quarta-feira, 10 de julho de 2013

EDUCAÇÃO É A SAÍDA?


Nunca me decepcionei com a Educação. Eu me decepciono é com o que está no entorno, digamos assim, da coisa. São doze anos de magistério, que vivo em busca do melhor de mim e da formação daqueles que oriento.
Se me perguntarem se é ruim trabalhar com o ensino, direi sempre que não, não é mal. É um trabalho de muita honra, responsabilidade e, desde que seja competente, tem razoável oferta no mercado.
Agora, um dos percalços que se encontra no meio é os de quem comandam a educação no Brasil, e os que estão próximos destes. Essa é uma real derrocada do setor.
Enquanto os sindicatos dos bancários, só para exemplificar, marcam em cima os gerentes, diretores e subdiretores que assediam moralmente seus subalternos, isso é uma praxe cotidiana no ambiente escolar e, o pior, ninguém faz nada, nem sindicato de instituições educacionais particulares nós temos na região.
De cima para baixo, o pau quebra. O professor, culpado de todas as mazelas, é destratado e desrespeitado pelos alunos, pelos coordenadores, pelos diretores e pelos pais. Então, é fácil perceber que está difícil quebrar a cadeia viciosa: ou se adéqua ou se cria uma big revolução! Como ninguém hoje em dia tem o ímpeto e a força de um Guevara, ou se frustra ou vai-se empurrando com a barriga!
O mais difícil é aceitar entrar no sistema ganhando miséria. Se pelo menos valesse a pena financeiramente, poder-se-ia aguentar um mau humor aqui, uma indisciplina ali, um esporro acolá, uma sala com sessenta alunos, uma falsa amizade lá adiante e por aí vai.
Mas a vida do docente, se não for concursado e sobreviver de escolas particulares, é a de engolir sapo(s)! E a pressão alta, o stress, a rouquidão, a exploração, a correria por prazos e o assédio moral, como já foi dito, é o comum nos corredores dos colégios ditos nobres.
A docência é a única profissão em que, faltando a aula, mesmo com atestado médico, o infeliz é obrigado a repor a aula perdida. O sujeito pode ter estado no leito de morte, não importa, é obrigado. E quando chega ao trabalho, no outro dia, moribundo ainda, todos o olham com cara fechada, como se o elemento fosse um criminoso. Sequer telefonam para perguntar se o desgraçado já desencarnou ou se ainda está entre os vivos!
Não, jamais foi a educação o problema do nosso país, muito menos a cultura. Elas são, na verdade, as molas impulsionadoras da vitória íntima, ou familiar, ou coletiva, isso sim. A desgraça cotidiana são os mal educados, a puxação de saco, os incultos, a “filadaputagem” dos vaidosos que estão por trás das mesas administrativas estudantis, de olho no lucro, nos tapinhas das costas dos patrões e subservientes aos genitores que deixam os filhos ao léu porque endinheirados, descomprometidos ou despreparados.
A educação e a cultura são os únicos meios de evolução de um povo, instrumentos de se chegar à verdade que liberta, formar consciências despertas e promover viagens cognitivas sem sair do lugar, além de preparar para o mercado de trabalho, é claro. Porém, o preço que se paga para isso é alto, quer dizer, o preço pago do lado fraco da corda, porque do lado negro da força...

Gustavo Atallah Haun – Professor, formado em Letras na UESC. Editor de obloderedacao.blogspot.com.br. Escreve para jornais e sites da região sul da Bahia. É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.

7 comentários:

  1. Olá professor venho lhe parabenizar pelo post e pelo blog como um todo. Encontrei seu blog por acaso e fiquei extremamente feliz, pois você foi o melhor professor de redação que já tive. Lembro até hoje das suas aulas no curso Sistema. Em 2014 pretendo voltar a estudar e conto com você para me ajudar a realizar meu sonho que é passar em Medicina. Te desejo muito sucesso, paz, amor e felicidade!

    ResponderExcluir
  2. Olá Professor meu nome é Ana carolina tenho 19 sou estudante do 3° ano do ensino médio equero lhe parabenizar pelo seu excelente trabalho aqui no blog. Seus artigos são ótimos e de grande ajuda, pois estou me preparando não só para o Enem mais também para outros concursos na área administrativa. Fico feliz por ver profissionais da educação que ainda acreditam no poder da leitura. Obrigada pela ajuda e que Deus lhe abençoe grandemente!

    ResponderExcluir
  3. Confeço que fiquei assustada com tudo que li. Estou pensando em fazer letras, depois de ter lido, fiquei meio desanimada, embora sabendo que tudo isto é verdade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não desanime, futura companheira! Mas vá sabendo o que acontece por trás dos bastidores...Sucesso!!!

      Excluir
  4. Parabéns Nobre Professor Gustavo. Eu sou grande admirador da Literatura, pois gosto de Ler, Escrever e emitir meu ponto de vista em relação textos, crônicas ou artigos que porventura surgem nas redes sociais ou meu Face, Email outros. Confesso que há muito para aprender, mas, lendo seus escritos, passei gostar ainda mais desse fantástico mundo da literatura. Para finalizar, "CONTINUE SENDO ESSA PESSOA HUMILDE, SEM EGOÍSMO, POIS O BRASIL PRECISA NECESSITA DE PESSOAS ASSIM COMO VOCÊ! - QUE FAZ A DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA".

    ResponderExcluir