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terça-feira, 11 de junho de 2013

SONHO DE TODO PROFESSOR!

03/06/2013 06h05 - Atualizado em 03/06/2013 14h12
'Me sinto uma rainha', diz brasileira professora no país nº 1 em educação
Formada pela UFBA, Luciana Pölönen dá aulas há três anos na Finlândia.
País no Norte da Europa tem a melhor educação do mundo. 
Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
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Luciana Pölönen dá aulas de português em Espoo, na Finlândia (Foto: Arquivo pessoal)Luciana Pölönen dá aulas de português em Espoo, na Finlândia (Foto: Arquivo pessoal)
País com a melhor educação do mundo, a Finlândia tem entre os seus professores da rede pública uma brasileira. Luciana Pölönen, de 26 anos, nasceu em Salvador (BA), é formada em letras pela Universidade Federal de Bahia (UFBA) e se mudou para Finlândia em 2008, com objetivo de fazer mestrado. Desde 2010, compõe o corpo docente finlandês. No país do Norte da Europa, mais do que emprego, ela encontrou a valorização da profissão de lecionar.
"Eu me sinto como uma rainha ensinando aqui. Ser professor na Finlândia é ser respeitado diariamente, tanto quanto qualquer outro profissional!", afirma a brasileira, que se casou com um finlandês, tem uma filha de três anos, Eeva Cecilia, e está grávida à espera de um menino. "Aqui na Finlândia o sistema é outro, o professor é o pilar da sociedade."
A comparação com sua experiência escolar no Brasil é inevitável. "No Brasil só dei aulas em cursos, mas estudei em escola pública, sei como é. Sofria bullying, apanhava porque falava o que via de errado e os professores não tinham o respeito dos pais", diz Luciana.
A professora Luciana com seu diário de classe finlandês (Foto: Arquivo pessoal/Luciana Pölönen)
A professora Luciana com seu diário de classe
finlandês (Foto: Arquivo pessoal/Luciana Pölönen)
Por quatro anos consecutivos, a Finlândia ficou entre os primeiros lugares no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mede a qualidade de ensino. Durante visita em São Paulo, na semana passada, a diretora do Ministério da Educação e Cultura, Jaana Palojärvi, disse que o segredo do sucesso do sistema finlandês de ensino não tem nada a ver com métodos pedagógicos revolucionários, uso da tecnologia em sala de aula ou avaliações nacionais. O lema é treinar o professor e dar liberdade para ele trabalhar.
Luciana aprova o método. Há dois anos dá aulas na Escola Europeia de Helsinque, capital da Finlândia, de nível fundamental e médio e há um ano leciona português em uma escola de ensino fundamental em Espoo, cidade próxima à capital. "Dou aula de português porque toda criança falante de duas línguas tem o direito ao ensino de uma língua estrangeira na escola. Ou seja, todos os filhos de brasileiros têm direito ao ensino de português como língua mãe."
Para conseguir a vaga, a brasileira passou por avaliação do histórico escolar da universidade, enviou uma carta pessoal em que expôs suas intenções, e enfrentou uma entrevista, uma espécie de prova oral feita em inglês.
Tenho total liberdade para avaliar meu aluno, tenho a lista de coisas de que ele tem de aprender até o fim do ano, mas como vou fazer fica a meu critério"
Luciana Pölönen,
professora na Finlândia
Com o trabalho nas duas escolas, Luciana ganha 2.500 euros, o equivalente a R$ 6.500. Luciana tem contrato temporário porque ainda não finalizou o mestrado, termina a dissertação no fim do ano, por isso há uma redução no salário de 15% e de tarefas extras.
"Tenho total liberdade para avaliar meu aluno, tenho a lista de coisas de que ele tem de aprender até o fim do ano, mas como vou fazer fica a meu critério. Não preciso aplicar prova a toda hora, nem justificar nada para o coordenador", afirma. "Temos cursos de aperfeiçoamento sem custo, descontos em vários lugares com o cartão de professor, seguro viagem, entre outros."
Para Luciana, os alunos aprendem porque há um comprometimento deles, dos pais e da comunidade. "Eles aprendem o respeito desde pequenos, a honestidade vem em primeiro lugar. As pessoas acreditam umas nas outras e não é necessário mentir. Um professor quando adoece pode se ausentar até três dias. Funciona muito bem."
Mapa da Finlândia (Foto: Editoria de arte/G1)
Tradução e aula particular
Logo chegou à Finlândia, Luciana trabalhou como analista de mídia. Depois, em 2010, antes de atuar na rede de ensino pública, conciliava trabalhos de tradução e de professora particular. "Se aparecesse um trabalho para fazer limpeza, eu toparia sem problemas, desde que fosse honesto. Mandava currículo para algumas empresas, mas nunca era chamada. Pensei em omitir minha formação [em letras, pela UFBA], caso não arrumasse nada."

Luciana voltou a trabalhar quando a filha tinha apenas um mês. Era um trabalho de tradução que às vezes fazia de casa ou ia até a empresa que ficava próxima à sua casa. Escapava para amamentar no intervalo do café. "Aqui a licença maternidade dura três anos, as pessoas achavam um absurdo eu trabalhar com uma filha de um mês. Na verdade faz parte da educação deles, hoje eu entendo mais."
O respeito pelo próximo também é algo muito enraizado na cultura do finlandês. Luciana diz que diferente do Brasil, nunca sentiu preconceito na Finlândia por ser negra ou estrangeira. "Aqui as pessoas não parecem notar a cor de pele do outro contanto que exista respeito mútuo."
Casos de violência ou bullying são muito raros nas escolas. "Foram cinco casos de violência no ano, mas para eles é um absurdo, não deveria acontecer. Eles sempre têm um plano para cada tipo de aluno, não é uma única forma para a classe inteira. No final, todos alcançam o mesmo objetivo."
Luciana Pölönen se mudou para a Finlândia em 2008 e se tornou professora; país tem a melhor educação do mundo (Foto: Arquivo pessoal)
Luciana Pölönen se mudou para a Finlândia em
2008 e se tornou professora (Foto: Arquivo pessoal)
Diferenças
Na Finlândia, o professor é proibido por lei de encostar no aluno. Nem mesmo para dar um abraço. Luciana soube disso durante a aula de inglês, no estágio, em uma atividade onde alunos precisam demonstrar sentimentos numa espécie de encenação teatral e ela "relou" em uma aluna. A classe toda ficou estática, espantada.

Hoje, Luciana se acostumou à cultura.  "Acho que acostumei, nunca gostei muito de abraçar as pessoas se não houvesse um motivo muito importante para isso. Talvez esse seja o motivo de eu ter me acostumado aqui." O frio também não lhe causa incômodo, nem mesmo a temperatura de 25 graus negativos que já encarou. Para a baiana, não há problemas desde que esteja com a roupa apropriada para manter o corpo aquecido.
Planos para o Brasil
No fim do ano, Luciana vai aproveitar as férias para voltar ao Brasil para visitar a família. Durante a temporada de dois meses pretende fazer workshops em escolas sobre o sistema de educação finlandês. “Gostaria de ajudar os professores de alguma forma, com treinamento, é o que eu devo para o meu país. Minha parte é tentar ajudar da maneira que eu posso.”

Para ela, a receita da Finlândia para ter uma educação nota 10, baseada na simplicidade, daria certo no Brasil se "as pessoas parassem de esperar ações do governo e agissem com as próprias mãos." "Gostaria que minha filha visse meu país diferente e eu não tivesse de pagar uma mensalidade de 2 a 3 mil reais [caso morasse no Brasil] em uma escola particular para oferecer a ela uma educação de qualidade."
Se o abraço tão habitual no Brasil não lhe faz falta e o frio não a incomoda, Luciana sente saudades de gargalhar com os amigos, de se deliciar com a comida da minha mãe, conversar a avó, escutar músicas com a tia e assistir Fórmula 1 com o pai. "Matamos as saudades via Skype ou quando alguns parentes visitam a Finlândia."
Luciana Polonen é destaque em blog voltado para a comunidade acadêmica da Finlândia (Foto: Reprodução)Luciana Polonen é destaque em blog voltado para a comunidade acadêmica da Finlândia (Foto: Reprodução)

sábado, 8 de junho de 2013

UMA VERGONHA NACIONAL!!!

08/06/2013 14h25 - Atualizado em 08/06/2013 14h47
Brasil tem 4,2 mil escolas que nunca conseguiram atingir sua meta do Ideb
Índice avalia a qualidade do ensino no ensino fundamental e ensino médio.
Inep diz que dialoga com as redes para auxiliar escolas com problemas.
Ana Carolina MorenoDo G1, em São Paulo
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Carência de professores compromete ensino em escolas estaduais de AL (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Ideb analisa ensino fundamental e médio no Brasil
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
O Brasil tem 4.283 escolas públicas que desde 2007, primeiro ano em que foi possível avaliar a evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), jamais conseguiram atingir suas metas individuais calculadas pelo governo federal.
Os cálculos do levantamento incluem apenas as escolas de ensino fundamental que tiveram o Ideb calculado nestes três anos. Segundo levantamento feito pelo G1 a partir dos dados do último Ideb divulgados peloMinistério da Educação, 1.828 escolas não conseguiram atingir a meta dos primeiros anos do ensino fundamental, 2.232 escolas ficaram abaixo da projeção nas turmas dos anos finais do fundamental e 223 escolas tiveram índices abaixo do esperado em 2007, 2009 e 2011 tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais do ensino fundamental.
O Ideb foi criado pelo governo federal para medir a qualidade das escolas e redes de ensino. Ele é calculado a cada dois anos desde 2005 com base no resultado da Prova Brasil e nas taxas de reprovação. Há indicadores calculados para cada escola, rede de ensino, município, estado e o país.
Todas as instituições públicas têm uma meta própria para alcançar a cada dois anos nos últimos anos do ensino fundamental I e fundamental II. A nota vai de zero a 10. A expectativa do governo federal é que, em 2021, os anos iniciais do fundamental brasileiro alcancem o Ideb 6,0. Para os anos finais, a meta é 5,5 pontos.
As 4.238 escolas representam 13,8% do total de 31.042 instituições que se encaixam nesta categoria. De acordo com o MEC, entre todas as instituições, 7.126 têm turmas tanto do ensino fundamental I quanto do ensino fundamental II, 15.392 só oferecem aulas dos anos iniciais do fundamental, e 8.524 instituições são apenas para turmas a partir dos anos finais do fundamental.
Mesmo sendo minoria, boa parte dos colégios abaixo da meta ainda não dá sinais de que possa alcançar a meta, que sobe a cada Ideb: 1.221 delas viram o Ideb 2011 cair em relação ao de 2009, o que indica um afastamento ainda maior da projeção feita pelo governo. Nesse grupo, 28 escolas estão nesta situação em ambos os ciclos do fundamental.
Atualmente, 2.475 colégios estão mais de 0,5 ponto abaixo do que o esperado para 2011.
Das 31.042 escolas com Ideb em todos os anos, 4.238 delas (ou 13,8%) nunca conseguiram atingir sua meta individual
 
Dessas, 1.221 ficaram ainda mais longe da meta no último Ideb, e2.475 estão a mais de 0,5 ponto de atingir a projeção
Apoio específico
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirma que o percentual de escolas e municípios que atingem a meta é "muito maior" do que o grupo de escolas aquém do esperado. Em entrevista ao G1, ele explicou que as escolas que enfrentam problemas para se manter dentro das expectativas recebem auxílio do governo, mas seguindo as autonomias de cada rede.

Uma das ações citadas por ele é o Mais Educação, programa para escolas com aulas em tempo integral. "Quando temos problema no Ideb, uma das coisas que temos procurado priorizar é a questão da escola em tempo integral", disse.
O governo espera que, até o fim do ano, 45 mil escolas ofereçam aos alunos, além do turmo normal de aulas, atividades no turno oposto. Para participar do Mais Educação, as escolas precisam se inscrever e passar por uma seleção. O prazo para a adesão das instituições pré-selecionadas em 2013 acabou em 31 de maio.
Além do ensino em tempo integral, o MEC ainda mantém diálogo com as redes e esferas estaduais e municipais de governo, munindo os gestores de dados para o planejamento pedagógico das escolas. O governo federal criou ainda o Programa de Ação Articulada (PAR) para oferecer apoio e recursos a escolas e redes interessadas em apoio mais ostensivo à gestão educacional.
Distorções e revisão da meta
Entre as instituições que integram o grupo de escolas do fundamental que nunca conseguiram atingir sua meta, porém, não existem só instituições com têm resultados considerados ruins. Há exemplos de escolas com indicador acima de 6,0 e que já bateram a meta do Brasil para 2021, por exemplo. Mesmo com Ideb maior a cada ano e uma educação considerada muito acima da média do país, essas instituições ainda não conseguem alcançar a projeção calculada pelo governo.

Como o Ideb usou a base dos resultados educacionais de 2005, em alguns casos, aquele ano específico pode não refletir a realidade da escola. Por isso, a instituição acaba tendo que perseguir uma meta incompatível com suas condições reais.
O movimento Todos pela Educação, que reúne empresários e especialistas, também usou os mesmos dados para criar, em 2006, cinco metas para a educação brasileira. A terceira também estabelece projeções de resultados acadêmicos para escolas e redes de ensino. Segundo a diretora-executiva da entidade, Priscila Fonseca da Cruz, a meta é composta por três elementos: o que se quer medir, que resultado se espera ter e qual o prazo desejado para obter este resultado.
Foi imaginado o esforço necessário para aquela escola avançar. A melhoria em educação não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona"
Luiz Cláudio Costa,
presidente do Inep
O primeiro elemento, para ela, é o que mais tem sido objeto de estudos, mas a expectativa de que o ensino fundamental I no Brasil tenha Ideb 6,0 até 2021 ainda é pouco debatida.
Tanto no caso da entidade quando no das metas governamentais, ela defende que a elaboração de projeções com base em uma série histórica seria mais precisa do que a partir de apenas um resultado. "Se você olhar os resultados de um ano para o outro, eles podem oscilar. Mas quando você pega uma série maior, você tem mais consistência para ver se a escola está em uma curva ascendente, descendente, se é uma curva ascendente ou acentuada, ou se é o que chamamos de 'flat', quase uma reta. Com o histórico em mãos, seria muito mais preciso a gente traçar metas intermediárias até 2021", afirmou ela.
Ao G1, o presidente do Inep disse que a projeção do Ideb foi feita a partir de estudos técnicos e científicos baseados em avaliações internacionais, levando em conta também as especificidades de cada escola. É por isso que duas escolas com Ideb idêntico em 2005 hoje têm metas diferentes, diz ele. "Foi imaginado o esforço necessário para aquela escola avançar. A melhoria em educação não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona." Ainda segundo ele, não há debate no governo sobre a possibilidade de as metas serem revistas antes de 2021.
Reduzir o currículo para aumentar o Ideb
No segundo semestre de 2013, o governo aplicará a nova edição da Prova Brasil, um dos elementos que compõe o cálculo do Ideb. Segundo Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita, a grande divulgação do índice e a política de metas e expectativas para 2021 aumentou a pressão que a sociedade faz sobre bons resultados das escolas e sobre os gestores que cuidam da educação pública.

Se por um lado isso é positivo porque o Ideb é "o primeiro indicador de qualidade" da educação brasileira, por outro Angela alerta que há riscos de que as escolas desenhem seus currículos apenas para obterem bons números no indicador do governo federal.
Em Goiás, por exemplo, o Ministério Público e a secretaria estadual de Educação investigam denúncia de um conselho tutelar sobre sete escolassuspeitas de expulsar alunos com mau comportamento e rendimento para melhorar seu Ideb e receber mais verba do governo estadual (veja reportagem ao lado).
O presidente do Inep afirmou que a maioria das escolas leva a sério a tarefa de melhorar o Ideb através de projetos pedagógicos. "O que a gente tem visto das redes é um grande esforço com muita seriedade, trabalho e dedicação dos gestores e professores. Essa é a regra, e a excepcionalidade não é tolerada nem pelo MEC nem pelos gestores estaduais nem pelos municipais."
Angela afirma que alguns estudos preliminares também já apontam práticas "preocupantes" em algumas redes de várias partes do Brasil. Alguns indícios mostram que elas decidiram aumentar a carga horária das aulas de matemática e português nos primeiros anos do ensino fundamental e eliminar ciências e artes. O objetivo é que os alunos dediquem mais de seu tempo ao conteúdo que vai cair na Prova Brasil.
"Não pode haver redução de currículo para atender uma prova. Se só se dá valor à prova, a gente está fazendo com as crianças uma redução da aprendizagem", afirmou ela.
Não pode haver redução de currículo para atender uma prova. Se só se dá valor à prova, a gente está fazendo com as crianças uma redução da aprendizagem"
Angela Dannemann,
diretora-executiva da Fundação Victor Civita
Na Prova Brasil, são consideradas apenas as matérias de língua portuguesa e matemática. De acordo com o MEC, a partir de 2013 as questões de ciências vão ser inseridas, mas em caráter experimental, e ainda não vão ser incluídas no cálculo do Ideb.
"Você não garante o objetivo e o direito de aprendizagem só olhando de dois em dois anos. São muitas coisas em que temos que atuar ao mesmo tempo. O Ideb é importante, mas você precisa ao mesmo tempo fazer funcionar a escola com todo o conhecimento que precisa ser passado para as crianças. A cada dois anos a gente avalia [em nível nacional], mas a escola tem que avaliar a cada bimestre", disse Angela.
A especialista defende que as redes do município e do estado, além da própria escola, tenham que ter um plano para garantir o aprendizado global dos estudantes, principalmente nos primeiros anos do fundamental, quando o interesse e a curiosidade em aprender precisam ser fomentados. "É o famoso projeto político-pedagógico da escola. Mas você precisa de um professor preparado para atender isso, o professor precisa de melhor formação. A meta tem que ser uma coisa que vai estimular o desenvolvimento da escola e dos professores, não criar caminho paralelo para atender índices."