sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CERTOS MISTÉRIOS DA ESCRITA



Escrever tem que ser um estado da alma em crise. Escreve-se para esquecer naturalmente o que não conseguimos na existência cotidiana. Logo, a escrita tem uma necessidade fisiológica expressando o espírito em chamas!
A praticidade do ‘escrever para...’ da sala de aula e congêneres é, no mínimo, um fingimento. Está mais para uma atitude totalitária dos ‘expertos’, para estampar conteudismos em provas obsoletas.
É claro que existem praticidades interessantes na escrita, como a dos veículos de informação e dos textos pessoais (a exemplo de memorial, diário, bio. e autobiografia, etc.).
Mas escrever com o coração e a mente no bico da caneta é diferente. É algo mais verdadeiro, mais condizente com aquela necessidade dita acima, aliás, voraz e devastadora, quando sincera.
Por outro lado, a felicidade, ou seja, o estado da alma benéfico para o si, não produz bons textos, senão arremedos superficiais de autoajuda, de espiritualismo barato, de obviedade anímica, de fuga do real. Quando se está vivendo o êxtase, o fulgaz e o efêmero não provocam. Já nos estados de angústia, qualquer coisa que fuja do ‘comum’ vira tese de mestrado!
Portanto, quando for escrever algo, é importante sair do clichê, do repetitivo, para ter marca autoral, isto é, a marca daquele que escreve, a marca daquele que quer passar pelo mundo e deixar sua assinatura, enfim, a marca de que se é um sujeito ativo, inteligente e criativo.
Originalidade é tudo!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

UMA BREVE ANÁLISE REDACIONAL DE “UM APÓLOGO”, DE MACHADO DE ASSIS



Gustavo Atallah Haun[1]

1. INTRODUÇÃO

A fábula escrita pelo Bruxo do Cosme Velho, Um Apólogo, é considerada uma das mais lidas e atuais de sua lavra. O texto simples, escrito na década 80, do século XIX, traz um recorte interessante da sociedade da época e muitas inovações do ponto de vista narrativo.

1.1 O INUSITADO FOCO NARRATIVO

Se a base de todos os textos de caráter narrativo é o narrador, sem ele naturalmente não há estória, Machado de Assis (doravante MA) faz uso de um narrador que no princípio é onisciente: “Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:” (1º§).
Os leitores de Um Apólogo, no entanto, podem se deparar com elementos do tipo: “Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa” (16º§, grifos nossos), indicando aí uma participação ou, no mínimo, uma intromissão do foco narrativo.
Da mesma forma, acontece no penúltimo parágrafo (23º§, grifos nossos): Contei esta história (...)”, e só então é percebido que a estória toda fora narrada a outra pessoa – um emblemático professor de melancolia –, tratando-se de uma mescla entre o que está sendo narrado no tempo psicológico (narração-onisciente) e no tempo cronológico (narração-participante ou intromissão do narrador).
Não bastasse essas inovações, MA faz uso de um narrador irônico, no pequeno trecho: “(...) entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética.” (16º§). Como crítico do romantismo que era na fase realista, Machado distrai os leitores com uma intromissão do narrador, citando a deusa grega, com seus cães caçadores, para criar uma imagem que representasse a costureira em ação, com a agulha e a linha. “Somente” para dar ao texto uma tonalidade poética, já que estava muito crua, muito fanfarrona, muito desgastada com o atrito das duas personagens principais até então. Ironia à parte, o fragmento também se configura como uma intromissão do narrador.

1.2 OS PEQUENOS-GRANDES PERSONAGENS

O texto machadiano apresenta dois personagens principais logo no primeiro parágrafo sem, contudo, indicar se há protagonismo e antagonismo. Na verdade, o novelo de linha e a agulha são anti-heróis: os dois brigam, disputam, duelam por vaidade, por orgulho, por mero egoísmo, o que faz a natureza de ambos serem semelhantes e suspeitas.
Se do ponto de vista da importância eles são principais, a caracterização dos dois é plana ou linear, já que não há complexidade, mistério, transformações dos personagens ao longo da trama. Talvez a agulha, por no fim se dar mal e se sentir humilhada, poder-se-ia caracterizá-la como uma personagem esférica ou redonda, mas ao ler o conto percebe-se que a natureza dela não é mudada. A impressão é que o orgulho e a vaidade permanecem, apesar de tudo.
Os demais atores são todos secundários e igualmente planos: baronesa(16º§), costureira(16º§), modista(16º§), alfinete(21º§) e professor de melancolia(23º§).

1.3 O EQUÍVOCO DO TEMPO

A um leitor despreparado o texto camufla o tempo em cronológico e somente no fim ele se mostra, aos que percebem, como psicológico.
Inicialmente o tempo da estória não se mostra, nunca se saberá a época em que ela se passa, mas é de suspeitar que seja uma época de gala, de muita pompa e riqueza, já que são retratados fatos da casa de uma baronesa, que frequenta bailes e dança com ministros e diplomatas.
Já o tempo cronológico é marcado na seguinte passagem:

“(...) Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se.” (18º e 19º§, grifos nossos)

Assim fica delimitado o lapso temporal, em torno de quatro, cinco dias, passa-se toda a fábula machadiana.
Detalhe para a ironia “acabou a obra”: será que Machado está comparando um simples vestido de baile a uma obra artística? Ou quem sabe ao trabalho manual digno de uma artista?
E, então, somente é revelada a verdade para os leitores na penúltima parte, quando tudo parece solucionado:

“Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”(23º e 24º§)

Está resolvido o quebra-cabeça. O narrador da fábula estava contado uma estória ao simbólico “professor de melancolia” (nos dias atuais seria professor de depressão), e este se identificou com a narrativa. Conclusão: tudo se passa na memória e na imaginação do agora narrador-personagem secundário, só desvendado no final, ou seja, a estória toda é em tempo psicológico.

1.4 OS ESPAÇOS DA AÇÃO

O espaço reduzido da trama, que inclusive já foi citado acima, não tem muita importância, nem descrições pormenorizadas, cuidado especial, etc. Fica-se sabendo do lugar em que tudo ocorre nas passagens: “(...) quando a costureira chegou à casa da baronesa. (...) em casa de uma baronesa(16º§, grifos nossos) e também: “E era tudo silêncio na saleta de costura” (18º§, grifos nossos).
Há uma amostragem, embora superficial, do castigo imposto à perdedora da intriga, que indica o espaço em que habitará futuramente a agulha: “(...) enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?” (21º§, grifos nossos). Isso pode refletir o nada que a espera, o espaço adequado à sua desimportância no mundo.

1.5 O ENREDO ENTRELAÇADO

Como um verdadeiro bruxo, misturando todas as suas essências em um mesmo caldeirão, MA inova também no enredo, na espinha dorsal do seu texto curto, fazendo uma mistura entre a estrutura narrativa denominada clássica.
A apresentação do texto é feita no primeiro parágrafo (“Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha”) e aí os distraídos pensam que ela acabou. Ledo engano.
Há uma intercalação da complicação, feita do 2º ao 15º parágrafos, quando a agulha e o novelo de linha entram em atrito. Notadamente essa parte é feita em discursos diretos, tirando do narrador toda a ação ou pensamentos que pudessem desviar dos objetivos do momento.
Então, como se nada mais se esperasse, eis que retorna a apresentação, continuando o que seria a introdução (indicação dos personagens, do tempo, do espaço, na situação inicial):

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:” (16º§)

Dessa forma, há um breve retorno também à complicação, quando a agulha retoma o debate, tentando irritar a linha:

“— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...” (17º§)

A linha ficou quieta para não dar corda aos devaneios daquela, e as duas seguiram os seus trabalhos e o tempo foi passando.
Só então o leitor é elevado ao clímax da fábula (19º ao 22º), quando o narrador revela todo o suspense, toda a expectativa: a agora importante linha vai ao baile dançar com ministros e diplomatas, enfeitando a sua dona, e a agulha, humilhada, é consolada pelo alfinete de cabeça grande e não menor experiência, indo parar no cestinho das aias.
Por fim, o desfecho é feito nos dois últimos parágrafos (23º e 24º), em tempo cronológico, retomando a realidade ente o narrador e o professor de melancolia.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O texto supracitado, escrito em pleno século XIX, para uma época afrancesada, chamada de belle époque, é uma crítica mordaz aos costumes, à superficialidade e ao estilo de vida já naqueles tempos idos.
Através de objetos inanimados, Machado cria a sua fabuleta incorporando atos humanos, ou desumanos como queiram, fazendo a todos enxergarem a condição precária do homem: egoísta, vaidoso, orgulhoso, prepotente.
Ao leitor superficial, nada parecerá mais do que uma briga entre uma agulha e um novelo de linha pelos fatores acima descritos, uma querendo ser mais importante do que a outra.
Já ao leitor mais crítico, afeito aos textos complexos, verá particularidades de vidas marcadas por bajuladores, aproveitadores, seres parasitas que se esfalfam com o trabalho alheio e, claro, ficam com todos os créditos, com todos os louros.
Esse tal “professor de melancolia” representa uma figura altamente imagética no conto: um ser que ensina tristeza, que é mestre em depressão, que é catedrático em nostalgia e em se dar mal, ser passado para trás. Ele tem servido de agulha (de desbravador, de aventureiro, de lutador, embora arrogante e querendo reconhecimento) a muita linha ordinária, ou seja, àqueles que montam nas costas dos pioneiros para realizar a labuta mais ínfima, mais fácil, e, no entanto, levar toda a glória.
Quantos não se veem assim nas empresas, nos cargos públicos, em todas as áreas da atualidade?
Machado de Assis de ontem se mostra, acima de tudo, um sensível visionário da alma humana, mesquinha e medíocre ainda hoje, em meados do século XXI.
  
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


ASSIS, MACHADO DE. Para Gostar de Ler - Volume 9 – Contos. Editora Ática: São Paulo, 1984. P. 59.

CARA, Salete de Almeida. Machado de Assis nos anos 1870: A Preparação do Romance Realista. In: O Bruxo do Cosme Velho. Machado de Assis no Espelho. São Paulo: Alameda, 2004. P. 29 a 49.

GANCHO, Cândida Vilares. Como Analisar Narrativas. Série Princípios. São Paulo: Editora Ática, 1991.

GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Os Leitores de Machado de Assis. O romance Machadiano e o Público de Literatura no Século 19. São Paulo: Edusp. P. 138 a 147.

MIGUEL-PEREIRA, Lúcia. Machado de Assis. In: Prosa de Ficção (De 1870 a 1920). [SR]




[1] Graduado em Letras pela UESC, professor de Redação dos Ensinos Fundamental, Médio e Pré-Vestibulares de Itabuna. Escreve semanalmente em jornais e sites de Itabuna e Ilhéus.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

EVENTO CULTURAL

LANÇAMENTO DE LIVRO


Antonio Naud Júnior é um premiado e genial escritor grapiúna. De prosa forte e poesia não menos intensa, vale a pena conferir o lançamento desse viajor do planeta, errante natural!

Lançamento: Pequenas Histórias do Delírio Peculiar Humano

Preço: ?

Dia: 28/08 - terça-feira

Local: Sala Zélia Lessa (ao lado da Escola Profissionalizante), Centro, Itabuna - BA.

Horário: 19h

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

QUATRO CONTOS CURTOS



A QUEM INTERESSAR POSSA

Abriu a janela no exato momento em que a garrafa com a mensagem passava, levada pelo vento. Pegou-a pelo gargalo e, sem tirar a rolha, examinou-a cuidadosamente. Não tinha endereço, não tinha remetente.

Certamente, pensou, não era para ele. Então, com toda delicadeza, devolveu-a ao vento.

A PAIXÃO DA SUA VIDA

Amava a morte. Mas não era correspondido.

Tomou veneno. Atirou-se de pontes. Aspirou gás. Sempre ela o rejeitava, recusando-lhe o abraço.

Quando finalmente desistiu da paixão entregando-se à vida, a morte, enciumada, estourou-lhe o coração.

CONTO EM LETRAS GARRAFAIS

Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro sua mensagem, e a entregava ao mar.

Nunca recebeu resposta.

Mas tornou-se alcoólatra.

DE CABEÇA PENSADA

Tinha 30 anos quando decidiu: a partir de hoje, nunca mais lavarei a cabeça. Passou o pente devagar nos cabelos, pela última vez molhados. E começou a construir sua maturidade.

Tinha 50, e o marido já não pedia, os filhos haviam deixado de suplicar. Asseada, limpa, perfumada, só a cabeça preservada, intacta com seus humores, seus humanos óleos. Nem jamais se deixou tentar por penteados novos ou anúncios de xampu. Preso na nuca, o cabelo crescia quase intocado, sem que nada além do volume do coque acusasse o constante brotar.

Aos 80, a velhice a deixou entregue a uma enfermeira. A qual, a bem da higiene, levou-a um dia para debaixo do chuveiro, abrindo o jato sobre a cabeça branca.

E tudo o que ela mais havia temido aconteceu.

Levada pela água, escorrendo liquefeitas ao longo dos fios para perderem-se no ralo sem que nada pudesse retê-las, lá se foram, uma a uma, as suas lembranças.


Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

domingo, 26 de agosto de 2012

DOMINGO TAMBÉM É DIA DE ESTUDO!

"Ler é evitar que a alma enfarte" - Jorge Araújo.

O Blog de Redação tem a honra de contar com a sua presença. Aproveite todo o conteúdo, acessando o sumário do Acesso Rápido, aqui ao lado.


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Veja todos os gêneros e tipos de texto postados, tire as dúvidas e aprenda as características de cada um deles, principalmente os que caem em vestibulares, concursos e Enem.

Boa visita a todos!

sábado, 25 de agosto de 2012

CONTO SOBRE MÚSICAS INFANTIS



— E aí, véio?

— Beleza, cara?

— Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

— Quer conversar sobre isso?

— É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?

— Como assim?

— Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?

— Nunca.

— Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?

— Como assim, véio?

— Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!

— Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.

— Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.

— Tipo o quê?

— Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!

— Caramba! Mas por que ela fez isso?

— Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

— Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.

— E sabe a Francisca ali da esquina?

— A Dona Chica? Sei sim.

— Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.

— Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.

— Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe mesmo... Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.

— Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.

— Mas é ruim saber que o casamento deles não está dando certo... Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele passar desfilando e tal.

— Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.

— É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo, ela disse que a vizinha cria perereca na gaiola... já viu... essa rua só tem doido...

— Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?

— É mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.

(Anônimo, enviado por e-mail)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

METODOLOGIA DE ARTIGO CIENTÍFICO

Aprenda a fazer um artigo científico.


Para a elaboração do artigo científico, é necessário seguir orientações conforme adaptação das Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas para Trabalhos Acadêmicos NBR`s 6022/1994, 6023/2002 e 10520/2002.
1. Tipo de fonte ARIAL.
2. Papel formato A4: 210mm X 297mm.
3. Margens:
3.1 Superior 3cm;
3.2 Inferior 2cm;
3.3 Esquerda 3cm;
3.4 Direita 2cm.
4. Espacejamento: entre linhas e entre parágrafos é 1,5;
5. Parágrafos: justificados;
6. Numeração de páginas: no canto superior direito iniciando na introdução do trabalho;
7. Estruturas de parágrafos: iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o início (apor um recuo no começo do parágrafo).
8. Tamanho da fonte:
8.1 No título do artigo (em letras maiúsculas) = 12;
8.2 No nome do(s) autor(es) = 10;
8.3 Na titulação (nota de rodapé) 10;
8.4 No resumo = 10;
8.5 Nas palavras-chave = 12;
8.6 Na redação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) = 12;
8.7 Nas citações longas = 10
8.8 Nas referências = 12.
9. Citação:
      9.1 Destacar a fonte em negrito itálico, quando citação breve de até três linhas no mesmo parágrafo;
      9.2 Utilizar um recuo maior do parágrafo, quando citação longa, com tamanho da fonte       9.3 Atentar para NBR 10520/2002;
      9.4 Apor o sobrenome do autor, ano da publicação da obra e número da página. 
10. Aplicar espaço simples no parágrafo (não é necessário negrito nem itálico) no parágrafo;

Título do Artigo (Modelo de estrutura)

(APOR O NOME DO TEMA ABORDADO; CENTRALIZADO EM LETRAS MAIÚSCULAS; TAMANHO DA FONTE 12)
Apor dois espaços 1,5
 Resumo: elaborar um resumo para convidar o leitor para a leitura do artigo, um parágrafo estruturado de cinco a dez linhas, sobre o tema indicando os objetivos do estudo desenvolvido com espaço entre linha simples; tamanho da fonte 10; com parágrafo justificado.

Apor dois espaços 1,5

Palavras-chave: escolher entre três e cinco palavras importantes sobre o tema que foi desenvolvido, e apor como palavras-chave do artigo (fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafo justificado).

Apor dois espaços 1,5

Iniciar a redação sobre o tema com estruturação de parágrafos, introdução, desenvolvimento e conclusão de forma clara e ortograficamente correta. (tamanho da fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafos justificado).

Apor dois espaços 1,5

Iniciar em ordem alfabética as Referências, conforme modelo e adaptação da NBR 6023/2002.
O artigo é uma pequena parcela de um saber maior, cuja finalidade, de um modo geral, é tornar pública parte de um trabalho de pesquisa que se está realizando. São pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria para um livro.

Estrutura do Artigo

1. PRELIMINARES

- Cabeçalho – Título (subtítulo) do trabalho
- Autor(es)
- Crédito dos autores (formação, outras publicações)

2. RESUMO DO TEXTO

3. PALAVRAS-CHAVE

4. CORPO DO ARTIGO

- Introdução – apresentação do assunto, objetivos, metodologia
- Corpo do Artigo – texto, exposição, explicação e demonstração do material; avaliação dos resultados
- Conclusões e comentários – dedução lógica

5. PARTE REFERENCIAL

- Referências bibliográficas
- Apêndices ou anexos

Obs. O Artigo Científico requisitado pelo curso de Psicanálise à Distância do CAEEP deve conter entre 3 a 4 páginas, no máximo. Deve ser redigido em fonte arial 12.

Referências:

D’ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. 2a.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 4a. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 4a.. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001

Finalidade de um Artigo Científico

·                     Comunicar os resultados de pesquisas, idéias e debates de uma maneira clara, concisa e fidedigna. 
·                     Servir de medida da produtividade (qualitativa e quantitativa) individual dos autores e das intituições a qual servem. 
·                     Servir de medida nas decisões referentes a contratação, promoção e estabilidade no emprego.
·                     É um bom veículo para clarificar e depurar suas idéias.
·                     Um artigo reflete a análise de um dado assunto, num certo período de tempo.
·                     Serve de meio de comunicação e de intercâmbio de idéias entre cientistas da sua área de atuação. 
·                     Levar os resultados do teste de uma hipótese, provar uma teoria (tese, trabalho científico).
·                     Registrar, transmitir algumas observações originais.
·                     Servir para rever o estado de um dado campo de pesquisa.
  
ARTIGOS DE PERIÓDICO

Artigos de periódico são trabalhos técnico-científicos, escritos por um ou mais autores, com a finalidade de divulgar a síntese analítica de estudos e resultados de pesquisas. Formam a seção principal em periódicos especializados e devem seguir as normas editoriais do periódico a que se destinam.
Os artigos podem ser de dois tipos:
a) originais, quando apresentam abordagens ou assuntos inéditos;
b) de revisão, quando abordam, analisam ou resumem informações já publicadas.

ESTRUTURA

A estrutura de um artigo de periódico é composta de elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.

1. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

1.1 Cabeçalho
O cabeçalho é composto de:
a) título do artigo, que deve ser centralizado e em negrito;
b) nome do(s) autor(es), com alinhamento à direita;
c) breve currículo do(s) autor(es), a critério do editor, que pode aparecer no cabeçalho ou em nota de rodapé.

1.2 Agradecimentos
Agradecimentos são menções que o autor faz a pessoas ou instituições das quais eventualmente recebeu apoio e que concorreram de maneira relevante para o desenvolvimento do trabalho. Os agradecimentos aparecem em nota de rodapé na primeira página do artigo ou no final deste.

1.3 Resumo
Resumo é a apresentação concisa do  texto, destacando seus aspectos de maior relevância.
 Na elaboração do resumo, deve-se:
a) apresentar o resumo precedendo o texto, e escrito na mesma língua deste;
b) incluir obrigatoriamente um resumo em potuguês, no caso de artigos em língua estrangeira publicados em periódicos brasileiros;
c) redigir em um único parágrafo, em entrelinhamento menor, sem recuo de parágrafo;
d) redigir com frases completas e não com seqüência de títulos;
e) empregar termos geralmente aceitos e não apenas os de uso particular;
f) expressar na primeira frase do resumo o assunto tratado, situando-o no tempo e no espaço, caso o título do artigo não seja suficientemente explícito;
g) dar preferência ao uso da terceira pessoa do singular;
h) evitar o uso de citações bibliográficas;
i) ressaltar os objetivos, os métodos, os resultados e as conclusões do trabalho;
l) elaborar o resumo com, no máximo, 250 palavras.
O resumo é denominado abstract, em inglês, resumen, em espanhol, résumé, em francês, riassunto, em italiano e Zusammenfassung em alemão. Não deve ser confundido com o sumário.

MODELO DE PRIMEIRA PÁGINA DE ARTIGO (EXEMPLO)


QUALIDADE NA SEGURANÇA DO ACERVO NA BIBLIOTECA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – ESTUDO DE CASO

Angela Pereira de Farias Mengatto1
Eliane Maria Stroparo1
Eutália Cristina do Nascimento Moreto1
Luzia Glinski2
Sílvia Dambroski Marcon2
Tania de Barros Bággio1

RESUMO

Demonstra a experiência de implantação do Sistema de Segurança “3M Tatte-Tape” na Biblioteca de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Paraná. Através da metodologia aplicada constatou-se que houve redução significativa da perda de livros e nos custos, sendo necessário, porém, a adoção de outras medidas, para que se possa estabelecer um nível satisfatório no item “Qualidade na Segurança do Acervo”.

Palavras-chave:  Livros – Furto; Bibliotecas – Furto de livros, Bibliotecas – Medidas de segurança.

1   INTRODUÇÃO

         Este trabalho propõe-se a relatar a experiência de implantação de um sistema de segurança na Biblioteca de Ciência e Tecnologia (BCT), integrante do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Instalada em 1965, a biblioteca atende atualmente a treze cursos de graduação e onze de pós-graduação, possuindo um acervo de 49.216 volumes de livros e 3.636 títulos de periódicos e multimeios.
__________________ 
  1 Bibliotecária do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná – UFPR.
 2 Bibliotecária Autônoma.


Inf. 2000, Curitiba, v.1, n.1, p.12-27. jan./jun. 1999
fonte: http://www.paratexto.com.br


1.4 Palavras-chave
Descritores (ou palavras-chave) são termos ou frases representativas dos assuntos tratados no artigo, apresentados em uma relação de até sete palavras, e que aparecem obrigatoriamente depois do resumo, precedidos da expressão Palavras-chave.
Recomenda-se a consulta a tesaur de áreas específicas.


     2. ELEMENTOS TEXTUAIS

São os elementos que compõem o texto do artigo. Dividem-se em introdução, desenvolvimento e conclusão.
2.1 Introdução
A introdução expõe o tema do artigo, relaciona-o com a literatura consultada, apresenta os objetivos e a finalidade do trabalho. Trata-se do elemento explicativo do autor para o leitor.
2.2 Desenvolvimento ou Corpo
O desenvolvimento ou corpo, como parte principal e mais extensa do artigo, visa a expor as principais idéias. É, em essência, a fundamentação lógica do trabalho.
Dependendo do assunto tratado, existe a necessidade de se subdividir o desenvolvimento nas etapas que seguem.
2.2.1 Metodologia
Metodologia é a descrição precisa dos métodos, materiais, técnicas e equipamentos utilizados. Deve permitir a repetição do experimento ou estudo com a mesma exatidão por outros pesquisadores.
2.2.2 Resultados
Resultados são a apresentação dos dados encontrados na parte experimental. Podem ser ilustrados com quadros, tabelas, fotografias, entre outros recursos.
2.2.3 Discussão
Restringe-se aos resultados do trabalho e ao confronto com dados encontrados na literatura.
2.3 Conclusão
A conclusão destaca os resultados obtidos na pesquisa ou estudo. Deve ser breve, podendo incluir recomendações ou sugestões para outras pesquisas na área.


3. ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO

3.1 Citações
Citação é a menção no texto de informação extraída de outra fonte para esclarecer, ilustrar ou sustentar o assunto apresentado.
Devem ser evitadas citações referentes a assuntos amplamente divulgados, rotineiros ou de domínio público, bem como aqueles provenientes de publicações de natureza didática, que reproduzem de forma resumida os documentos originais, tais como apostilas e anotações de aula.
As citações são diretas (transcrição literal de um texto ou parte dele) ou indiretas (redigidas pelo autor do trabalho com base em idéias de outros autores) e podem ser obtidas de documentos ou de canais informacionais (palestras, debates, conferências, entrevistas, entre outros). As fontes de que foram extraídas as citações são indicadas no texto pelo sistema da ABNT.

3.2 Notas de Rodapé
Notas de rodapé são indicações bibliográficas, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor.