Brasileiro medalhista de química passa em 4 universidades dos EUA
- Arquivo PessoalRamon Gonçalves, 19, medalhista de bronze na Olimpíada Internacional de Química em Washington
Ramon Gonçalves, de 19 anos, é exemplo de que o esforço pessoal aliado ao apoio estudantil pode mudar a vida de alunos que sonham com uma graduação no exterior. Medalhista em olimpíadas de química e aprovado em cinco universidades internacionais (quatro americanas), o garoto fundou um projeto que ajuda jovens talentos a estudarem em boas escolas no país.
Nascido em Belém, no Pará, ele sempre gostou da disciplina de química, mas acreditava que sua escola não dava o suporte necessário para que desenvolvesse seus conhecimentos. "Sentia que não acreditavam em mim. Meu grande sonho sempre foi estudar fora, mas eu não tinha ideia nenhuma de como era o processo para ser aceito", conta.
O estudante foi 1º lugar na Olimpíada Paraense de Química e começou a estudar para a versão nacional. Diante da falta de preparação, Ramon resolveu ser ousado: mandou um e-mail para o coordenador da Olimpíada Brasileira de Química, Sérgio Mello, pedindo ajuda.
Mello colocou Ramon em contato com o colégio Ari de Sá Cavalcante, em Fortaleza, que concedeu a ele bolsa integral de estudos. O jovem então se mudou para a cidade e morou em um pensionato com outros alunos da instituição.
"No começo foi bem difícil a adaptação. Eu cheguei lá no finalzinho de julho. A olimpíada aconteceu em agosto. Os outros alunos tiveram cerca de seis meses para se preparar. Eu tive menos de um", lembra.
A rotina de estudos de Ramon foi puxada. Das 8h às 12h, ele estudava para a olimpíada de química, e das 13h30 até as 20h, tinha aula preparatória para o exame do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
Conquistas
Em agosto de 2011, Ramon conquistou a medalha de bronze na Olimpíada Brasileira de Química. No ano seguinte, participou da edição internacional, em Washington, nos Estados Unidos, onde foi agraciado também com o bronze.
"Quando eu soube que tinha passado nem acreditava. Até o diretor da escola falava que os professores tinham tirado água de pedra", conta. O estudante lembra que foi bem na prova prática, mas a teórica exigiu rapidez de raciocínio. "Eram oito questões que se dividiam em muitas outras. Foram 59 páginas de prova."
Já na edição ibero-americana veio a medalha de prata. Ela aconteceu em setembro de 2012, em Santa Fé, na Argentina. O evento reuniu 57 estudantes de 17 países.
Em junho deste ano, ele participará na Finlândia do Millennium Youth Camp, iniciativa para jovens que se interessam por ciências naturais, matemática e tecnologia. Durante uma semana, os campistas são apresentados para empresas finlandesas e instituições de ensino superior.
Como tarefa para ser aprovado, o estudante teve de fazer um projeto sobre recursos naturais renováveis. Foi assim que ele criou um estudo que prevê a substituição do petróleo por derivado da cana de açúcar no processo de criação de propano, principal ingrediente de plásticos como o polietileno e o polipropileno.
Tamanho esforço e dedicação renderam a Ramon a aprovação em cinco universidades internacionais: quatro norte-americanas (Cornell, Dartmouth, University of Southern California e Amherst) e a principal instituição finlandesa (University of Helsinki).
"Estou em dúvida entre a Southern California e a Cornell, mas a questão financeira pesa muito, porque a mensalidade chega a ser em torno de 10 mil reais", conta. Caso não consiga bolsa de estudos, o estudante pretende recorrer ao governo brasileiro ou até mesmo fazer uma campanha para arrecadar dinheiro para os estudos no exterior.
Projetos
Ramon criou dois projetos para ajudar alunos do Brasil na preparação para vestibulares. Um deles, o "Clube do Estudante", é um canal atualizado com vídeos de exercícios resolvidos de provas das melhores instituições de ensino do país.
Já o "Talentos sem Fronteiras" é uma iniciativa que coloca as escolas parceiras em contato com jovens promissores. "O projeto é justamente promover essas oportunidades que eu recebi. O aluno se inscreve, preenche dados acadêmicos, atividades extracurriculares e manda para o nosso banco de dados. As escolas analisam e pegam os talentos que elas acham que podem ajudar a lapidar", explica.
O projeto foi criado no ano passado e atualmente conta com o apoio do colégio de Ramon em Fortaleza e do Poliedro.
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