sábado, 6 de outubro de 2012

SAIU O EDITAL DA PM/BA 2012



CONCURSO PM/BA: SAI EDITAL PARA 2 MIL VAGAS

Concurso da PMBA é para o provimento de 2.000 vagas nos quadros de Praças Policiais Militares e Bombeiros Militares. Remuneração após Curso será de R$ 1.878,59.


Foi publicado o aguardado edital de concurso público para o Curso de Formação de Soldado da Polícia Militar da Bahia. A seleção visa o provimento de 2.000 vagas ao cargo de Soldado da Polícia Militar, sendo 1.865 vagas para o Quadro de Praças Policiais Militares (QPPM) e 135  vagas para o Quadro de Praças Bombeiros Militares (QPBM), ambos integrantes da estrutura da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia. 
O Concurso PMBA será realizado pela Secretaria da Administração do Estado da Bahia, em parceria com a Fundação Carlos Chagas, tendo validade de 1 (um) ano contado da data da Homologação, podendo antes de esgotado, ser prorrogado uma vez, por igual período.
As vagas serão distribuídas por Regiões de Classificação/Município/ Sede, abrangendo as cidades de Salvador (capital), Juazeiro, Feira de Santana, Ilhéus, Vitória da Conquista, Barreiras e Itaberaba (interior).

Requisitos

Para disputar uma das vagas de Soldado da Polícia Militar ou Bombeiro Militar é necessário ter concluído ensino médio (antigo 2º Grau) ou curso técnico equivalente. Os aprovados ingressarão na qualidade de Alunos, recebendo bolsa mensal de estudo no valor de um salário mínimo (R$ 622,00), válida enquanto durar o Curso de Formação.
Além da escolaridade mínima, vale ressaltar que são requisitos para o ingresso no Curso de Formação de Soldado: a idade mínima de 18 anos e a máxima de 30; possuir estatura mínima 1,60 m para candidatos do sexo masculino e 1,55 m para candidatas do sexo feminino; ter aptidão física e mental, comprovada por exames a serem solicitados e também possuir  Carteira Nacional de Habilitação válida, na categoria B.

Remuneração

Após a devida conclusão, com êxito, do Curso de Formação, o Soldado da Polícia Militar (QPPM) ou Soldado Bombeiro Militar (QPBM) perceberá remuneração inicial de R$ 1.878,59.

Inscrições

As inscrições serão feitas na página eletrônica da organizadora (www.concursosfcc.com.br), através do preenchimento do Formulário de Inscrição, no período de 10 horas do dia 08 de outubro às 14 horas do dia 05 de novembro de 2012, observado o horário oficial de Brasília. A taxa de inscrição para o certame será R$ 70,00.
A partir de 12 de novembro de 2012 o candidato deverá conferir na página de inscrição se os dados foram recebidos e o valor da inscrição foi pago.

Seleção

A seleção dos candidatos será realizada pela Fundação Carlos Chagas em duas etapas: a primeira é a Prova Objetiva com questões sobre Língua Portuguesa, Raciocínio Lógico-Quantitativo, História do Brasil, Geografia do Brasil, Atualidades, além de noções de Direito Constitucional, Direitos Humanos, Direito Administrativo, Direito Penal e noções de Igualdade Racial e de Gênero.
A segunda etapa será a Prova Discursiva - Redação, versando sobre disciplinas/assuntos constantes do Conteúdo Programático disposto no Edital, lembrando que serão apresentados três temas e o candidato deverá desenvolver apenas um deles.
A aplicação das provas, tanto Objetiva quanto Discursiva – Redação, está prevista para o dia 09 de dezembro de 2012, no Município/Sede das Regiões de Classificação, de acordo com a opção do candidato manifestada na inscrição, a saber: Salvador, Juazeiro, Feira de Santana, Ilhéus, Vitória da Conquista, Barreiras e Itaberaba.
A confirmação da data e as informações sobre horários e locais de provas serão divulgadas oportunamente pelos sites da Fundação Carlos Chagas, do Portal do Servidor, do Diário Oficial e também nos Cartões Informativos, que serão encaminhados pelos Correios e por e-mail.

OUTRO PROVÁVEL TEMA PARA O ENEM 2012


20/09/2012 10h39 - Atualizado em 20/09/2012 11h16

Nos últimos 10 anos, 35 milhões de pessoas entraram na classe média

Dado é de estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.
Estima-se que o Brasil tenha 104 milhões na classe, 53% da população.

Iara Lemos e Alexandro Martello
Do G1, em Brasília

Na última década, 35 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média no Brasil, segundo estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República divulgado nesta quinta-feira (20). No total, estima-se que o Brasil tenha 104 milhões de pessoas na classe média, o que representa 53% da população brasileira - 20% estão na classe alta e 28%, na baixa. Em 2002, 38% da população estava na classe média.
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Moreira Franco, afirmou que a pesquisa é uma forma de o governo e a sociedade conhecerem a classe média do país.
“Temos 35 milhões de pessoas entrando para a classe média. Os senhores que aqui estão sabem do tamanho desta empreitada, desta mobilização, deste esforço de garantia de direitos ao cidadão. A pobreza no país neste período caiu de 27% para menos de 15% em 2012. A extrema pobreza, que é um dos desafios do governo, passou de 10% da população para menos de 5% da população. Em torno de 18 milhões de empregos foram criados neste período”, afirmou.
Moreira Franco afirmou que um dos objetivos do governo é combater a desigualdade. “Nós entendemos que a diferença não é ruim. As pessoas são doferentes, as pessoas querem praticar a diferença. O que temos de combater é a desigualdade”.
De acordo com o estudo “Vozes da Classe Média”, a classe, com renda familiar per capta que varia entre R$ 291 e R$ 1.019, acessa mais os serviços particulares, como escolas e planos de saúde. Na classe baixa, 5% possuem convênios médicos, na classe média esse percentual chega a 24%.
Os dados também mostram que a renda de 40% da classe média vem do trabalho, sendo que 50% trabalham mais de 40 horas semanais.
Quando o assunto é economizar, a classe média poupa mais que a classe baixa (32% contra 24%) e menos que a classe alta, que poupa, em média, 51%.
Com relação aos estudos, a SAE aponta que 14% dos jovens da classe media estão em escolas particulares. Já nas universidades, eles representam apenas 7% dos alunos.

Renda X classe
Segundo os critérios da secretaria, quem vive com mais de R$ 1.019 por mês pertence à classe alta. A comissão responsável pelos parâmetros reconhece que o valor é baixo, mas segundo eles, a renda familiar por pessoa, de mais da metade da população, é inferior a R$ 440 por mês. Para ser incluído no grupo dos 5% mais ricos, a pessoa precisa ganhar na faixa de R$ 2.365 mensais. Para compor a classe do 1% mais rico, a renda mínima é de R$11.000 por ao mês.
O estudo usou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ambas produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dessas, o projeto usa pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Instituto Data Popular.

'Transformação profunda'
Para Moreira Franco, a sociedade brasileira está vivendo uma "transformação profunda" com a ascensão de milhões de pessoas à classe média. Esta transformação, segundo ele, está alterando a vida das pessoas não somente no plano econômico, mas também em termos de valores e atitudes.
"É uma mudança que nós temos que começar a nos acostumar. Determinadas ações do governo já estão sendo obrigadas a olhar este segmento de uma outra maneira. Ele deixa de ser objeto de política social apra ser objeto de política econômica. Não é mais assistência social que vai garantir a capacidade dessa parcela da população de crescer, de se desenvolver. Temos de ter política econômica que não veja só o BNDES. Temos que ter políticas que vejam a educação financeira, o crédito, a infraestrutura, que cuide da educação, da qualificação e do emprego. São valores que estamos sendo obrigados a incorporar no nosso universo de ação pública", declarou ele.

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FOLHA ONLINE

08/08/2008

É a classe média, estúpido!

Como diria alguém, nunca antes na história deste país a classe média virou mais da metade da população. De acordo com estudo do economista Marcelo Neri, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o número de famílias de classe média subiu de 42,26% para 51,89% entre 2004 e 2008.
A FGV considera uma família de classe média (classe C) quando ela tem renda mensal entre R$ 1.064 e R$ 4.591. O estudo também confirmou outros dados recentes que mostram redução da pobreza.
São notícias boas para o país que acabam sendo boas para o governo de plantão. Elas ajudam a explicar a popularidade de Lula.
O Brasil vem melhorando desde a redemocratização em 1985. Avançou vagarosamente em alguns momentos, como nos governos Sarney e Collor e no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Avançou mais rapidamente em outras fases, como nas gestões de Itamar e no primeiro mandato de FHC.
No governo Lula, progressos para os mais pobres têm acontecido com relativa velocidade. O petista é beneficiado por esse processo geral de melhora, por políticas que nasceram nos anos tucanos e por acertos próprios.
Lula conduziu a economia com responsabilidade e acelerou o ritmo de redução da pobreza. Ele tem feito um ajuste fiscal mais duro do que o de FHC, apesar de os tucanos baterem na tecla de aumento de gastos – algo que realmente aconteceu no segundo mandato do petista. Lula massificou programas sociais tipo amostra-grátis. O Bolsa-Família apanhou e apanha muito, mas tem muito mais acertos do que erros.
Setores da oposição na política e na mídia oscilam do esperneio ao desânimo. Ora, enxergam uma iminente tentação totalitária de Lula – o fantasma do terceiro mandato, a conexão Farc. Ora, sonham com a explosão de novo escândalo de corrupção para afundar o petista na impopularidade.
Essa gente está apostando errado. Talvez fosse conveniente aos planos futuros do PSDB e do DEM chamar James Carville para uma conversa. Marqueteiro de Bill Clinton em 1992, Carville cunhou a expressão "é a economia, estúpido!". Ele se referia à recessão americana que levaria George Bush pai à derrota na eleição presidencial daquele ano.
No Brasil sob Lula, a economia vai bem no geral. No entanto, os mais pobres vivem melhor do que viviam antes da chegada do petista ao Palácio do Planalto. Algum mérito Luiz Inácio deve ter tido. A classe média virou maioria da população economicamente ativa.
Faria um bem danado à oposição se concentrar em propostas para melhorar a vida de todos os brasileiros, de miseráveis a pobres, de remediados a ricos. Carville aconselharia: "É a classe média, estúpido".
http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/0726966.jpg
Kennedy Alencar, 40, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.Também é comentarista do telejornal "RedeTVNews", no ar de segunda a sábado às 21h10.



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Brasil - Médios em renda, medíocres em tudo

24.08.07 – BRASIL, por Welton Oda*

“Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média,
compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos" e vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos,
Estou sempre no limite do meu cheque especial...”
Max Gonzaga


 Eu e os familiares (pensei dizer, para simplificar o entendimento, "meus familiares", mas alguns pularam logo e disseram que não são meus) ganhamos juntos mais de R$ 1.000,00 mensais. Somos, portanto, uma família de classe média, certo? Talvez para o IBGE, mas, como vocês verão a seguir, somos muito distintos deste retrato fidelíssimo descrito pelo Max Gonzaga. Nossa família não é consangüínea, a mídia comercial para nós, é nociva e mais deforma do que informa e, apesar de termos um carro, também andamos de ônibus e de bicicleta. Ah! Muito importante: não temos cheque especial.
E não é só isso: não freqüentamos shopping centers, butiques, cabeleireiros, manicures, não pagamos condomínio, não compramos presentes no dia dos pais, dos namorados, das mães, natal, dia das crianças ou qualquer outra data capitalística. Nossos filhos não assistem aos produtos estupidificantes da indústria cultural, que as emissoras de TV disponibilizam (nem as da TV aberta, nem os dos canais privados) e, por conta disso, para nossas crianças, o mundo não está sendo dividido entre o rosa das meninas e o azul dos meninos. Não compramos videogames, Barbies, super-heróis japoneses ou americanos, nem mochilinhas ou caderninhos dos programas de televisão.
Assim, nós não temos PROBLEMAS. Aliás, este é um vocábulo tão difícil de pronunciar, com seus tantos encontros consonantais, que os "médios" (como serão chamados a partir de agora), utilizando-se de seu conhecido preconceito lingüístico, pensam que a incapacidade de pronunciá-la corretamente é um "defeito intelectual" de pessoas das classes "populares" (eufemismo que utilizam para referirem-se aos pobres), que, na míope percepção dos médios, só seriam capazes de dizer ‘pobrema’. Mal sabem os desinformados médios que, por trás de uma suposta dificuldade de pronunciar adequadamente tal palavra, há, em verdade, uma abissal diferença etimológica.
Os que falam problema estão se referindo a situações que, por puro esbanjamento (o espírito de "só quer ser gatinha, mas só come ovo"), não souberam administrar, como o limite do cheque especial, o pagamento das aulas de balé da filha, a prestação do carro novo, a reforma da casa, o condomínio, o corte de cabelo que não ficou bom ou a nova amante do marido. Já ‘pobrema’ seria a junção de pobre com problema (que o Aurélio me perdoe a heresia), ou seja, definiria problemas mais reais de um cotidiano menos "Ilha da Fantasia", como o ônibus que atrasa, o dinheiro que insiste em acabar antes do final do mês, a falta de água nas torneiras, o aumento no preço do pão ou a falta de professores nas escolas públicas.
Não somos classe média, moramos no bairro manauara do Coroado, o Corô-Corô, não vivemos em condomínio fechado. Assim, não corremos o risco de nos tornarmos o sujeito descrito pelo Max Gonzaga, que não "tá nem aí, se o traficante é quem manda na favela, não tá nem aqui, se morre gente ou tem enchente em Itaquera, que quer é que se exploda a periferia toda, mas fica indignado com o Estado, quando é incomodado pelo pedinte esfomeado, que lhe estende a mão, o pára-brisa ensaboado, é camelô, biju com bala, e as peripécias do artista, malabarista do farol". Confesso, inclusive, que adoro ver um médio com "raivinha" do garoto insistente que tanto o "importuna", querendo limpar seu pára-brisa.
Conheço bem a classe média e, devo dizer, embora envergonhadamente, que já fui um deles, convicto. Além disso, trabalho numa universidade pública e conheço a empáfia destes sujeitos que acreditam que são melhores do que os outros porque ingressaram nela, disputando em "regime de igualdade" com muitos outros. É claro que as provas de seleção são feitas conforme as regras dos médios, utilizando a linguagem dos médios, a literatura que seus professores obrigaram-lhes a ler nas escolas particulares, além da garantia de que serão avaliados pelos próprios médios. Tais processos, até os dias de hoje, são alvos de crítica de todo educador lúcido, por avaliar mais a capacidade de memorização do que as habilidades intelectivas. Portanto, selecionam "computadores com memória abarrotada" e, portanto, menos capazes de fazer o processador rodar. No entanto, estes nerds consideram-se (com o apoio da família), verdadeiros geniozinhos. Sabem tudo sobre dinossauros e sobre a Grécia Antiga. Só não sabem para que serve saber isso.
Não sou classe média, portanto, diferente da maioria dos professores e dos estudantes universitários, não leio best-sellers ou livros de auto-ajuda. Por isso, compro livros a bons preços, muitos deles usados, vendidos em sebos. Não priorizo os "novos", pois sei que grande parte das "grandes novidades" da ciência e da literatura, os "best-sellers" literários e uspianos, são bons mesmo em fazer a pessoa ficar estúpida, enquanto muitas obras antigas, como as de Sócrates, Victor Hugo, Milan Kundera, Dostoyevsky, Marx, Foucault, Deleuze, Nietzsche, Sartre, possuem a propriedade de serem úteis e atuais em qualquer tempo. Os médios são todos iguais e, nos Jardins, em São Paulo (conforme atestado pelo articulista Daniel Piza), ou no Vieiralves, em Manaus, lêem tão pouco que, apesar de toda a sua volúpia, dentre suas necessidades de consumo, suas butiques, restaurantes, pet shops e locadoras de DVDs, não existe espaço para livros. Não existem livrarias.
Outra diferença fundamental é que pobres sabem a real utilidade das coisas. Assim, para eles, casas são feitas para morar e carros servem para andar (e não para se exibir), embora muitos, tomados pelo espírito dos médios, sonhem com um bólido possante com televisão, frigobar e computador. Os médios, por sua vez, na ânsia de tornarem-se ricos, entram no lance da acumulação do capital, comprando imóveis para "alugar" ou, em outras palavras, para "desalojar outros", pois muitas vezes, mesmo tendo casa própria, entram em financiamentos populares, tomando a casa e a vez de alguém que realmente necessita.
Mas os médios não se importam se estão condenando alguém a ficar desabrigado, afinal, a propriedade privada é "sagrada" e foi conquistada "com o seu próprio suor". Assim, ao mesmo tempo que desalojam famílias, são contrários às ocupações populares (a que chamam de "invasões") e como diz o teatralizante Marcos José, "se o pobre vive em um constante estado de inanição, ele nunca vai atingir a plenitude da satisfação que, de certa maneira, implicaria numa posterior relação afetiva com o próximo".
Talvez agora, graças ao modismo bulímico das top models, os médios possam descobrir o que é a privação, mesmo que através da caquexia de suas filhas amarguradas com o regime de prisão domiciliar em que vivem. Quem sabe a greve de fome coletiva, protagonizada por adolescentes e jovens médias, não seja uma recusa ao padrão de vida de esbanjamento do corpo e da alma,  a este espírito de obesidade física e intelectual. Se esta suposta greve funcionar, talvez possa sobrar um pouco de alimento para quem precisa e aí, como diria o cantor e profeta Tom Zé "comece a nascer pra todo lado, Jesus Cristo e muito Fidel Castro".
Ter espírito da classe média diz muito mais do que critérios de renda; são escolhas éticas e políticas. Assim, da mesma forma que os médios são caricaturas dos ricos, há pobres que se espelham na classe média e assumem todos os seus falsos desejos, este fetichismo pelos objetos de consumo, chegando até a trocar uma alimentação mais saudável ao longo do mês por um microsistem ou por um tênis importado.
Quer saber se você tem espírito de classe média? Basta responder afirmativamente as seguintes perguntas; você já comprou (ou pretende comprar) o presente para o Dia dos Pais? Comprou no shopping, é claro? Você já leu a Veja da semana? E a Caras? Já assistiu ao Jornal Hoje? E a boneca da sua filha? É uma Barbie? Já pagou a prestação do carro novo? Já leu o último livro do Paulo Coelho, do Augusto Cury, do Içami Tiba? Já foi ao show do Fábio Júnior? Tem cartão da C&A? E como anda o limite do cheque especial?
* Colaborador da Rádio Comunitária "A Voz das Comunidades", membro do Núcleo Comunitário Sophia e professor da Universidade Federal do Amazonas.

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Classe Média

Letra e música de Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mas eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

BOAS PALAVRAS SÃO ETERNAS



“A palavra, vibração divina do Pensamento, o qual, por sua vez, será a essência do próprio Ser Supremo refletida na sua criatura, foi concedida ao homem pelas leis eternas da Natureza, para facilitação do seu progresso e engrandecimento, recurso precioso com que alindará a própria personalidade, para atingir finalidades gloriosas.”
(Bezerra de Menezes, Dramas da Obsessão, p. 14)

Como é bom ler algo bem escrito e, ao mesmo tempo, com conteúdo edificante!

Ah, se todos os textos fossem assim...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

14 TEMAS PARA VER SE VOCÊ ESTÁ FERA...



O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO: TREINAMENTO

Questão única
Complete as frases nucleares utilizando argumentos interessantes e plausíveis que dê sentido ao texto dissertativo.

1.   A convivência entre gerações sempre tende a gerar conflitos e atitudes negativas, pois...


2.   A fixação pela vida virtual é uma peculiaridade do jovem moderno. O que faz a juventude viver isolado e vidrado na internet é...


3.   Os adolescentes estão iniciando a sua vida sexual cada vez mais cedo. Isso pode ser considerado devido ao...


4.   O meio ambiente sofre com a ação cada vez mais desordenada do homem. Isso geralmente é causado pela...


5.   Todos sabem que a educação nacional agoniza, tanto na sua infraestrutura quanto na sua qualidade. Não se pode pensar em um ensino digno se não se resolver os problemas da...


6.   A classe política brasileira não goza de muito prestígio junto à população. Isso se deve por conta da...


7.   A base social do ser humano, sem sombra de dúvida, é a família. Nela o homem aprende a...


8.   Hoje todos debatem a influência nefasta que as drogas trouxeram à sociedade, tanto o consumo como o tráfico. Combater esse mal pressupõe a aplicação de...


9.   A violência urbana e também no campo se alastra como uma erva daninha. As principais causas desse problema são...


10.   Os meios de comunicação são ferramentas que o ser humano usa para se informar cada vez mais, a não ser que...


11.   O aquecimento global parece que não sairá das agendas mundiais por um bom tempo, pois o homem está longe de resolver os problemas que o geram, tais como...


12.   As fontes de energia do planeta, principalmente as fósseis, tendem a se esgotar. Uma boa alternativa a isso seria a...


13.   Não é raro dizer que o brasileiro é o povo do “jeitinho”, ou melhor, da falta de ética nas relações e profissões humanas. Mas a verdade é que isso se da por causa de...


14.   O trabalho é a base de sustentação da sociedade capitalista. Sem ele o homem não sobrevive, pois...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

TIPOS DE ARGUMENTOS



1. Argumento de Autoridade:

A ideia se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese.
Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas. Veja:

“O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. ‘Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça’ - a famosa frase-conceito do diretor Glauber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado”.

(Adaptado de Época, 14/04/2004)

2. Argumento por Causa e Consequência:

Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos, a decorrência).
Observe:

“Ao se desesperar em um congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica.
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos”.
(Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)

3. Argumento de Exemplificação ou Ilustração:

A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
Veja o texto a seguir:

“A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos. Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades.
Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo”.
(Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)

4. Argumento de Provas Concretas ou Princípio:

Ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou falsos ou fatos notórios (de domínio público).
Veja como se processa:

“São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes”.
 (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)

5. Argumento por analogia (ou a simili):

É o argumento que pressupõe que se deve tratar algo de maneira igual, situações iguais. As citações de jurisprudência são os exemplos mais claros do argumento por analogia, que é bastante útil porque o juiz será, de algum modo, influenciado a decidir de acordo com o que já se decidiu, em situações anteriores.
Veja um exemplo desse argumento:

“Em relação à violência dos dias atuais, o Brasil age semelhante a uma noiva abandonada no altar: perdida, sem saber para aonde ir, de onde veio e nem para onde quer chegar. E a questão que fica é se essa noiva largada, que são todos os brasileiros, encontrará novamente um parceiro, ou seja, uma nova saída para o problema”.

6. Argumento de Senso Comum:

É o argumento que traz uma afirmação que representa consenso geral, incontestável. São mais utilizados quando se quer defender um ponto de vista, uma opinião, um argumento que é massificado; ninguém irá apelar contra, pois é conhecido universalmente.

Vídeo de Ó Paí, Ó.

7. Argumento de fuga:

É o argumento de que se vale o retórico para escapar à discussão central, onde seus argumentos não prevalecerão. Apela-se, em regra, para a subjetividade – é o argumento, por exemplo, que enaltece o caráter do acusado, lembrando tratar-se de pai de família, de pessoa responsável, de réu primário, quando há acusação de lesões corporais (ou homicídio culposo) em que é réu.

Vídeo de vendedor de picolé

OUTROS TIPOS DE ARGUMENTOS:

i) Argumento contrario sensu ;
ii) Argumento a fortiori (com maior razão);
iii) Argumento a completudine;
iv) Argumento a coherentia;
v) Argumento psicológico;
vi) Argumento apagógico (ao absurdo)
vii) Etc...

Quem domina os argumentos, dominará as ideias, o debate, a discussão!

Boa Sorte!!!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

AS DIFERENTES MANEIRAS DE FAZER UM PARÁGRAFO


A. DECLARAÇÃO INICIAL

Esta é, parece-nos, a feição mais comum: o autor afirma ou nega alguma coisa logo de saída para, em seguida, justificar ou fundamentar a asserção, apresentando argumentos sob a forma de exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições – fatos ou evidências.

Veja o exemplo de um parágrafo cujo tópico frasal é uma declaração acerca do tema liberação da maconha.

Perceba que após declarar a sua posição, o redator a fundamenta, deduzindo, pois, as razões que o levam a crer naquilo:

“É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda existe sobre as drogas psicotrópicas e as instituições brasileiras de recuperação de viciados não terão estruturas suficientes para atender à demanda”.
(Alberto Corazza, Istoé, 20.12.95)

B) Definição ou explicação:

É uma forma muito presente nos textos dissertativos.  Exige do redator segurança intelectual, a fim de não apresentar uma definição equivocada.

Vejamos o exemplo trazido pelo livro “Encontros de Redação”, do professor Jayme Barros:

“A literatura é uma arte – a arte da palavra. Na sua natureza, ela tem origem na imaginação criadora, e não em outra faculdade do espírito. Não é sua finalidade ensinar nem divulgar mensagens religiosas ou políticas, ou moralizar. Isso não compete à Literatura”.
(Afrânio Coutinho. Crítica e poética. Rio de Janeiro,
Acadêmica, 1968, p.78)

C) Divisão:

É uma maneira bastante didática de construção do parágrafo. Segundo o professor Jayme, “o tópico frasal é apenas a discriminação das ideias que serão expostas”.

Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo dissertativo:

“A linguagem pode ser falada ou escrita, há assim dois tipos de exposição linguística. De maneira geral, podemos dizer que a primeira se comunica pelo ouvido e a segunda, pela visão. Ou em outros termos, na comunicação escrita, os sons que essencialmente constituem a linguagem humana passam a ser evocados mentalmente por meio de símbolos gráficos”.
(Matoso Câmara. Manual de expressão oral e escrita,
p. 15)

D) Oposição ou tema polêmico:

O redator estabelece o rumo da sua argumentação, a partir das duas ideias que se confrontam no parágrafo.

“De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de DVD. É este o paradoxo que vive hoje a educação do Brasil”.

Note, inclusive, que a presença das expressões “de um lado” e “de outro (lado)” já anunciam ao leitor que haverá um confronto de ideias ali.

E) Alusão histórica:

Esse tipo de construção do parágrafo requer, obviamente, do leitor um conhecimento seguro da história, para que ele, o redator, tenha condições de apresentar dados coerentes. Segundo o prof. Jayme Barros, esse caminho “desperta a curiosidade do leitor. Reportar-se a fatos históricos, lendas, tradições, anedotas ou acontecimentos. É artifício empregado por oradores e por cronistas que, com frequência, aproveitam incidentes do cotidiano como assunto ‘não apenas para um parágrafo, mas até para toda a crônica’”.

Veja um exemplo de um parágrafo que trata da globalização:

“Após a queda do Muro de Berlim, em 09 de novembro de 1989, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada pela competição”.

F) Uma pergunta:

Com este recurso, o redator visa a chamar atenção do leitor para a ideia fundamental daquele parágrafo. É um recurso elegante, pois o redator chama, inevitavelmente, o leitor a acompanhá-lo naquele exercício de reflexão.
Perceba, todavia, que não se cria o vínculo direto redator x leitor, condenável no texto dissertativo, como se o primeiro estivesse “batendo papo” com o segundo. Por isso, devem ser evitadas palavras do tipo: você, eu, nós, nosso(a) e verbos em 1ª pessoa.

“Será que ainda é possível considerar-se o carnaval baiano uma festa popular? O crescente número de blocos que cobram elevados preços e a proliferação de camarotes ao longo dos trechos principais do percurso atestam o quanto o carnaval baiano vem priorizando a minoria da população que pode investir altas quantias em entidades carnavalescas e, consequentemente, diminuindo o espaço reservado ao folião comum, que, em tese, é o verdadeiro dono da festa”.
(Trecho de redação de aluno sobre tema da UFBA, 2002)

G) Confrontação espacial:

Esse tipo de parágrafo serve para a confrontação de duas regiões, duas áreas, duas localidades de uma mesma cidade, estado, país, ou não.

Para que o redator faça uma boa confrontação é necessário que ele conheça o assunto, as especificidades de cada lugar, para não fugir da realidade, não cometer erros, não contrariar a lógica.

Veja um exemplo:

“Itabuna e Ilhéus são duas cidades de tamanho médio do interior da Bahia. A primeira viveu por muito tempo sob a saga do cacau, conhecida por ser uma das maiores produtoras mundiais do fruto. Hoje, o seu ponto forte é o comércio e a prestação de serviço. Já a segunda, imortalizada pelos romances de Jorge Amado, desenvolveu-se com o seu porto e aeroporto, exportando chocolate para o mundo e também belas praias ou paisagens, incrementando assim o seu turismo”.

H) Adjetivação:

A partir dos adjetivos apresentados acerca de uma determinada ideia, o redator define a base para desenvolvê-la em seguida.

Veja o exemplo abaixo:

“Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política atual do governo”.

I) Citação:

O redator traz ao seu texto um pensamento de outrem, coerente, é óbvio, com o que ele pretende defender no seu parágrafo. Este pensamento geralmente é colhido no mundo da cultura, da arte, da política, da filosofia, cujos pensadores, pela própria atividade intelectual que desenvolvem, constroem afirmações, observações muito inteligentes sobre os mais diversificados temas relacionados à vida humana. Ressalte-se que é indispensável ao redator apontar a autoria da frase, do pensamento que ele coloca em seu texto, para que sobre ele não recaia qualquer suspeita de falsidade ideológica.

“’Atualmente, as relações interpessoais estão sendo mediadas pelo material em detrimento do afetivo; assim estão batizadas predominantemente por jogos de interesse e poder’. Esse pensamento do psicoterapeuta e professor da UFRJ, Sócrates Nolasco traduz, com muita clareza, a pobreza das relações humanas contaminadas pelos princípios capitalistas”.

J) Citação indireta:

Devemos usar esta forma quando não sabemos reproduzir textualmente a citação que pretendemos registrar. A mente humana às vezes é traiçoeira e, por isso mesmo, recria fatos e pensamentos. Portanto, para nos salvaguardar de qualquer omissão ou invenção do que não é de nossa autoria quando não lembrarmos a ideia de forma exata, textual, recorremos à citação indireta, afinal, como salienta o prof. Antonio Viana, em Roteiro de Redação: “é melhor citar de forma indireta que de forma errada”.

“Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver do que se trata”.
(Cláudio Moura e Castro, Veja, 13.11.96

K) Exposição de um ponto de vista oposto:

Apresenta-se um pensamento que será refutado, combatido pelo redator.

“O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso vem ocupando espaços generosos na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação”.
(Orlando Silva Júnior e Eder Roberto Silva,
Folha de São Paulo, 05.11.96)
L) Retomada de um provérbio:

A partir de um dito popular, o escrevente fundamenta seu posicionamento defendido no parágrafo. Cuidado para não utilizar aforismos, máximas e provérbios populares de forma clichê, senso comum.

“O corriqueiro adágio de que o pior cego é aquele que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível”.
(Jayme Sirotsky, Folha de São Paulo, 05.12.95)

M) Omissão de dados identificadores:

Com esse mecanismo, o redator cria uma expectativa no leitor acerca da ideia que será desenvolvida no parágrafo. Também pode ser chamado de parágrafo indutivo, pois vai deixando o tópico para o final.

As duas primeiras frases do parágrafo a seguir, criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém em suspenso até a terceira frase:

“Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humana cujos valores provêm da própria natureza humana e se adaptam às mudanças da história e da sociedade”.
(O Globo, 13.09.92)

N) Parágrafos de causa & consequência:

Muitos temas propiciam a elaboração levando-se em conta os fatores causais e os decorrentes. Assim, o melhor é abordar o assunto de forma que se possa argumentar das duas formas: apresentando as causas e também as consequências.

Veja a seguir um exemplo de um parágrafo introdutório que leva ambos em consideração:

“A maior parte da classe política não goza de muito prestígio e confiabilidade por parte da população. A causa para isso pode ser o fato dos inúmeros escândalos de corrupção e o enriquecimento ilícito por parte dos eleitos. Em consequência, os grandes problemas que afligem o povo brasileiro deixam de ser convenientemente discutidos”.

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Por fim, as possibilidades de construção de textos apontadas acima não se esgotam, pois, em termos de linguagem humana, os caminhos para nos comunicarmos bem são infinitos. (Adaptado do Módulo 01 de Redação/2005 – Integral)