sábado, 17 de outubro de 2015

PRESSÃO: ENEM CHEGANDO!!!

16/10/2015 06h00 - Atualizado em 16/10/2015 06h00

Enem 2015: pressão dos pais pode atrapalhar resultado de estudantes

Veja o que os candidatos andam ouvindo dos pais nesta reta final.
Para psicóloga, pressão agora é como 'sal na comida', pouco ou muito é ruim.


A pressão dos pais pode ser um dos grandes vilões na reta final dos estudos em busca de uma vaga na universidade. O G1 visitou os cursinhos Maximize e Poli, em São Paulo, para saber o que os estudantes têm ouvido de seus pais às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).(veja o vídeo acima).

Tanto na opinião dos estudantes quanto na visão de especialistas as cobranças precisam ser dosadas. Cobranças em excesso, comparações e ameaças podem provocar o efeito contrário e prejudicar os estudantes. "Num mundo perverso e competitivo, não ter apoio e incentivo dentro de casa pode tornar o jovem mais inseguro do que gostaríamos", afirma a psicóloga Rita Calegari.

Frases de impacto: comparação
O estudante Bruno Benotti, de 18 anos, quer cursar design, e vai prestar Fuvest, além de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Há uma pressão direta, principalmente porque minha irmã passou (para farmácia na Unesp). Eu vim do ensino público e tive de aprender muitas coisas no cursinho”, diz. Ele afirma que sente privilegiado por estar “apenas” estudando. “Tem gente que trabalha e estuda, eu estou só estudando. Por outro lado, minha mãe já falou que ano que vem vai parar de me bancar.”
Na casa de Débora Aparecida, de 18 anos, também há comparações. “Há uma pressão psicológica, porque eu tenho uma prima já formada e meus pais ficam me comparando.” Débora diz que se incomoda, mas por outro lado, leva como incentivo. “É uma força a mais, quero mostrar que eu consigo.”
‘Não vou mais gastar dinheiro’
Estela Fonseca, de 18 anos, já foi avisada pela mãe que não poderá fazer cursinho por mais um ano. Ela sempre estudou na rede particular de ensino, por isso é cobrada para entrar em uma faculdade pública. “Ela já avisou que não vai gastar mais dinheiro comigo. Ela quer que eu seja algo na vida e fica perguntando toda hora se já estudei, se já li os livros da Fuvest.”

Ela já avisou que não vai gastar mais dinheiro comigo. Ela quer que eu seja algo na vida e fica perguntando toda hora se já estudei, se já li os livros da Fuvest."
Estela Fonseca,
estudante
'Ela não quer que eu perca tempo'
Ana Carolina Marcon, de 18 anos, é filha única e foi criada pela mãe. Ela quer estudar nutrição e sente o peso de ter seguir o exemplo da mãe. “Ela sempre estudou muito, trabalhou, me teve nova e se virou. Ela não quer que eu perca tempo, que eu fique gastando o dinheiro dela.”

Ana Carolina diz que a mãe fica no pé, “dá uns gritos”, mas acha que ela tem razão em cobrar. A exigência nem é por uma vaga em uma instituição pública, pode ser na rede privada, desde que ela trabalhe.
‘Não dá para ficar quatro anos no cursinho’
A cobrança dos pais de Kayanne Ambrosio, de 18 anos, não é tão grande para que ela passe no vestibular neste ano. A trégua é porque ela quer estudar medicina, e os pais sabem o quanto o curso é concorrido. No entanto, já foi avisada de que não poderá ficar quatro anos no cursinho.

“Como eles investem, querem retorno. Mas já me falaram: você não vai ficar quatro anos no cursinho. Minha mãe fica de segunda a segunda falando que eu tenho de estudar, ainda mais quando não me vê com os livros.”
Cursinho pago pelos avós
Quem paga o cursinho do estudante Gustavo Lopes, de 18 anos, são seus avós, por isso a cobrança dos pais para que ele entre na faculdade é ainda maior. "Eles dizem que eu tenho de estudar todo o tempo que tenho porque meus avós estão investindo em mim, eu fico meio nervoso."

Pais ignoram complexidade do desafio
Os pais de Daniel Kesley, de 18 anos, ficam repetindo que ele precisa passar no vestibular neste ano. O pai é caminhoneiro e a mãe atendente de telemarketing. Kesley quer cursar contabilidade, estudou na rede pública e entrou no cursinho neste ano para se preparar melhor.

Ele diz que se sente tranquilo em relação à cobrança dos pais porque consegue pagar o próprio cursinho e não precisa usar o dinheiro deles. Kesley trabalha em uma barraca de verduras na feira de fim de semana para pagar o estudo. "Meus pais não têm estudo e eles não têm ideia do que são as prova de vestibular, o Enem. Eu mesmo só descobri o que era o Enem, no ano passado."
Num mundo perverso e competitivo, não ter apoio e incentivo dentro de casa pode tornar o jovem mais inseguro do que gostaríamos."
Rita Calegari,
psicóloga
Falta de apoio gera insegurança
A psicóloga Rita Calegari diz que a pressão dos pais neste momento é como "sal na comida." "Se estiver na medida errada, para mais ou para menos, pode estragar o prato. Da mesma forma, pais que não manifestam nenhum tipo de cobrança ou pais que cobram demasiadamente, irão prejudicar os filhos."

Rita lembra que ameaças e comparações não costumam ajudar. "A menos que a comparação seja positiva, num tom amistoso: 'seu irmão não é melhor que você e conseguiu porque se esforçou, logo você também pode.'"
Para ela, a ameaça também pode surtir outro efeito, o de aparecer que "não amamos nossos filhos pelo que são e representam, mas pelo resultado que obtém." "Num mundo perverso e competitivo, não ter apoio e incentivo dentro de casa pode tornar o jovem mais inseguro do que gostaríamos."
O que os pais podem fazer nessa hora é oferecer apoio, segundo a psicóloga. "Entenda se ele estiver tenso e preocupado e diga-lhe que sempre há uma segunda ou terceira chance, que a vida dele não vai acabar se ele não passar no vestibular, que os pais continuarão amando-o mesmo que não consiga."(Fonte: Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo)

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