quarta-feira, 10 de abril de 2013

ACENTUAÇÃO TÔNICA


terça-feira, 9 de abril de 2013

SERÁ QUE CHEGA ATÉ A COPA?

Interior da Arena Fonte Nova.

Com a reinauguração da (Itaipava?) Arena Fonte Nova, um amigo confidenciou-me: não dou dois meses para estar tudo destruído. Fui mais otimista: no primeiro rebaixamento de ambos – Bahia ou Vitória – os torcedores destruirão os assentos, farão das barras de ferro armas e invadirão o campo arrasando com tudo!
Em primeiro lugar, é uma infelicidade tremenda chamar um estádio de futebol de “arena”. Parece um retorno à barbárie, quando nas arenas da antiguidade se esfolava, matava, queimava etc., por mera distração dos imperadores entediados, além de diversão e alienação das massas.
Mas a verdade é que nós, brasileiros, não temos a educação anglo-saxônica que a Fifa impõe em competições internacionais. Se na Europa os torcedores podem beber cerveja, assistir a jogos sem alambrados e fosso, sentadinhos e quietos em cadeiras acolchoadas, é porque tem uma Polícia eficiente, uma Justiça que funciona, uma fiscalização competente. E educação!
No Brasil, o que manda são os cambistas, a impunidade, o suborno e a falta de trato com o patrimônio público... Salvo raríssimas exceções.
Antes de reinaugurar os estádios das Copas que virão logo mais, tinha-se que fazer um amplo projeto de educar o povo, de conscientizar a população, de ensinar a nação a usar um bem que custou caro - quase todos ultrapassaram seus orçamentos iniciais – e que é de todos! Aliás, um bem que não é essa “coca-cola” toda!
Reportagens do UOL de domingo e segunda, dias 07 e 08 de abril, traziam os inúmeros defeitos da recente Fonte Nova: fiações soltas, tapumes impedindo acesso, problema de estacionamento, materiais de construção largados na obra, poltronas sem parafusar, as vias inacabadas no entorno, poças de água embaixo dos assentos e, o pior, mais de 06 mil lugares com ponto cego no estádio, ou seja, o sujeito vai para assistir e não assiste!
Porque no Brasil, querido leitor, é assim, tudo feito nas coxas, afinal, aqui é terra de ninguém! Faz-se o que quer: ninguém reclama, ninguém quer se comprometer, ninguém prende os que (des) mandam!
Um espaço que custou quase 700 milhões de reais, acusado de a maioria da verba ter sido desviada do FUNDEB, e ainda mal feito. É brincadeira!
Ai, ai, ai... E ainda têm os que sonham com isso aqui civilizado! Polido! Urbanizado! Com certeza não será para esta, nem para as próximas gerações. É esperar para ver.
Gustavo Atallah Haun - Professor.

domingo, 7 de abril de 2013

OS DEZ MANDAMENTOS PARA VIVER BEM COM OS OUTROS

     1º Tenha controle de sua língua. Sempre diga menos do que pensa. Cultive uma voz baixa e suave. A maneira como se fala muitas vezes impressiona mais do que aquilo que se fala.

     2º Pense ante de fazer uma promessa e, depois, não dê importância ao quanto lhe custa.

     3º Nunca deixe passar uma oportunidade para dizer uma coisa carinhosa e animadora a uma pessoa ou a respeito dela.

     4º Tenha interesse nos outros: em suas ocupações, seu bem-estar, seus lares e famílias. Seja alegre com os que riem e lamente com os que choram. Deixe cada pessoa com quem encontra sentir que você lhe dispensa importância e atenção.

     5º Seja alegre. Conserve para cima os cantos da sua boca. Esconda suas dores, seus desapontamentos e inquietações sob um sorriso. Ria de histórias boas e aprenda a contá-las.

     6º Conserve a mente aberta para todas as questões da discussão. Investigue, mas não argumente. É marca de ser superior discordar e ainda conservar a amizade.

     7º Deixe as sua virtudes falarem por si mesmo e recuse a falar das faltas e fraquezas dos outros. Desencoraje murmúrios. Faça uma regra de falar só coisas boas aos outros.

     8º Tenha cuidado com os sentimentos alheios. Gracejos e humor não valem a pena e frequentemente podem magoar quando menos se espera.

     9º Não faça caso das observações más a seu respeito. Só viva de modo que ninguém as acredite. Nervosismo e indigestão são causas comuns para maledicências.

     10º Não seja tão ansioso a respeito de seus direitos. Trabalhe, tenha paciência, conserve seu temperamento calmo, esqueça de si mesmo e receberá sua recompensa.

(Extraído do boletim da Igreja Metodista Central de Belo Horizonte)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

REDAÇÃO NOTA MIL NO ENEM 2012


Estudante aprovada em Medicina e professor dão dicas de como ter boa nota na redação
Yárina Rangel é um dos 148 estudantes que atingiram a nota máxima

Lauro Neto (Email · Facebook · Twitter)
Publicado: 17/03/13 - 23h00
Atualizado: 18/03/13 - 8h23

Yárina Rangel atingiu pontuação máxima na redação do Enem. Seu texto não continha erros de língua portuguesa Paula Giolito / O Globo

RIO - Apenas 1,1% dos candidatos do Enem 2012 obteve nota acima de 900 na redação, segundo o MEC. Na UFRJ, do total de 4.735 convocados para confirmação de matrícula, só 148 atingiram pontuação máxima. Aprovada em Medicina, Yárina Rangel é uma dessas alunas. Mais do que isso, ela pertence a um seleto grupo de estudantes cujo texto não contém erros de língua portuguesa.
Yárina explica que a prática levou à perfeição. Ela conta que, em 2011, não se saiu bem na redação do Enem, pois estava nervosa e acabou atrapalhada com a correria contra o tempo. A universitária recomenda o treinamento intensivo da escrita para “dar um banho na hora H”.
— Sugiro um exercício semanal. Se você fizer uma redação uma vez por semana, é o suficiente para ganhar a agilidade necessária na hora da prova. Para ajudar a manter a calma, é preciso se conhecer e, com a prática, você vai aprender a manipular até esse nervosismo — ela diz.
Yárina também dá dicas em relação à argumentação no texto dissertativo, modelo cobrado no Enem:
— Dedique um bom tempo ao estudo dos textos de apoio para evitar a fuga ao tema. Também é importante estar atualizado com as notícias, porque, mesmo que o tema da redação não seja aquela reportagem que você leu, pode usar isso num argumento, mostrando ao corretor que tem uma bagagem cultural. Outra dica é ter uma boa estética na redação. Não basta o texto ser bom; precisa parecer bom. Por isso, uma letra legível é fundamental para uma correção que é feita on-line.
Professor de redação do Colégio e Curso _A_Z, Bruno Rabin chama a atenção para o fato de a correção virtual valorizar a simplicidade em detrimento da criatividade:
— Os alunos devem ter muita atenção na interpretação do tema e dos textos para entender e atender à expectativa da banca. Recomendo treinar bastante a simplicidade e a clareza na forma de expressão, porque a correção é muito apressada. O ótimo é inimigo do bom. Não se valoriza o estilo de pensamento, mas a previsibilidade das ideias.
Bianca Peixoto aprendeu essa lição. Este ano, ela foi recompensada com a nota 1.000 na redação e a aprovação em Medicina na UFRJ. Mas, no Enem 2011, viveu um drama que foi parar na Justiça. Um dos corretores havia atribuído nota 880 a seu texto, e o outro deu 0. Como a discrepância superava 300 pontos, um terceiro avaliador deu 440, prevalecendo a última nota, mesmo discrepante em relação às duas primeiras. Apesar de ter conseguido uma liminar para recorrer da nota, o MEC manteve os 440. Agora, Bianca comemora.
— Quando vi a nota 1.000, nem acreditei. Tive um flashback de quando fiquei com 440. Fiquei muito esperançosa de o meu sonho se realizar e se realizou — ela vibra.
Na época, O GLOBO enviou a redação de Bianca para diferentes professores, inclusive um corretor do Enem, e eles lhe atribuíram notas superiores. Para ela, o que melhorou este ano não foi a qualidade do seu texto, mas a da correção:
— O meu nível continuou o mesmo, até porque treinei muito mais em 2011. Mas, em 2012, fiz uma redação mais feijão com arroz para não ter dúvida de respeitar a proposta. Fui bem direto ao tema, em vez de fazer uma introdução digressional, e desenvolvi muito bem as soluções.
Ex-corretor de redação do Enem e professor do Colégio Militar de Porto Alegre, Osvaldo Viera chegou a fazer um desabafo no Facebook criticando a correção. Segundo Viera, os coordenadores do consórcio Cespe/UnB, que treina os avaliadores, orientavam que ele não fosse tão rigoroso. Integrante da banca corretora de redação do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) há dez anos, Viera não foi mais aceito na do Enem.
— A coordenadora dizia que eu precisava ser menos crítico e corrigir mais rápido. Não fui mais chamado porque pesei muito a mão. Mas recebia redações que, muitas vezes, eu não identificava como sendo em língua portuguesa, tamanha a desconstrução sintática e os erros ortográficos. Não há como aceitar erros de norma culta numa redação. Esse é o caminho que o MEC deveria seguir — recomenda Viera. (L.N.)
(Leia a redação de Yárina aqui)

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

CONSOANTES MUDAS X CONSOANTES PRONUNCIADAS


Muitos alunos me perguntam sobre as tais consoantes mudas, alguns deles confundindo o que venha a ser consoante muda com consoante sem vogal na sílaba, mas que é pronunciada.
Em língua portuguesa brasileira não temos, praticamente, consoantes mudas. Essa é uma característica do português de Portugal, uma necessidade que se conservou por lá para detectar vogal fechada ou aberta. Alguns exemplos das tais consoantes são “secção”, “contacto” e “Egipto”, além de inúmeras outras. Em Portugal, com o Novo Acordo, algumas desapareceram como em "recepção" (receção), "aspecto" (aspeto), "perspectiva" (perspetiva), "respectivo" (respetivo).
Já na relativamente dinâmica língua brasileira, cujas influências indígenas e africanas são presentes e marcantes, a mudez não se conservou. E nós optamos em escrever “seção”, “contato” e “Egito” e continuamos a pronunciar as consoantes de "recepção", "aspecto", etc.
E é aí que a confusão é devida, por conta de algumas palavras que nós temos, em que a consoante é pronunciada, porém ela é desacompanhada de vogal: admirar, adquirir, abrupto, inadmissível etc.
Só que muda é igual a não pronunciada.
E tais palavras têm consoantes FALADAS, DITAS, PRONUNCIADAS, ou seja, não são mudas!
Por fim, o Novo Acordo Ortográfico assinado pelos oito países lusófonos ou CPLP (com resistência de alguns portugueses orgulhosos!) aboliu o uso das consoantes mudas. Daqui para frente não iremos utilizá-las mais, só ficarão as consoantes pronunciadas, embora sozinhas, solitárias, sem uma vogalzinha sequer após suas sílabas...
Valeu!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

FALA PROFESSOR...




Todos têm decorado o discurso de que Redação é importante - matéria eliminatória em concursos, e peso máximo em vestibulares -, mas ninguém quer ter trabalho, querem redigir com um toque de condão. Eis o problema.
Aprender a escrever bem depende de suas escolhas linguísticas, de suas leituras prévias, de prática de escrita, de domínio das linguagens e dos gêneros.
Muitos, aqui no Blog, pedem-me manuais, dicas, receitas, blábláblás sobre melhorar o próprio texto.
Ora, entendam de uma vez por todas que não sou mágico ou profeta (caso de ficar tentando adivinhar temas!), por isso o único caminho que posso indicar, como professor, é: meta as caras!
Leia, pratique e corrija ou entregue a alguém habilitado para corrigir. Depois, refaça todo o texto. Leia mais um bocadinho, sobre tudo: livros, jornais, revistas. Em seguida, pratique novamente e corrija mais uma vez. Refaça o texto, consertando os equívocos. E assim sucessivamente. Até estar apto para a “coisa”!
Leitura, prática, correção e reescrita...
É simples!

sábado, 30 de março de 2013

A PAIXÃO DE CRISTO IDEAL...


Briga na Procissão
(Chico Pedrosa)

No tempo em que as estradas
Eram poucas no sertão,
Tanger hinos e boiadas
Cruzavam a região.
Entre volante e cangaço
Quando a lei era do braço
Do jagunço pau-mandado
Do coroné invasor
Dava-se no interior
Esse caso inusitado.

Quando Palmeira das Antas
Pertencia ao Capitão
Bento Justino da Cruz
Nunca faltou diversão:
Vaquejada, cantoria,
Procissão e romaria,
Sexta-feira da paixão.


Na quinta-feira maior,
Dona Maria das Dores
No salão paroquial
Reunia os moradores
E ao lado do Capitão
Fazia a seleção
De atrizes e atores.


O papel de cada um
O Capitão que escolhia
A roupa e a maquilagem
Eram com Dona Maria
O resto era discutido,
Aprovado e resolvido
Na sala da sacristia.


Todo ano era um Jesus,
Um Caifaz e um Pilatos
Só não faltavam a cruz,
O verdugo e os maus-tratos
O Cristo daquele ano
Foi o Quincas Beija-Flor
Caifaz foi Cipriano,
Pilatos foi Nicanor.


Duas cordas paralelas
Separavam a multidão
Pra que pudesse entre elas
Caminhar a procissão
Cristo conduzindo a cruz
Foi não foi advertia
Pro centurião perverso
Que com força lhe batia.


Era pra bater maneiro
Mas ele não entendia
Devido a um grande pifão
Que bebeu naquele dia
Do vinho que o capelão
Guardava na sacristia.


Cristo dizia: ôh, rapaz,
vê se bate devagar!
Já estou todo encalombado,
assim não vou aguentar,
tá com a gota pra doer,
ou tu pára de bater
ou a gente vai brigar!


O pior é que o malvado
Fingia que não ouvia
E além de bater com força
Ainda se divertia,
Espiava pra Jesus
Fazia pouco e dizia:
Que Cristo frouxo é você,
que chora na procissão?
Jesus pelo que eu saiba
não era mole assim não.


Eu tô batendo com pena,
tu vai ver o que é bom
na subida da ladeira
da venda de Fenelon.
O couro vai ser dobrado
daqui até o mercado
a cuíca muda o som!


Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão
Era Quincas que com raiva
Sacudia a cruz no chão
E partia feito um maluco
Pra cima de Bastião
Se travaram no tabefe,
Ponta-pé e cabeçada.


Madalena levou queda,
Pilatos levou pancada
Deram um bofete em Caifaz
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.
Desmancharam a procissão,
O cacete foi pesado.


São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado
Deram um cocorote
Na careca de Timóti
Que até hoje é aluado.
Inté mesmo São José,
Que não é de confusão
Na ânsia de defender
O filho de criação
Aproveitou a garapa
Pra dar um monte de tapa
Na cara do bom ladrão.


A briga só terminou
Quando o Doutor Delegado,
Interviu e separou:
Cada Santo pro seu lado!
E desde que o mundo se fez,
Foi essa a primeira vez
Que Cristo foi pro xadrez,
Mas não foi crucificado.

quinta-feira, 28 de março de 2013

COM A PALAVRA, O SR. CORRETOR...

Corretor do Enem desabafa: “Vejo meu trabalho ir por água abaixo”
Em entrevista, professor de redação conta bastidores e problemas da correção

LAURO NETO (EMAIL)

RIO - A correção da redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) não está provocando insatisfação e revolta apenas entre os candidatos. Em entrevista ao GLOBO, um professor de redação que foi corretor desta edição da prova conta os bastidores do processo gerenciado pelo consórcio Cespe/UnB e desabafa: “Estou vendo o trabalho que fiz durante todo o ano sendo jogado por água abaixo. É muito revoltante!”. Professor de colégios tradicionais do Rio de Janeiro e integrante de bancas de vestibulares consagrados, ele não pode ser identificado, pois assinou um contrato de sigilo. Leia a entrevista.

O GLOBO: Por que a correção da redação este ano está causando tanta polêmica?
O processo de correção já começou com um problema, pois os supervisores tiveram um aumento de trabalho e ganham fixo, enquanto o corretor ganha R$ 1,60 por redação corrigida. Houve um aumento do trabalho, pois a discrepância necessária para a terceira correção, que é feita pelos supervisores, caiu de 500 para 300 pontos. Isso aconteceu sem que o valor pago a cada supervisor fosse aumentado. Havia um certo mal estar na supervisão. Teve um supervisor que desistiu uma semana antes de começar o processo. Havia muito insatisfação. Parece que alguns supervisores fizeram o trabalho de má vontade por serem mal remunerados. Estou muito irritado porque estou vendo o trabalho que fiz durante todo o ano sendo jogado por água abaixo. É muito revoltante!

Mas não houve uma preocupação em melhorar a correção diante dos problemas do último Enem?
O Cespe aprimorou o sistema de avaliação da correção. O corretor é avaliado constantemente, principalmente no tempo em que cada redação fica aberta na tela do seu computador. Mas o corretor também erra, e a correção on-line dá brechas para burlar os filtros de qualidade.

Como é feita essa avaliação?
Cada corretor recebe diariamente uma nota da sua correção. Se não mantiver uma média 8, pode ser cortado do processo. Teve gente cortada durante o processo de correção. Mas não sabemos o que aconteceu com as redações que foram corrigidas por essas pessoas. Também houve pessoas que abandonaram a correção no meio, e as redações foram redirecionadas a outros corretores.

Como foi feita a distribuição das redações para os corretores?
Recebemos diariamente 100 redações pela internet. No nosso envelope virtual, existe uma redação corrigida por alguém da banca Cespe, que chamamos de redação de ouro. É uma maneira de o Cespe ficar atento aos corretores. Há outra redação no pacote que é corrigida por muitos corretores. Ela recebe uma nota média para verificar a qualidade e a coerência da banca. Mas não sabemos quais notas prevalecem.

Quanto tempo você demorava para corrigir uma redação?
Gastava de 2 minutos e meio a 3 minutos por redação, de 2 duas horas e meia 3 horas por dia para corrigir as redações. Se todo mundo seguisse o treinamento do Cespe, não haveria problemas. No Rio, os professores são muito experientes. Mas não sabemos como foi feito o treinamento nos confins do Brasil.

O que difere correção da redação do Enem de outros vestibulares?
O nível de exigência é menor do que se cobra normalmente nos colégios dos grandes centros urbanos. Fomos instruídos pelo Cespe a dar notas 900 ou 1.000 em redações que valiam 600. A nota zero sempre tem que ter vista por uma terceira pessoa, por um supervisor que é sempre ligado a uma universidade. Mas o Cespe se nega a conceder a revisão de fato. Isso demonstra que há uma vulnaberalidade no sistema, pois é um direito do candidato.

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quarta-feira, 27 de março de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

SALVE: O AMOR EM SOL MAIOR RAIOU!

Capa do livro.

Muitas coisas já foram ditas sobre poesia. Dos formalistas russos à Escola de Frankfurt, passando pelo estruturalismo e teóricos uspianos, aqueles que não são abençoados com o estro poético tentam, a todo instante, categorizar, armazenar, enquadrar, estereotipar a poiesis em páginas enfadonhas de teoria literária.
Outros, no entanto, privilegiados, têm a oportunidade – ou a bênção – de virem ao mundo com as mentes iluminadas e as mãos criativas, vigorosas. Sem se importarem com a crítica, com os padrões, com os modelos que vigoram no orbe, imaginam, labutam e criam, reluzindo páginas de boa literatura à mancheia.
E o que dizer de um livro que foi escrito de forma mediúnica? É possível? Para aqueles que são leigos, ou que acham que é coisa do Mefistófeles, isso é possível através da mediunidade psicográfica. O maior médium de psicografia planetário foi o brasileiro, eleito o maior de todos os tempos por uma rede de televisão, Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico Xavier (1910-2002).
E o mineirinho de Pedro Leopoldo publicou dessa forma 415 livros, de todos os gêneros e gostos. Embora sempre tivesse dito que era como um carteiro, que recebia a mensagem e passava adiante (nunca tendo recebido um real da venda dos mesmos, doando a instituições de caridade os direitos autorais!), notabilizou-se e angariou respeito até mesmo dos adversários da Doutrina Espírita, que ele professava.
Sim, mas por que esse introito todo? Ah, lembrei. Para falar do último lançamento lítero-mediúnico que ocorreu em nossa cidade. Um livro editado pela Editora do Conhecimento, magnífico, escrito única e particularmente com as penas do coração: Amor em Sol Maior! Poesia pura, lirismo consolador, delícia da alma redigida pelo espírito de Antônio de Deus, além de outros por este convidado, através do médium grapiúna Ary Quadros Teixeira.
São trovas belíssimas, livres, sem apegos a formalismos, mas com ritmo e cadência típico dos repentistas nordestinos. O livro nos traz lições como: “É o amor que liberta/Das algemas da dor/E ajuda em festa/A voltar ao Criador”, em Chuva de Luz, página 20. Além disso, mensagens, haikais e poemas em homenagem à Zumbi, à Revolução Francesa e a vários companheiros de jornada embelezam e humanizam ainda mais a obra.
Mas isso não é o mais importante. Vale ressaltar que toda renda do livro será revestida para a construção do Recanto de Potira, Núcleo de Promoção Social, no Bairro Nova Ferradas, em Itabuna, no entorno do lixão. O recanto, em fase de construção, terá atendimento médico, odontológico, fisioterápico e psicológico totalmente gratuitos para a população local. Ainda mais, continuarão a distribuição de enxovais e feiras por seis meses a gestantes carentes, como já vem acontecendo há anos.
É um trabalho digno e honesto, qual de formiguinhas incansáveis, porém que vale a pena a participação da sociedade.
Através da compra de um simples livro, todos estarão salvando vidas! Vidas destroçadas pelo establishment, relegadas à própria sorte, esquecidas pelo capitalismo predador, e que dependem somente da compaixão alheia.
* Gustavo Atallah Haun é professor, formado em Letras, UESC, e ministra aula em Itabuna e região. Escreve para jornais de Itabuna, Ilhéus e edita oblogderedacao.blogspot.com (g_a_haun@hotmail.com). É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.

PENSAMENTO DO DIA:


segunda-feira, 25 de março de 2013

AI, MEUS NEURÔNIOS...


Enem 2012: textos nota 1000 têm erros como ‘enchergar’ e ‘trousse’

Redações também apresentam graves desvios de concordância


LAURO NETO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
Publicado:17/03/13 - 23h00
Atualizado:18/03/13 - 8h20

RIO — “Rasoavel”, “enchergar”, “trousse”. Esses são alguns dos erros de grafia encontrados em redações que receberam nota 1.000 no Exame Nacional de Ensino Médio 2012 (Enem). Durante um mês, O GLOBO recebeu mais de 30 textos enviados por candidatos que atingiram a pontuação máxima, com a comprovação das notas pelo Ministério da Educação (MEC) e a confirmação pelas universidades federais em que os estudantes foram aprovados. Além desses absurdos na língua portuguesa, várias redações continham graves problemas de concordância verbal, acentuação e pontuação.
Apesar de seguirem a proposta do tema “A imigração para o Brasil no século XXI”, os textos não respeitavam a primeira das cinco competências avaliadas pelos corretores: “demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita”. Cada competência tem a pontuação máxima de 200 pontos.
Segundo o “Guia do participante: a redação no Enem 2012”, produzido pelo MEC, os 200 pontos na competência 1 são atingidos apenas se “o participante demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentando pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita. (...) Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal, excluem a redação da pontuação mais alta”.
O manual aponta, entre os desvios mais graves, erros de grafia, acentuação e pontuação. Na mesma redação em que figura a grafia “rasoavel”, palavras como “indivíduos”, “saúde”, “geográfica” e “necessário” aparecem sem acento. E ao menos dois períodos terminam sem o ponto final.
Em outro texto recebido pelo GLOBO, aparecem problemas de concordância verbal, como nos trechos “Essas providências, no entanto, não deve (sic) ser expulsão” e “os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é (sic)”. O mesmo candidato, equivocadamente, conjuga no plural o verbo haver no sentido de existir em duas ocasiões: “É fundamental que hajam (sic) debates” e “de modo que não hajam (sic) diferenças”.
Uma terceira redação nota 1.000 apresenta a grafia “enchergar”, além de problema de concordância nominal no trecho “o movimento migratório para o Brasil advém de necessidades básicas de alguns cidadãos, e, portanto, deve ser compreendida (sic)”. Em outro texto, além da palavra “trousse”, há ausência de acento circunflexo em “recebê-los” e uso impróprio da forma “porque” na pergunta “Porém, porque (sic) essa população escolheu o Brasil?”.
Pós-doutor em Linguística Aplicada e professor da UFRJ e da Uerj, Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto diz que essas redações não deveriam receber a pontuação máxima.
— A atribuição injusta do conceito máximo a quem não teve o mérito estimula a popularização do uso da língua portuguesa, impedindo nossos alunos de falar, ler e escrever reconhecendo suas variedades linguísticas. Além disso, provoca a formação de profissionais incapazes de se comunicar, em níveis profissional e pessoal, e de decodificar o próprio sistema da língua portuguesa — aponta Moraes Neto.
Claudio Cezar Henriques, professor titular de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da Uerj, reitera que, ao ingressar na universidade, esses alunos terão de se ajustar às normas da língua de prestígio acadêmico se quiserem se tornar profissionais capacitados. Ele observa que a banca corretora não usa o termo “erro”, mas “desvio”, algo que, segundo ele, é “eufemismo da moda”.
— A demagogia política anda de braço dado com a demagogia linguística. É preciso lembrar que as avaliações oficiais julgam os alunos, mas também julgam o sistema de ensino. Na vida real, redações como essas jamais tirariam nota máxima, pois contêm erros que a sociedade não aceita. Afinal, pareceres, relatórios, artigos científicos, livros e matérias de jornal que contiverem esses desvios/erros colocarão em risco o emprego de revisores, pesquisadores e jornalistas, não é? — ele indaga.
Logo que o MEC liberou a consulta ao espelho da redação, em fevereiro, o site do GLOBO publicou uma reportagem pedindo que estudantes enviassem redações com nota 1.000, junto com seus comprovantes. O objetivo era expor os bons exemplos no site. Porém, ao ler as redações, a equipe percebeu erros gritantes em várias dissertações. Foram enviadas ao MEC, então, quatro delas. Para não expor os alunos, os textos foram digitados, e as informações pessoais (nome, CPF e número de inscrição), omitidas. O GLOBO perguntou se os desvios não desrespeitavam os critérios estabelecidos pelo manual do MEC, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) alegou que não comenta redações: “por respeito aos participantes, a vista pedagógica é dada especificamente a quem prestou o exame”.
Segundo o Inep, “uma redação nota 1.000 deve ser sempre um excelente texto, mesmo que apresente alguns desvios em cada competência avaliada. A tolerância deve-se à consideração, e isto é relevante do ponto de vista pedagógico, de ser o participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em processo de letramento na transição para o nível superior”.
Sobre os critérios usados na correção da redação do Enem 2012, estabelecidos pela coordenação pedagógica do exame, a cargo de professores doutores em Linguística da Universidade de Brasília (UnB), o Inep informa que a análise do texto é feita como um todo. Segundo a nota, “um texto pode apresentar eventuais erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”.

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sábado, 23 de março de 2013

SOBRE O ENEM... POR WALTER TAKEMOTO


A imprensa tem divulgado os "problemas" encontrados nas redações do ENEM, como o aluno que escreveu a receita do miojo, outro que inseriu o hino do Palmeiras, e um que obteve a nota máxima e escreveu "trousse".
Alguns responsabilizam os avaliadores que corrigiram as redações e "não perceberam" os erros, outros fazem piadas com as mesmas, aliás uma certa "tradição" de alguns programas e apresentadores selecionarem "pérolas" de redações para fazerem graça e divertirem o público.
Ninguém que tem compromisso sério com a educação e a escola pública pode se divertir com algo tão sério. O fracasso escolar e a péssima formação dos alunos que saem do ensino médio oferecido pelas escolas públicas é uma das maiores demonstrações do sistema excludente que vigora em nossa sociedade, pois os adolescentes e jovens que estudam nessas escolas, todos pobres e grande parte negros, são considerados pelas elites e grande parte dos gestores apenas estatísticas e números, jamais como sujeitos de direitos e importantes para a sociedade. Portanto, qualquer ensino, ou arremedo de ensino, que lhes seja oferecido esta de bom tamanho.
É assim que para os alunos da escola pública um Alfa e Beto qualquer serve, pois para quem é da periferia saber ler e escrever algumas frases é o suficiente, pois ler, interpretar textos, se apropriar do conhecimento cientifico e cultural produzido pela humanidade esta reservado como direito sagrado aos filhos da elite!
Ou damos um basta, ou seremos coniventes com um crime que se comete contra a grande maioria das crianças, adolescentes e jovens do país.
Abaixo uma carta de avaliadores do ENEM que demonstra o que tem movido os gestores da educação brasileira:


Professoras manifestam-se EM CARTA sobre redação no Enem

Postado por Juremir em 19 de março de 2013

- Educação

Boa tarde. Somos professoras de Língua Portuguesa e participamos do processo de avaliação das Redações do Enem 2012 e gostaríamos de divulgar algumas informações acerca do processo que não estão sendo divulgadas.
Já está evidente a falta de seriedade que subjaz o Exame Nacional do Ensino Médio. Sem entrar nas questões mais profundas que dizem respeito às consequências a médio e longo prazo, as notas das redações do Enem 2012 evidenciam a falta de critérios objetivos e a falta de seriedade no processo de avaliação das mesmas, embora representantes do Cespe/Unb, Ministério da Educação e Inep tentem afirmar o contrário. Nós, que estivemos nos bastidores do processo de correção das redações do Enem sabemos por que as respostas dadas pelos órgãos responsáveis não satisfazem.
Com a novidade de dar acesso às correções, foi permitido que os próprios candidatos soubessem da aparente arbitrariedade que perpassa as notas finais atribuídas. As primeiras reclamações vieram daqueles que se sentiram prejudicados, em função das notas baixas e a consequente impossibilidade de ingressar na Universidade. No dia 18 de março, foram publicados os erros das redações cujos candidatos obtiveram nota máxima. Não seria isso suficiente para se comprovar a ineficácia do sistema de avaliação?
O que não se torna público é a forma como isso acontece. À primeira vista, há subentendida a incompetência dos avaliadores. A atribuição de nota máxima no quesito domínio da norma padrão da língua escrita a um candidato que escreve trousse leva-nos a duas possibilidades: os dois professores de Língua Portuguesa responsáveis pela avaliação desta redação não sabem a grafia correta da palavra ou foram orientados a fazer vistas grossas a alguns erros, a fim de facilitar a aprovação dos candidatos.
Um processo que inicia com a seleção de avaliadores, sem necessária comprovação de experiência na área, sem prova de conhecimentos e, principalmente, sem capacitação para a tarefa não pode ser sério. Os problemas ainda são maiores do que a seleção de avaliadores. Quando, numa suposta capacitação, ocorrida num domingo, os professores selecionados para trabalhar no processo são informados de que eles estão no processo para cumprir as normas da banca avaliadora e não para questionar as orientações e os critérios de avaliação, temos evidência da falta de respeito com os profissionais. Assim, somos orientados a deixar de lado os conhecimentos que temos e, mais ainda, a ignorar aquilo que ensinamos aos nossos alunos, quando os preparamos para a redação do Enem.
Outra novidade neste ano foi a avaliação dos avaliadores. Na teoria, os avaliadores deveriam receber um relatório com informações a respeito do desempenho nas avaliações. Muitos avaliadores não chegaram a ter conhecimento acerca dessa avaliação, como nós, por exemplo. Muitos tiveram seus sistemas bloqueados por terem tirado uma nota baixa, sem ao menos saber por quê. O bloqueio de avaliadores ocorreu com frequência e a comunicação com aqueles que deveriam ser responsáveis pelo bom andamento do processo foi um caos: informações desconexas, explicações infundadas, mentiras e delegação de responsabilidades.
Há avaliadores que ainda não receberam pelos serviços prestados; os pagamentos foram realizados em datas diferentes das informadas, fazendo com que os avaliadores tivessem que ir ao banco inúmeras vezes. Os avaliadores foram informados de que o pagamento seria realizado em conta corrente cadastrada, mas muitos receberam por ordem de pagamento, graças à tentativa de um avaliador que descobriu seu pagamento e avisou aos demais, caso contrário, o problema poderia ser ainda maior.
Agora circula nas redes sociais as piadas em relação aos avaliadores, o MEC não dá uma resposta satisfatória e coerente, porque não pode dizer a verdade: o objetivo é aprovar o maior número possível de candidatos. Quem fica exposto somos nós, os avaliadores, professores que são orientados a esquecer o conhecimento que têm sobre estrutura do texto dissertativo-argumentativo, construção de argumentos, manutenção temática e até as regras de ortografia, acentuação e concordância, sob pena de terem seus sistemas bloqueados e serem excluídos do processo. Sim, isso foi o que aconteceu com os avaliadores que corrigiram de acordo com as orientações, com aqueles que passaram por cima dos absurdos para fazer o seu trabalho com seriedade, responsabilidade, atribuindo notas justas aos textos.
Temos certeza de que a verdade será mantida em sigilo, porque todos sabemos que uma avaliação séria das redações acarretaria altos índices de reprovação e consequência exposição do fracasso da educação brasileira. Nós não podemos avaliar as redações, seguindo critérios justos, éticos e coerentes, porque teríamos que colaborar para a divulgação dos níveis de leitura e escrita em que se encontram nossos alunos da Educação Básica, justamente o que o governo quer mascarar.
Ao assinarmos termo de sigilo, quando contratadas, ficamos “mudas”. Há redações circulando nas redes sociais; há jornais publicando os absurdos do processo. Em função do termo de sigilo, corremos risco de sermos processadas, caso divulguemos as informações que recebemos ao longo do processo. Tem sido difícil assistir a todos os comentários sem podermos nos pronunciar.
Assim, esperamos que a voz dos avaliadores também possa aparecer e que a sociedade saiba do que ocorre por trás daquilo que é divulgado.

Atenciosamente,