sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

NATAL NO XXI



À Messias Maciel Filho e Família.

Hohoho! Natal chegou e com ele o Santa Claus, que nada tem que ver com nossa cultura sul-americana lusoafroíndia. Papai Noel da invencionice presenteira. Europeu do norte. Neve. Renas e trenós. E o nascimento de Jesus? Bom, isso já não seduz mais!
Campanhas do bom velhinho; vermelhidão para todos os lados; sacos e meias espalhados por todos os cantos, pisca-piscas incandescentes em olhar alheio, multidões aceleradas por tempo determinado...
E o advento do Cristo? E o Evangelho? E a comemoração do Aniversariante? E o amor, o perdão e a caridade? E as Parábolas e o Sermão do Monte? E as curas a cegos, aleijados e endemoniados?
Água no ralo.
25 de dezembro é perfumaria, alfaiataria, sapataria, pirataria. Febre de consumo. Ilusão de e para as massas, função hiper-mega-super-comérciopropagandista! Do contrário, falência do mercadooo...
Amigos secretos. Amigos sacanas. Amigos indiscretos. Inimigos para todos os lados!
Rabanadas no nordeste? Nozes no sertão de meu Deus? Nêsperas e tâmaras na caatinga? Avelãs e castanhas na ceia do cabra da peste? Chester com passas e blanquet com cerejas na terra dos tupiniquins? Nada!
Contradiz toda a historinha do Mestre Nazareno com sua santíssima frugalidade palestina: Pão e vinho. Corpo e sangue.
Estou de saco verdadeiramente cheio, entupido, desse senhor de barbas brancas, barriga desleixada, cajado dourado e cara de bom sujeito!
O pior é que cada ano as coisas ficam mais difíceis: o sentimento de amor fraterno vai esmaecendo; a sensação de concórdia e amizade é esquecida; a homenagem ao maior Espírito que já esteve entre nós é deixada de lado, pelo compre e venda!
Quero a abolição do Hohoho! Desejo o retorno à Sibéria do Santa Claus! Almejo a morte simbólica e eterna do Papai Noel!
E que ressuscite no coração do ser humano terráqueo, mamífero, bípede, telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor o “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, o “perdoai não sete vezes, mas setenta vezes sete” e o “bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”!
Que renasça na mente e na alma dos homens a verdadeira noção e sentido Natalino: celebrar que a nossa pequenez, a nossa mesquinharia e a nossa inferioridade teve um Exemplo Maior a ser seguido, um Exemplo que esteve entre nós há 2012 anos, e O imolamos na infame cruz dos condenados!
Sonho Jesus, Governador Moral da Terra, no 25, no 26, no 27 e em todos os dias do ano para todo o sempre!
Ah, isso sim é um verdadeiro presente de Natal e um real desejo de Amigo “Fraterno”, distante léguas do fim de ano plim-plim!
* Gustavo Atallah Haun é professor, formado em Letras, UESC, e ministra aula em Itabuna e região. Escreve para jornais de Itabuna, Ilhéus e edita oblogderedacao.blogspot.com (g_a_haun@hotmail.com). É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.

2 comentários:

  1. Amei esta postagem! Concordo com tudo que disse! Parabéns! Se permite, vou postá-la em meu blog, é claro, vou colocar o link do seu blog ao final da postagem! Posso? Abraços!

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  2. olá Gustavo! Vim conhecer o seu espaço através da Vanúcia e confesso que tenho visitado poucos blogs de qualidade. A maioria se prende ao copiar e colar. Sou a favor da produção, da redação de textos, mesmo que imperfeitos e inexpressivos, da criação, da exposição de idéias e de levar a sério o que o humano tem de mais característico, a linguagem. Passeei por aqui e me deleitei com este texto, tão reflexivo sobre esta época do ano. Faço minhas suas palavras, que gritam de desespero ante a imposição do pançudo vermelho. Não vamos mudar essa história e nem reverter a saga do que se transformou o Natal, mas também não vamos nos vender por bugigangas chinesas. Sic! Um grande abraço!

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