somando ao relato de casos pessoais e familiares o de acontecimentos históricos e políticos);
_Valor documental do texto (o memorialista presta um serviço aos vindouros, legando-lhes um testemunho).

Autobiografia:

_É, como o próprio nome indica, uma biografia redigida pelo próprio. O autor narra, na primeira pessoa, acontecimentos que seleciona da sua própria vida, em geral para caracterizar a sua personalidade.
_O relato autobiográfico tem, em geral, um caráter mais expressivo do que informativo.

Biografia:

_É um documento escrito que conta a vida de uma determinada personalidade, respeitando a ordem cronológica.
_Na biografia devem constar datas, lugares, pessoas, acontecimentos marcantes da vida dessa personalidade.
_A biografia é redigida na terceira pessoa e pode apresentar-se, quer como um relato meramente informativo, quer como uma narrativa em que se evidenciem e valorizem aspectos marcantes do percurso do biografado.
_A biografia, conforme, por exemplo, o fim a que se destina, pode ter formas muito distintas que vão da simples nota biográfica ao livro.

sábado, 21 de abril de 2012

CRITÉRIOS GERAIS PARA CORREÇÃO DE REDAÇÃO


São quatro aspectos ou critérios que quaisquer bancas examinadoras de Vestibulares, ENEM e Concurso corrigem as redações:

1. Aspecto Estético (tem caráter obrigatório, por se tratar de um documento, de um texto formal. Não se ganha ponto pelo acerto, só desconta!)

·        Nunca rasure ou borre;
·        Sobreposições;
·        Margens regulares;
·        Paragrafação bem feita;
·        Local do título;
·        Observe a quantidade de linhas solicitadas na prova;
·        Legibilidade (Cuidado! Só este aspecto estético pode eliminar o seu texto).

2. Aspecto Gramatical (todo o componente responsável pela expressão, as regras, as características formais da língua)

·        Faça a concordância e a flexão correta dos tempos verbais;
·        Não fragmente a frase, separando o sujeito do predicado;
·        Cuidado com a separação silábica;
·        Cuidado com a pontuação, acentuação e ortografia;
·        Use corretamente os pronomes;
·        Eco textual;
·        Termos coloquiais;
·        Emprego equivocado do gerúndio.

3. Aspecto Estilístico (Maneira, estilo, jeito que cada um escreve. Pode-se pedir o mesmo tema para milhares de estudantes e cada um fará o seu próprio texto!)

·        Evite repetição de palavras;
·        Não escreva períodos muito curtos (que travam o texto) nem muito longos (que possibilitam o erro);
·        Cuidado com o abuso do “e”, “mas”, “que”, “pois”;
·        Não seja prolixo;
·        Marcas da Oralidade;
·        Cuidado com o internetês ou com siglas;
·        Uso inadequado do “onde”;
·        Uso de palavras desnecessárias ou ideias repetidas.

4. Aspecto Estrutural (Critérios mais valiosos, desconta e elimina em quase todos eles)
·        Observe a estrutura solicitada;
·        Organização das ideias;
·        Não fuja do tema proposto;
·        Não faça os parágrafos/ideias incompletos, ingênuos, intimistas, racistas, etc.;
·        Não escreva em verso ou a lápis;
·        Informatividade conta muito ponto;
·        A originalidade é fundamental;
·        Cuidado com a coerência e coesão, regras de ouro na dissertação.

AGORA, MÃOS À OBRA!

terça-feira, 17 de abril de 2012

COERÊNCIA TEXTUAL

Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, convencer, discordar, ordenar, etc., ou seja, o texto é uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como uma frase não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que há coerência.
A coerência é resultante da não contradição entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual é pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será pressuposto para o(s) que lhe suceder (em), formando assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há quebra nessa concatenação, ou quando um segmento textual está em contradição com um anterior, perde-se a coerência textual.
A coerência é também resultado da adequação do que se diz ao contexto extraverbal, ou seja, àquilo a que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo receptor.
Ao ler uma frase como: “No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará, Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar”, percebemos que ela é incoerente em decorrência da incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da realidade com o que se relata. Sabemos que, considerada uma realidade “normal”, em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!).
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerência ao texto – nesse caso, o texto seria a “anormalidade” e prevaleceria a coerência interna da narrativa.
No caso se apresentar uma inadequação entre o que informa e uma realidade “normal” pré-conhecida, para guardar a coerência ao texto deve apresentar elementos lingüísticos instruindo o receptor acerca dessa anormalidade.
Uma afirmação como: “Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do décimo andar e não sofreu nenhum arranhão.” É coerente na medida em que a frase inicial (“Foi um verdadeiro milagre!) instrui o leitor para a anormalidade do fato narrado.

COERÊNCIA DISSERTATIVA

Na dissertação apresentamos argumentos, dados, opiniões, exemplos, a fim de defender uma determinada idéia ou questionar determinado assunto.
Se, por exemplo, numa dissertação, expusermos argumentos, dermos exemplos e dados contraditórios a privatização de empresas estatais, não poderemos apresentar como conclusão que a Petrobrás deve ser imediatamente privatizada, pois tal conclusão estaria em contradição com os pressupostos apresentados, tornando o texto incoerente.
Nas dissertações, a coerência é decorrente não só da adequação da conclusão ao que foi anteriormente apresentado, mas da própria concatenação das idéias apresentadas na argumentação.
Você pode até não concordar com as opiniões apresentadas por Darcy Ribeiro no texto As Guerras do Brasil (aliás, muita gente também não concorda). Pode até achar, como muitos, que o brasileiro é um povo cordial. Mas não há o que discutir: Darcy Ribeiro produziu um texto coerente. A partir da tese de que nossa história é marcada por conflitos de toda a ordem, ele nos apresenta argumentos que estão adequados a esse pressuposto – os conflitos violentos no Pará (Cabanagem), em Alagoas (Palmares) e na Bahia (Canudos) – para chegar a uma conclusão que retoma a tese apresentada inicialmente.
Na produção de textos dissertativos, muitas vezes discutimos assuntos polêmicos sobre os quais não há consenso. Em dissertações que discutem temas como a pena de morte e a legalização do aborto, estão presentes convicções de natureza ética e religiosa que variam de indivíduo para indivíduo. Portanto, qualquer que seja a tese que defendamos, sempre haverá pessoas que discordarão dela. O que importa em um texto dissertativo não é a tese em si, pois como vimos as pessoas têm – felizmente – opiniões diferentes sobre um mesmo tema, mas a coerência textual, ou seja, a argumentação deve estar em conformidade com a tese e a conclusão deve ser uma decorrência lógica da argumentação.

COERÊNCIA NARRATIVA

Nas narrações atribuímos ações a personagens. Essas ações se sucedem temporalmente, isto é, uma ação posterior pressupõe uma ação anterior com a qual não pode estar em contradição, sob pena de tornar a narração inverossímil.
Se, num primeiro momento, afirmamos que um determinado personagem, ao sair para fazer compras, deixou em casa o único talão de cheques que tinha, não podemos, em seguida, dizer que ele pagou as compras que fez com um cheque. Teríamos um caso de incoerência narrativa: quem não tem cheque não pode pagar com cheque.
Nas narrações, as incoerências também podem ser decorrentes da caracterização do personagem com relação às ações atribuídas a ele. Se um determinado personagem é, no início da narração, caracterizado como uma pessoa que não suporta animais, não podemos dizer em seguida, sem apresentar uma justificativa convincente, que ele criava em casa cachorros e passarinhos. A ação “criar cachorros e passarinhos” está em contradição com pressuposto apresentado de que “ele não suporta animais”.
Certamente você já deve ter assistido a um julgamento (pelo menos em filmes). Nele, juízes, promotores e advogados tentam estabelecer a verdade dos fatos, procurando descobrir incoerências no depoimento de acusados e testemunhas. Se uma testemunha afirmar que, na noite de um crime ocorrido numa rua escura da cidade, estava a duzentos metros de distância do fato e que viu claramente que o assassino tinha olhos azuis e bigodes e que atirou com uma arma de cabo marrom, seu depoimento não deverá ser considerado devido à falta de coerência narrativa, ou seja, naquelas circunstâncias ele não poderia ter visto o que disse que viu.

COERÊNCIA DESCRITIVA

Nas descrições apresentamos um retrato verbal de pessoas, coisas ou lugares, enfatizando elementos que os caracterizam. Se se trata da descrição de um funeral, recorremos a figuras como “roupas negras”, “pessoas tristes”, “coroas de flores”, “orações”, etc. Nesse caso, as figuras utilizadas são coerentes com a cena que está sendo descrita.
Se descrevermos um dia ensolarado de verão, não podemos afirmar que as pessoas andam nas ruas protegidas por pesados casacos, pois essa descrição seria incoerente, já que a figura “pesados casacos” está em contradição com o pressuposto “dia ensolarado de verão”.
Na produção de um filme (e também de novelas e minisséries para televisões), certas cenas, por motivos técnicos, muitas vezes não são feitas num mesmo dia. Para garantir que o filme não apresente incoerências, existe um profissional responsável pela continuidade das cenas.
Imagine que num dia começa-se a gravar uma cena em que um personagem vai ao banco pedir um empréstimo ao gerente e que a continuidade da gravação dessa cena venha a ocorrer no dia seguinte. Se, na primeira gravação, o personagem entra num banco vestido com uma blusa azul, no dia seguinte ele deverá estar vestindo a mesma camisa azul.
A função desse profissional é impedir que haja discrepâncias na continuidade do filme. Imagine a estranheza dos espectadores se, ao entrar no banco, o personagem estivesse usando uma camisa azul e, ao sentar-se na mesa do gerente, vestisse uma camisa amarela!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

COESÃO TEXTUAL

Um texto apresenta coesão quando há conexão e harmonia entre as partes que o compõem. Consideramos como elementos de coesão as palavras ou expressões que estabelecem a transição de idéias, os elos para criar as relações entre frases e parágrafos – pronomes, advérbios e conjunções, como mas, portanto, dessa forma, porque, uma vez que, assim, embora, apesar de, entre outros.
Cada elemento de coesão mantém determinado tipo de relação e, por isso, é necessário atentar muito bem para o seu uso. Vejamos alguns exemplos:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra”
Nesse texto, os elementos de coesão foram utilizados de forma correta:
1-          A palavra porque está iniciando a oração que estabelece a causa do protesto: “consideram injusta a atual distribuição de terra”.
2-          A palavra porém está iniciando a oração que estabelece um contraste de idéias: protesto (para os sem-terra) X ato de rebeldia ( para o ministro).
3-          A expressão uma vez que está iniciando a oração que estabelece a causa da indignação do ministro “o projeto da Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra”.
Quando se usa o elemento de coesão inadequado, o enunciado certamente fica prejudicado, pois pode não só mudar o sentido pretendido, mas também produzir idéias absurdas:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porém consideram injusta a atual distribuição de terras”
Logo, para se obter um bom texto, não basta ter boas idéias. É preciso também ordená-las e cuidar da disposição das palavras nas frases, a fim de que a redação seja um conjunto harmonioso.

MECANISMOS DE COESÃO

Há vários elementos no idioma que permitem o mecanismo de coesão. Alguns deles, são:

1-   Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Ex: Embora não estivessem gostando muito, eles participavam da festa.

2-   Emprego adequado de pronomes, conjunções, preposições, artigos:
Ex: O papa João Paulo II visitou o México. Na capital mexicana sua Santidade beijou o chão. As pessoas tinham a certeza de que o papa lhes guardava respeito e as amava.

3-          Emprego adequado de construções por coordenação e subordinação:
Ex: “Amanhece. Poucos barulhos se ouvem. Logo mais a cidade vai ferver. Um carro aqui. Um ônibus. Duas motos. Alguém buzina duas vezes, depois três vezes, mais uma buzina insistente. A mocinha de uniforme grita pela janela que já vai. O pai na direção (deve ser um pai, porque está impaciente, de terno e gravata) tamborila os dedos na direção do carro, que não é carro do ano, logo se vê pelo ar meio baça da lataria...”
(Note que o texto foi inicialmente construído por um encadeado de orações coordenadas e depois, lentamente, foram sendo introduzidas as subordinadas.

4-   Emprego adequado do discurso direto, indireto e indireto livre:
DD= “Maria Eugenia chegou cedo e perguntou:
         - Paulinho já saiu?
         Claudia respondeu:
         - Ele ainda está dormindo”.
DI= “Maria Eugenia chegou cedo e perguntou se Paulinho já havia saído. Cláudia respondeu-lhe que ele ainda estava dormindo”.

5-   Emprego adequado de vocabulário (coesão lexical):
Ex: “A China é um país fascinante, onde tudo é dimensionado em termos gigantescos. O país amarelo é uma civilização milenar. O grande dragão oriental abriga, na terceira maior extensão territorial planetária cerca de 01 bilhão e 100 mil habitantes”.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

TREINANDO DISSERTAÇÃO DE TEMA POLÊMICO:


1) A legalização da maconha volta ao debate na sociedade.
Arg. Favoráveis:                                Arg. Contrários:


2) As cotas nas universidades brasileira para alunos de escola pública parece que vieram para ficar.
Arg. Favoráveis:                               Arg. Contrários:


3) O uso dos alimentos transgênicos (OGM’s) gera dúvida e polêmica no Brasil.
Arg. Favoráveis:                              Arg. Contrários:


4) A maioridade penal é sempre discutida quando um menor de idade comete um crime.
Arg. Favoráveis:                             Arg. Contrários:


5) A pena de morte deveria ser posta em prática no país?
Arg. Favoráveis:                            Arg. Contrários:


6) A liberação do aborto, segundo o ministro da saúde, é uma questão de saúde pública.
Arg. Favoráveis:                            Arg. Contrários:


7) A prática da eutanásia leva a um debate sobre o seu uso como forma de aliviar o sofrimento.
Arg. Favoráveis:                          Arg. Contrários:


8) O casamento entre pessoas do mesmo sexo é motivo de divergências no Brasil.
Arg. Favoráveis:                          Arg. Contrários:


9) A troca de arquivos na internet, como músicas e filmes, deve ser permitida?
Arg. Favoráveis:                         Arg. Contrários: