terça-feira, 13 de setembro de 2011

A PROLIXIDADE NOS TEXTOS

Já diziam os mais velhos (sábios) que, quando não pudermos ajudar, é melhor ficar calado, ou então, quem conversa demais da bom dia a cavalo, ou ainda, boca fechada passarinho não faz ninho.
À parte os clichês, muitas vezes senso comum destituído de qualquer sentido concreto, esses citados acima deveriam nortear a vida daqueles que lidam com as palavras, profissionais ou não.
É verdade que a herança do ocidente, vinda dos pensadores gregos, é a da prolixidade, do falar demais e exacerbadamente, ao contrário da competência e objetividade do oriente, que consegue sintetizar uma máxima em apenas um ideograma, falar pouco, resumidamente, e conter muito conteúdo.


Talvez por isso professores de História, Geografia e até Literatura sejam altamente prolixos, o que é bom algumas vezes, enfadonho em outras tantas.
Certa feita, comentando sobre prolixidade nos textos, demos exemplo do que seria isso, muitas vezes dando voltas e mais voltas em um assunto, buscando informações ou argumentos desde a antiguidade até os dias atuais.
Os alunos, então, maledicentes, disseram que tinham uma professora de História que era assim, falava demais para explicar uma coisa simples que haviam perguntado. Colocando de lado os temas históricos que hão de ter essa necessidade e também a ignorância dos interlocutores, muitas vezes é preciso essa volta, esse retorno às origens, ao ontem, para explicar o hoje e também prever o amanhã.
Mesmo assim, demos boas risadas, brincamos e falamos de escritores muito prolixos, como Eça de Queirós, Jorge Amado, o americano Norman Mailler, entre outros.
Em reunião docente algum tempo depois, a professora em questão contou, às lágrimas, a “injúria” sofrida por um colega, que a chamou de prolixa. Naquele momento, pensamos que o Aurélio ou o Houaiss haviam transpassado o sentido da palavra para “vitupério”, “obscenidade”, “calúnia”, “ultraje”, “ignomínia”... O que não é o caso. A colega, a nosso ver, foi precipitada em suas conclusões e fez tempestade em copo d’água.
O problema que nós queríamos tratar, realmente, era que em textos escritos o rodeio, a amplitude de informações, o dar a volta de 360º graus, ficaria chato, longo, tedioso, poderia soar até como vaidade do autor, que quer demonstrar tudo o que sabe (e não teria outra chance de fazer isso!).
O excesso de conteúdo, nesse caso, poluiria a redação. Engraçado é que os textos escolhidos como os de “nota dez” em vestibulares e concursos Brasil afora são os que apresentam boas ideias, bom conteúdo e, acima de tudo, têm objetividade. São simples e ao mesmo tempo utilizam uma linguagem culta, correta. Primam por dizer muito com pouco.
Deixemos a prolixidade para as mesas de bares, o estádio de futebol, a conversa informal na fila do banco ou no consultório dentário, quando o tempo é propício e se arrasta, mas não para as redações que, infelizmente, necessitam estar encolhidas em apenas 30 mirradas linhas.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

2 comentários:

  1. KKKK,tinha minhas dúvidas sobre " prolixo",você não o foi.Agora não tenho mais dúvidas,obrigada.

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  2. Muito bom. Faltou apenas uns exemplos de frase ou locuções que podem(ou devem) ser "enxugadas".

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