sexta-feira, 5 de abril de 2013

REDAÇÃO NOTA MIL NO ENEM 2012


Estudante aprovada em Medicina e professor dão dicas de como ter boa nota na redação
Yárina Rangel é um dos 148 estudantes que atingiram a nota máxima

Lauro Neto (Email · Facebook · Twitter)
Publicado: 17/03/13 - 23h00
Atualizado: 18/03/13 - 8h23

Yárina Rangel atingiu pontuação máxima na redação do Enem. Seu texto não continha erros de língua portuguesa Paula Giolito / O Globo

RIO - Apenas 1,1% dos candidatos do Enem 2012 obteve nota acima de 900 na redação, segundo o MEC. Na UFRJ, do total de 4.735 convocados para confirmação de matrícula, só 148 atingiram pontuação máxima. Aprovada em Medicina, Yárina Rangel é uma dessas alunas. Mais do que isso, ela pertence a um seleto grupo de estudantes cujo texto não contém erros de língua portuguesa.
Yárina explica que a prática levou à perfeição. Ela conta que, em 2011, não se saiu bem na redação do Enem, pois estava nervosa e acabou atrapalhada com a correria contra o tempo. A universitária recomenda o treinamento intensivo da escrita para “dar um banho na hora H”.
— Sugiro um exercício semanal. Se você fizer uma redação uma vez por semana, é o suficiente para ganhar a agilidade necessária na hora da prova. Para ajudar a manter a calma, é preciso se conhecer e, com a prática, você vai aprender a manipular até esse nervosismo — ela diz.
Yárina também dá dicas em relação à argumentação no texto dissertativo, modelo cobrado no Enem:
— Dedique um bom tempo ao estudo dos textos de apoio para evitar a fuga ao tema. Também é importante estar atualizado com as notícias, porque, mesmo que o tema da redação não seja aquela reportagem que você leu, pode usar isso num argumento, mostrando ao corretor que tem uma bagagem cultural. Outra dica é ter uma boa estética na redação. Não basta o texto ser bom; precisa parecer bom. Por isso, uma letra legível é fundamental para uma correção que é feita on-line.
Professor de redação do Colégio e Curso _A_Z, Bruno Rabin chama a atenção para o fato de a correção virtual valorizar a simplicidade em detrimento da criatividade:
— Os alunos devem ter muita atenção na interpretação do tema e dos textos para entender e atender à expectativa da banca. Recomendo treinar bastante a simplicidade e a clareza na forma de expressão, porque a correção é muito apressada. O ótimo é inimigo do bom. Não se valoriza o estilo de pensamento, mas a previsibilidade das ideias.
Bianca Peixoto aprendeu essa lição. Este ano, ela foi recompensada com a nota 1.000 na redação e a aprovação em Medicina na UFRJ. Mas, no Enem 2011, viveu um drama que foi parar na Justiça. Um dos corretores havia atribuído nota 880 a seu texto, e o outro deu 0. Como a discrepância superava 300 pontos, um terceiro avaliador deu 440, prevalecendo a última nota, mesmo discrepante em relação às duas primeiras. Apesar de ter conseguido uma liminar para recorrer da nota, o MEC manteve os 440. Agora, Bianca comemora.
— Quando vi a nota 1.000, nem acreditei. Tive um flashback de quando fiquei com 440. Fiquei muito esperançosa de o meu sonho se realizar e se realizou — ela vibra.
Na época, O GLOBO enviou a redação de Bianca para diferentes professores, inclusive um corretor do Enem, e eles lhe atribuíram notas superiores. Para ela, o que melhorou este ano não foi a qualidade do seu texto, mas a da correção:
— O meu nível continuou o mesmo, até porque treinei muito mais em 2011. Mas, em 2012, fiz uma redação mais feijão com arroz para não ter dúvida de respeitar a proposta. Fui bem direto ao tema, em vez de fazer uma introdução digressional, e desenvolvi muito bem as soluções.
Ex-corretor de redação do Enem e professor do Colégio Militar de Porto Alegre, Osvaldo Viera chegou a fazer um desabafo no Facebook criticando a correção. Segundo Viera, os coordenadores do consórcio Cespe/UnB, que treina os avaliadores, orientavam que ele não fosse tão rigoroso. Integrante da banca corretora de redação do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) há dez anos, Viera não foi mais aceito na do Enem.
— A coordenadora dizia que eu precisava ser menos crítico e corrigir mais rápido. Não fui mais chamado porque pesei muito a mão. Mas recebia redações que, muitas vezes, eu não identificava como sendo em língua portuguesa, tamanha a desconstrução sintática e os erros ortográficos. Não há como aceitar erros de norma culta numa redação. Esse é o caminho que o MEC deveria seguir — recomenda Viera. (L.N.)
(Leia a redação de Yárina aqui)

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3 comentários:

  1. Em uma entrevista de emprego precisei fazer uma redação com o tema "Quem sou eu". Depois de pensar muito não consegui outro modo de escrever que não fosse em 1ª pessoa e mesmo agora pesquisando na internet não consigo descobrir outro modo de fazê-lo. Existe alguma forma de falar de si mesmo que não seja em 1ª pessoa? Como eu não passei na entrevista fiquei sem saber se esse foi o motivo da minha reprovação, ou se nesse caso (temas do tipo "Quem sou eu") agi corretamente escrevendo em 1ª pessoa e o motivo da não aprovação foi outro. Agradeceria muito se pudesse me dar uma resposta.

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  2. Amigo,
    Fique tranquilo, não foi por causa da primeira pessoa que você foi reprovado... Não há outra forma de escrever sobre si mesmo que não seja assim!
    Abraço,

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  3. Feliz pela garota. Feliz por mim também... Pois tirei nota 1000 na redação do enem 2012 e média de 646 no restante. Fiquei muito contente. Estava confiante e certa do que estava escrevendo.
    Rosy
    Medina - MG
    rosy.andrade@hotmail.com

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