Capa do livro. |
Muitas coisas
já foram ditas sobre poesia. Dos formalistas russos à Escola de Frankfurt,
passando pelo estruturalismo e teóricos uspianos, aqueles que não são
abençoados com o estro poético tentam, a todo instante, categorizar, armazenar,
enquadrar, estereotipar a poiesis em
páginas enfadonhas de teoria literária.
Outros, no
entanto, privilegiados, têm a oportunidade – ou a bênção – de virem ao mundo
com as mentes iluminadas e as mãos criativas, vigorosas. Sem se importarem com
a crítica, com os padrões, com os modelos que vigoram no orbe, imaginam,
labutam e criam, reluzindo páginas de boa literatura à mancheia.
E o que dizer
de um livro que foi escrito de forma mediúnica? É possível? Para aqueles que
são leigos, ou que acham que é coisa do Mefistófeles, isso é possível através
da mediunidade psicográfica. O maior médium de psicografia planetário foi o
brasileiro, eleito o maior de todos os tempos por uma rede de televisão,
Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico Xavier (1910-2002).
E o
mineirinho de Pedro Leopoldo publicou dessa forma 415 livros, de todos os
gêneros e gostos. Embora sempre tivesse dito que era como um carteiro, que
recebia a mensagem e passava adiante (nunca tendo recebido um real da venda dos
mesmos, doando a instituições de caridade os direitos autorais!), notabilizou-se
e angariou respeito até mesmo dos adversários da Doutrina Espírita, que ele
professava.
Sim, mas por
que esse introito todo? Ah, lembrei. Para falar do último lançamento lítero-mediúnico
que ocorreu em nossa cidade. Um livro editado pela Editora do Conhecimento,
magnífico, escrito única e particularmente com as penas do coração: Amor em Sol Maior! Poesia pura, lirismo
consolador, delícia da alma redigida pelo espírito de Antônio de Deus, além de
outros por este convidado, através do médium grapiúna Ary Quadros Teixeira.
São trovas
belíssimas, livres, sem apegos a formalismos, mas com ritmo e cadência típico dos
repentistas nordestinos. O livro nos traz lições como: “É o amor que liberta/Das algemas da dor/E ajuda em festa/A voltar ao
Criador”, em Chuva de Luz,
página 20. Além disso, mensagens, haikais e poemas em homenagem à Zumbi,
à Revolução Francesa e a vários companheiros de jornada embelezam e humanizam ainda
mais a obra.
Mas isso não
é o mais importante. Vale ressaltar que toda renda do livro será revestida para
a construção do Recanto de Potira,
Núcleo de Promoção Social, no Bairro Nova Ferradas, em Itabuna, no entorno
do lixão. O recanto, em fase de construção, terá atendimento médico,
odontológico, fisioterápico e psicológico totalmente gratuitos para a população
local. Ainda mais, continuarão a distribuição de enxovais e feiras por seis
meses a gestantes carentes, como já vem acontecendo há anos.
É um trabalho
digno e honesto, qual de formiguinhas incansáveis, porém que vale a pena a
participação da sociedade.
Através da
compra de um simples livro, todos estarão salvando vidas! Vidas destroçadas
pelo establishment, relegadas à
própria sorte, esquecidas pelo capitalismo predador, e que dependem somente da
compaixão alheia.
*
Gustavo Atallah Haun é professor,
formado em Letras, UESC, e ministra aula em Itabuna e região. Escreve para
jornais de Itabuna, Ilhéus e edita oblogderedacao.blogspot.com
(g_a_haun@hotmail.com). É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.
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